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Semeadura de Pastagens – Parte 02


Adilson de Paula Almeida Aguiar - Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação nas Faculdades REHAGRO, na FGI (Faculdade de Gestão e Inovação) e Fazu (Faculdades Associadas de Uberaba); Consultor Associado da CONSUPEC - Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

 

Dia 04 de novembro de 2024. Sugiro a leitura da Parte 01 dessa sequência de artigos sobre semeadura de pastagens. Estamos na etapa imediatamente após a semeadura. Aqui é frequente a dúvida: “após a semeadura as sementes devem ser enterradas ou podem ficar na superfície do solo?” O ideal é enterrar as sementes, pois se ficarem na superfície do solo os riscos de haver falhas na germinação e, portanto, no estande de plantas, são grandes. Isso porque as sementes podem ser levadas pelo vento (são muito leves), por águas das chuvas, por insetos (principalmente formigas), por pássaros, podem se desidratar pela exposição ao sol (um solo preparado e, portanto, exposto, em um dia de primavera ou verão, com alta radiação solar, pode alcançar temperaturas acima de 50 graus nas horas mais quentes do dia).

 

O enterro das sementes tem sido realizado por compactação, com rolos compactadores, ou com o rodado do trator (menores áreas) e por enterro, com grade leve ou niveladora totalmente fechada. Estes dois métodos de proteção das sementes são adotados quando a semeadura é feita a lanço em áreas mecanizáveis. Quando se usam plantadoras de grãos, estas têm mecanismos de abertura da linha, deposição das sementes na linha, seu cobrimento e compactação. Mas se a semeadura for feita a lanço e as sementes não forem protegidas por compactação ou enterro, por exemplo, em áreas não mecanizáveis, mais uma vez, a taxa de semeadura deve ser aumentada em pelo menos duas a três vezes.

 

Para definir a profundidade de semeadura deve ser considerado o tamanho das sementes. Para sementes pequenas e mais leves, tais como as das forrageiras dos gêneros Andropogon, Cenchrus (capim Buffel), Cynodon (capins Tierra Verde e Vaquero), Panicum, Pennisetum (capim Elefante), Setaria, tem sido recomendado compactá-las com rolo compactador ou com o rodado do trator, compactando-as até 2 cm de profundidade. Já para sementes grandes e mais pesadas, tais como as das forrageiras do gênero Brachiaria, tem sido recomendado seu enterro com grade niveladora totalmente fechada, enterrando-as até 6 a 8 cm de profundidade. Entretanto, nos plantios no cedo (no pó ou na poeira) e nos plantios no tarde; em regiões semiáridas; em solos arenosos, é prudente independentemente do tamanho e do peso das sementes enterrá-las com grade niveladora totalmente fechada. Nestas condições mesmo que a superfície do solo seque ainda haverá umidade em maiores profundidades e por mais tempo aumentando a probabilidade de sucesso da germinação das sementes.

 

Em muitas situações o solo foi excessivamente preparado com arados, grades, e ficou muito pulverizado (fofo). Nesta condição é prudente compactá-lo antes de semear para garantir uma profundidade de semeadura mais homogênea, evitando que sementes fiquem muito profundas encobertas pelo solo (assoreadas), evitando também erosões provocadas por chuvas fortes que arrastarão o solo já que este estará muito pulverizado, e junto serão levados sementes e adubos.

 

Mas o melhor mesmo é compactar o solo antes da semeadura, semear, enterrar as sementes com grade seguido de sua compactação porque permite uma melhor distribuição das sementes em diferentes camadas de profundidade no perfil do solo, evita o assoreamento das sementes, colocando-as muito profundas no perfil do solo ou deixando-as expostas na superfície.

 

Em relação ao estande desejado de plântulas após a germinação das sementes as metas são de 15 a 20 plântulas/m² para forrageiras de hábito de crescimento subprostrado e prostrado, como os gêneros Brachiaria e Cynodon, e entre 40 e 50 plântulas/m² para forrageiras de hábito de crescimento ereto, tais como as dos gêneros Andropogon, Cenchrus, Pennisetum, e Setaria.

 

Em 33 anos de trabalho como consultor, presenciei várias vezes o pecuarista economizando na compra de sementes, tanto em qualidade quanto em quantidade. Entretanto, o investimento em sementes certificadas de alto padrão, plantadas nas taxas de semeadura adequadas, representa entre 4,6% e 14,3% do investimento no estabelecimento da pastagem.


Se a área for explorada para a produção de volumosos suplementares (fenos, silagens, pré-secados) esta será a proporção do valor investido em sementes no valor total do investimento na área já estabelecida. Mas se for uma área que será explorada sob pastejo será preciso construir a infraestrutura da pastagem (cercas, cochos, bebedouro) e aí o investimento na compra de sementes representará entre 1,8 a 6,3% do investimento total. E ao depreciar o investimento no estabelecimento da pastagem, o valor da compra de sementes irá representar entre 1,96 a 6,77% do custo fixo, se a área for explorada para a produção de volumosos suplementares e entre 1,1 a 3,92% do custo fixo se for explorada sob pastejo. Ou seja, não há justificativa técnica ou econômica para economizar na compra de sementes.




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