Suplementação Animal em Pasto – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dando sequência à série de artigos que comecei a escrever na semana passada, no dia 03 de junho de 2025, associando o manejo de pastagens com a suplementação animal, ainda escrevendo sobre resultados da estação da seca, este segundo artigo traz dados e conclusões de outro experimento conduzido em bioma Cerrados entre os meses de junho e setembro. Objetivou-se neste experimento avaliar os efeitos da suplementação com suplemento mineral/proteico/energético comparado com apenas a suplementação mineral e da frequência de fornecimento dos suplementos sobre o desempenho animal e os custos de fornecimento. O trabalho foi conduzido em uma área de 8 hectares (ha) dividida em quatro módulos de pastoreio, de 2 ha cada, divididos em 6 piquetes por módulo. Em dois módulos estava estabelecido o Panicum maximum cv. Mombaça e em outros dois o Panicum maximum cv. Tanzânia. As pastagens destas forrageiras foram diferidas por 74 dias antes da entrada dos animais. O método de pastoreio utilizado foi o de lotação rotativa, com ciclo de pastoreio de 42 dias, com 35 dias de descanso e 7 dias de ocupação. Durante o experimento foram avaliados 21 bovinos da raça Nelore, machos inteiros, com idade e peso inicial de 12 meses e 232 kg, respectivamente. com taxa de lotação de 2,62 cabeças/ha (21 animais/8 ha) e 1.35 UA/ha. Houve um período de adaptação de duas semanas antes do início da coleta dos dados. Os tratamentos consistiram nas seguintes frequências de fornecimento: diariamente (T-7), em cincos dias da semana, de segunda a sexta-feira (T-5), em três vezes por semana, segunda, quarta e sexta-feira (T-3) e o tratamento controle com o fornecimento suplemento mineral à vontade (T-C). Os animais dos tratamentos T-7, T-5 e T-3 receberam um suplemento mineral/proteico/energético com consumo predito de 0,25 % do peso corporal (PC). Nos níveis de garantia este suplemento continha 35% de proteina bruta, 22,5% de NNP-equivalente proteico, 55% de nutrientes digestíveis totais calculados (NDT), minerais, 1.5 x 1010 de leveduras, e 200 mg de montesina. Durante o experimento foram feitas três pesagens, no início, no meio e no final do experimento. Antes de cada pesagem os animais foram submetidos a períodos de jejum de sólidos por 14 horas. Foram realizadas mensurações de crescimento e produção de forragem, utilizando a técnica da dupla amostragem: direta, por meio do corte e pesagem da massa de forragem; e indireta, por meio da medida da altura do pasto. Foram coletadas duas amostras para análises bromatológicas da forragem em cada tratamento, no início e no final do experimento. A oferta de forragem planejada foi de 5% do PC dos animais. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, sendo os dados submetidos à análise estatística pelo software SISVAR, versão 5.1, e as médias comparadas teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Durante o período experimental não houve diferença significativa (P > 0,05) para os parâmetros relacionados à disponibilidade de forragem entre os tratamentos (Tabela 1). Tabela 1 – Parâmetros avaliados das forrageiras. Variáveis                                                                  Tratamentos   Média CV% T-7 T-5 T-3 T-C Altura pré (cm) 57,9ª 59,8a 56,6ª 57,5ª 58,0 14,10 Altura pós (cm) 37,8ª 43,7a 37,0a 41,1ª 39,9 13,86 MF pré (kg MS/ha) 5.264ª 6.205a 4.981ª 5.321ª 5.443 19,81 MF pós (kg MS/ha) 3.736ª 4.559a 4.139ª 4.753ª 4.997 16,87 Medias seguidas por letras diferentes nas linhas diferiram entre si estatisticamente pelo Teste de Turkey a 5% de significância. CV = coeficiente de variação; T-7 = suplementação diária; T-5 = suplementação de segunda a sexta-feira; T-3 = suplementação segunda, quarta e sexta-feira; T-C = controle. Altura pré pastejo; altura pós pastejo; Massa de forragem pré-pastejo; Massa de forragem pós-pastejo. Fonte: MONTES, 2017. A Tabela 2 traz as médias das análises bromatológicas das amostras de forragem coletadas em cada tratamento. Tabela 2 – Composição química média das forragens.   Tratamentos  Médias   T-7 T-5 T-3 T-C PB (%) 9,6 8,3 7,8 10,2 9,0 NDT (%) 62,6 61,3 59,9 55,1 59,7 Ca (%) 1,14 0,99 0,91 0,93 1,0 P (%) 0,12 0,12 0,13 0,11 0,12 FDN (%) 69,3 71,0 73,0 68,7 70,5 FDA (%) 40,3 40,7 42,0 35,0 39,5 Legenda: PB: proteína bruta; NDT: nutrientes digestíveis totais; Ca: cálcio; P: fósforo; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; T-7 = suplementação diária; T-5 = suplementação segunda a sexta-feira; T-3 = suplementação segunda, quarta e sexta-feira; T-C = controle. Fonte: MONTES, 2017. Os consumos reais dos suplementos múltiplos e mineral foram abaixo do consumo predito nos tratamentos T-7, T-5 e T-3 e T-C nos dois ajustes de consumo (Tabela 3). Tabela 3 – Consumo real e predito de suplemento mineral e múltiplo pelos animais de acordo com manejo de suplementação. Tratamento Consumo real (kg/dia) Média Consumo predito (kg/dia) Média   1¹ 2² Média % PC 1¹ 2² Média % PC T-7 0,38 0,64 0,51 0,21 0,46 0,78 0,62 0,25 T-5 0,29 0,53 0,41 0,16 0,46 0,78 0,63 0,25 T-3 0,39 0,73 0,56 0,22 0,46 0,80 0,63 0,25 T-C 0,036 0,03 0,03 – 0,038 0,041 0,04 – ¹ajuste n Fonte: MONTES, 2017. Não houve diferença significativa (P > 0,05) para o parâmetro peso corporal inicial, enquanto para o parâmetro ganho médio diário houve diferença entre o controle, com animais suplementados apenas com suplemento mineral, e os tratamentos, com animais suplementados com suplemento mineral/proteico/energético, que alcançaram os maiores ganhos. Entretanto não houve diferença significativa de ganho animal entre as diferentes frequências de fornecimento do suplemento mineral/proteico/energético (Tabela 4). Tabela 4 – Indicadores técnicos de produtividade dos tratamentos                   avaliados. Indicador Unidades T-7 T-5 T-3 T-C Média CV% PCI kg 230,8ª 233,8a 230,2a 234,0a 232,2 9,45 PCF kg 284,4 290,2 285,0 261,8 280,4 – GMD kg/dia 0,840ª 0,881a 0,916a 0,434b 0,770 26,50 Medias seguidas por letras diferentes na linha diferiram entre si estatisticamente pelo Teste de Tukey a 5% de significância. CV = coeficiente de variação; T-7 = suplementação