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Estabelecimento da Pastagem nos Sistemas de Integração Lavoura/Pecuária (ILP)


Adilson de Paula Almeida Aguiar - Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

 

Nos últimos seis artigos que escrevi para prezado leitor, tratei do tema “estabelecimento da pastagem”, por sementes e por mudas e os procedimentos para a primeira colheita da forragem. O objetivo desse e do próximo artigo será o de tratar desse tema aplicado a sistemas de integração lavoura/pecuária (ILP).

 

Início de janeiro de 2025, estou escrevendo para aqueles produtores que adotam sistemas de ILP e para consultores/técnicos que orientam produtores que adotam esse sistema de produção. Em regiões de agricultura do país, daqui a um mês, fevereiro de 2025, vai iniciar a colheita principalmente na cultura da soja e se você adota um sistema de ILP este artigo será interessante.

 

No manejo de uma pastagem que será perenizada oriento seguir a seguinte sequência de procedimentos:

  • Escolher as espécies forrageiras que serão cultivadas na fazenda;

  • Estabelecer as pastagens com um estande uniforme de plantas;

  • Construir a infraestrutura das pastagens (retiros, piquetes, fonte de água, cochos, sombreamento);

  • Manejar o pastoreio;

  • Manejar e controlar insetos-pragas, doenças e plantas daninhas;

  • Corrigir e adubar o solo;

  • Irrigar o solo;

  • Suplementar o rebanho;

  • Fazer planejamento alimentar anual.

 

E para um sistema de ILP, o manejo de pastagens deve seguir aquela mesma sequência? Sim, com particularidades, mas os fundamentos são os mesmos.

 

Na escolha de espécies forrageiras para o estabelecimento de pastagens que serão perenizadas consideram-se as características:

  • Adaptabilidade às condições climáticas e de solos da região onde está a fazenda;

  • O comportamento das forrageiras frente a insetos-pragas e doenças;

  • A sua aceitabilidade pelas espécies animais que pastejarão as pastagens;

  • O método de plantio (por sementes ou por mudas);

  • As finalidades de uso;

  • O método de pastoreio que será adotado (continuo, alternado ou rotativo);

  • O nível tecnológico de exploração da pastagem (extensivo ou intensivo).

 

E para um sistema de ILP, quais características de plantas forrageiras deverão ser avaliadas? Antes de responder a esta pergunta comento que existem várias modalidades de ILP, mas neste artigo vou dar ênfase à modalidade que tem sido mais adotada, a sucessão de cultura, na qual cultura agrícola e pastagem são cultivadas na mesma área e no mesmo ano.

 

Além das características já citadas ainda são desejáveis alta produtividade de biomassa para uma cobertura de solo com palhada, capacidade de supressão de plantas daninhas, controle de fungos (por exemplo, mofo branco), controle de insetos pragas (por exemplo, percevejo-castanho, nematoides), e maior sensibilidade ao glifosato. Andropogon gayanus, Brachiaria brizantha cultivares Marandu, Paiaguás, Piatã e Xaraés, Brachiaria decumbens, Brachiaria ruziziensis, Brachiaria humidicola comum e cv Dyctioneura, Panicum sp cultivares Massai, Mombaça e Tanzânia, são forrageiras já avaliadas pela pesquisa na busca daquelas características desejáveis, mas a mais cultivada pelos produtores na ILP tem sido a B. ruziziensis.

 

Entretanto, a maioria das forrageiras avaliadas produzem mais massa de forragem, e consequentemente têm maior capacidade de suporte, que a pastagem de B. ruziziensis. Mas esta tem sido a mais aceita basicamente por duas razões: sementes mais baratas e menor dose de herbicida para dessecar a biomassa para a formação de palhada. Das forrageiras avaliadas, o pasto da B. brizantha cv Paiaguás é dessecado com a mesma dose de herbicida dessecante usada na dessecação da B. ruziziensis. De fato, os preços das sementes de outras forrageiras têm custado até duas vezes e a dose de herbicida dessecante tem sido até três vezes maior que para B. ruziziensis. Por outro lado, as outras forrageiras têm produzido entre 3 a 4 @/ha a mais que as pastagens de B. ruziziensis. Ou seja, tem potencial para pagar o maior custeio com sementes e herbicida dessecante e ainda deixar lucro.


Na próxima edição descreverei as bases para o estabelecimento da pastagem em sistemas de ILP – aguarde.

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