Produção de Carne em Pastagens Irrigadas – Parte 7

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite. Hoje, dia 04 de novembro de 2025, já são 43 dias do início da estação de primavera, dia 16 de setembro último caiu a primeira chuva da estação chuvosa 2025/2026 em Uberaba, de onde estou escrevendo esse texto. Entretanto, as chuvas vieram irregulares, com baixas precipitações, e as condições impostas pela seca na maioria das regiões de pecuária do Brasil ainda persistem, de fato agora será o período mais crítico do ano, o de transição seca/chuvas. Uma das estratégias para minimizar ou até superar essas condições é a irrigação do solo de pastagens. Na parte 01 dessa sequência de textos sobre o tema em questão citei os objetivos da irrigação de solos de pastagens e como recomendo o início de um projeto para a adoção dessa tecnologia. Dando sequência, na parte 02 descrevi os critérios para a escolha de espécies forrageiras para o estabelecimento da pastagem em sistemas irrigados e uma sequência de procedimentos para o plantio de uma pastagem. Na parte 03 descrevi as bases para a continuidade da implantação e da condução de sistemas de pastagens irrigadas para a produção animal com base nas principais dúvidas que têm sido manifestadas nos últimos 26 anos por aqueles que têm interesse nesta tecnologia. Na parte 04 expliquei porque gerir a produção de forragem produzida na pastagem e a importância de se elaborar um planejamento alimentar mesmo em uma pastagem irrigada e quais têm sido as alternativas para tamponar as deficiências de forragem em função da estacionalidade de produção da pastagem. Na parte 05 citei e descrevi o manejo de correção e adubação do solo e os manejos e controles de insetos pragas e plantas daninhas em sistemas de pastagens irrigadas. E na sexta parte citei e descrevi ganhos diferenciais trazidos pela adoção da tecnologia de irrigação de solos de pastagens. Por fim, a sétima e ultima parte dessa sequência de textos sobre o tema finalizarei apresentando indicadores de produtividade de pastagens irrigadas. Na Tabela 1 estão compilados resultados de desempenho animal em pastagens irrigadas em cinco sistemas de produção sendo sete pivôs centrais e um sistema de aspersão em malha. Tabela 1 – Ganho médio diário (GMD) de bovinos de corte em pastagens irrigadas suplementados com diferentes tipos de suplementos. Estado Sexo/GS Tipo/nível e suplemento GMD (kg/dia) GO MI, Z, C CE e 0,5% 0,83 a 1,01 MG F, MI, Z CE e 0,4% 0,96 a 0,99 MG MI, Z CE e 1,0% 1,11 MG MI, Z MM e 0,02% 0.78 MS F e MI, Z, C MM e 0.02% 0,59 a 0,63 Legenda: sexo: MI: macho inteiro, F: fêmea; GS: grau de sangue dos animais: Z: zebuíno, C: cruzamentos; Tipo de suplemento: CE: concentrado energético (milho + mistura mineral + sal comum + aditivos), MM: mistura mineral; nível de suplementação: em % do peso corporal dos animais. Observa-se que a suplementação em níveis de 0,4 a 0,5% do peso corporal aumentou o GMD em 0,05 a 0,42 kg/cabeça/dia, enquanto no nível de 1% os aumentos variaram entre 0,33 a 0,52 kg/cabeça/dia em relação às suplementações com mistura mineral. Na Tabela 2 estão compilados resultados com os parâmetros taxa de lotação em unidades animais e a produtividade em arrobas por hectare ano dos mesmos sistemas de produção cujos resultados de ganho individual por animal foram apresentados no Tabela 1. Tabela 2 – Taxas de lotação e produtividades de carne bovina alcançadas em pastagens irrigadas. Estado UA/ha @/ha/ano GO 6,9 (5,7 a 8,5) 73 (54 a 94) MG 10,2 144 (120 a 170) MG 6,8 115 MG 8,9 (7,4 a 9,8) 98 (93 a 102) MS 6,6 (6,4 a 7,7) 64 (55 a 85) Legenda: UA/ha: unidades animais por hectare; @/ha/ano: arrobas por hectare por ano. Estes resultados apresentados poderão ser usados pelos técnicos e pecuaristas para a elaboração de avaliações de viabilidade técnica e econômica para a tomada de decisão da adoção da tecnologia de irrigação de pastagens para a produção de carne bovina.