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Artigo: Parâmetros para a Definição do Primeiro Uso da Pastagem – Parte 01


Adilson de Paula Almeida Aguiar - Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

 

Dando continuidade à sequência de textos sobre “estabelecimento da pastagem” (veja as publicações os dias 02, 04, 14 e 26 de novembro de 2024), o objetivo deste texto é estabelecer os fundamentos para a definição do primeiro uso da área recém-estabelecida, seja por meio do pastejo ou pela colheita mecânica da forragem.

 

Recomendo que um integrante da equipe, previamente treinado para isso, visite a área recém-plantada pelo menos duas vezes por semana após o dia da semeadura ou do plantio das mudas. Ele deve registrar a data do plantio e anotar a data do início da emergência das plântulas após a germinação das sementes ou a brotação das mudas.

 

Saber as datas do plantio e da emergência das plântulas é fundamental para definir quando contar o estande de plântulas, quando controlar plantas daninhas, quando fazer uma adubação de cobertura, se necessário, e para prever a data do primeiro uso da área.


Por exemplo, o estande de plântulas se estabelecerá até 15 dias após o início da emergência das plântulas. Se aparecer sintoma visual de deficiência nutricional nas plantas, a janela ideal para adubação de cobertura, visando corrigir a deficiência, deve ser até 30 dias após o início da emergência das plântulas. Se a área for infestada por plantas daninhas, a janela ideal para seu controle é de até 40 dias após o início da emergência das plântulas.


Por outro lado, a data prevista para o primeiro uso da área deve considerar as alturas alvo de manejo do pastoreio de cada planta forrageira, e não o calendário humano, pois o tempo necessário para o alcance das alturas alvo dependerá de fatores de crescimento das plantas, tais como luz e radiação solar, temperatura, água e nutrientes. No entanto, é possível estabelecer uma meta: o primeiro pastejo deve ser realizado entre 40 a 50 dias após o início da emergência das plântulas.

 

No quadro abaixo, está um guia de manejo do pastoreio de lotação rotativa pelas alturas alvo em pastagens já estabelecidas e em pastagens recém-plantadas que serão pastejadas pela primeira vez.

 

Altura de entrada (cm)

Altura de saída (cm)

Forrageira

Pastagem já estabelecida

 Primeiro pastejo

Pastagem já estabelecida

 Primeiro pastejo

Andropogon

50

40

25

30

B. brizantha cv Marandu, MG4, Paiaguás, Piatã

25

20

12

15

B. brizantha cv Xaraés, MG5

30

25

15

20

B. humidicola

25

20

12

15

Cynodon Estrelas, Tiftons, Vaquero

25

20

12

15

Panicum cv Massai e Tamani

30

25

15

20

Panicum cv Tanzãnia, Zuri

70

55

35

45

Pennisetum capim Elefante

100

80

50

60

 

Observa-se no quadro acima que as alturas alvo de entrada dos animais para o primeiro pastejo devem ser 20% menores do que aquelas recomendadas para pastagens já estabelecidas, cuja estrutura do pasto já esteja definida. Isso ocorre porque o estande de plântulas ideal varia entre 15 a 50/m², dependendo do hábito de crescimento da variedade forrageira, mas o estande de plantas já estabelecidas não precisa ser maior que 5/m². Portanto, de 67 a 90% das plântulas emergidas desaparecerão sem comprometer a estrutura e a produção do pasto nem a sua vida útil.


Com 15 a 50 plântulas/m² logo no início do crescimento das plântulas, já se estabelece uma competição pela luz solar, condição que provoca a mudança precoce do estádio vegetativo para o reprodutivo, com elongamento das hastes e aumento da altura das plantas, aumentando o risco de perdas de forragem por tombamento. Por isso, o primeiro uso da pastagem por meio do pastejo deverá ocorrer quando a planta alcançar, no máximo, 80% da sua altura alvo para uma pastagem já estabelecida.

 

Por outro lado, as alturas alvo de saída dos animais do piquete após o primeiro pastejo devem ser 20% maiores que aquelas recomendadas para pastagens já estabelecidas. Isso ocorre porque, no primeiro crescimento da pastagem, apesar do grande número de plantas por área, o número de perfilhos por planta é menor do que nos crescimentos subsequentes. Como, após o primeiro pastejo, o número de plantas será de 10 a 33% do número de plântulas que emergiram após a germinação das sementes ou da brotação das mudas, e o número de perfilhos por planta será menor que nos crescimentos seguintes, é necessário deixar a planta mais alta para que fique com maior área foliar remanescente.


Não deixe de ler a segunda e última parte deste artigo na próxima semana.

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