Estabelecimento da Pastagem por Meio de Mudas – Parte 02

Na Parte 01 dessa sequência de artigos sobre o tema em questão (veja nesse site publicação de 08/12/2025), citei as razões que justificam o estabelecimento de pastagens com plantas forrageiras que só se reproduzem por via vegetativa, ou seja, por meio de mudas, mesmo sendo um método de estabelecimento mais demorado, mais trabalhoso e mais caro. A sequência de procedimentos que apresentei para o plantio de pastagens por meio de sementes deve ser seguida para o plantio de pastagens por meio de mudas. A saber: escolha da área, medida e mapeamento da área, coleta de solo para análise, interpretação das análises de solos e recomendações de correção e adubação, estudo das condições do ambiente para a escolha das espécies forrageiras, planejamento, execução com a limpeza do terreno, correção e preparo do solo. As diferenças começam na etapa da compra das sementes, quando então o produtor deverá se preocupar com a aquisição de mudas. Estas podem ser compradas de produtores especializados na produção de mudas, ou são ganhadas de produtores vizinhos e de produtores amigos. Aqui é preciso ter muito cuidado porque existe muita confusão em relação à identificação das espécies e mais ainda de variedades e de cultivares dentro das espécies. Isso porque o produtor não sabe como identificar e diferenciar as plantas por meio de suas características botânicas. Por exemplo, tem sido um problema os erros na identificação de espécies e cultivares de forrageiras do gênero Cynodon sp, tem muitas misturas em viveiros onde as mudas são colhidas. Este tipo de problema pode ser evitado com a compra de mudas de produtores especializados ou quando o produtor ganhar as mudas um técnico deverá ir até a área para identificar e diferenciar as forrageiras. A área de onde as mudas será colhida (canteiro ou viveiro de mudas) é fundamental seguir a seguinte sequência de procedimentos: colocar animais para pastejarem na área; após a retirada dos animais da área roçar o resíduo pós-pastejo; na rebrota se houver a presença de plantas daninhas e de insetos pragas fazer seu controle; adubar de acordo com o resultado de análise de solo para aumentar o volume e a qualidade das mudas que serão colhidas. As mudas podem ser cortadas com equipamentos manuais (enxada, enxadão, segadora), roçadora costal ou segadora mecanizada. A colheita de mudas de Amendoim forrageiro deve preferencialmente ser com enxada manual para colher mudas de melhor qualidade e com maior viabilidade de brotação. É preciso planejar a data limite para a execução destes procedimentos para que as mudas tenham uma idade entre três e seis meses de rebrota para estarem maduras e com gemas desenvolvidas. Mudas muito tenras podem morrer por apodrecimento ou por desidratação se logo após o seu plantio ficar muitos dias chuvosos e com muita nebulosidade ou muitos dias seguidos de estiagem, respectivamente. Os métodos de plantio por meio de mudas são variados como pode ser observado no quadro abaixo. Método de plantio Forrageira Na cova A lanço sobre um solo gradeado No sulco manual No sulco mecanizado em um solo gradeado No sulco mecanizado em plantio direto Arachis sp X X X X X Brachiaria sp X X X X X Cynodon sp X X X X X Digitaria sp X X X X X Echinochloa X X X X X Pennisetum X X X A quantidade de mudas demandada varia de acordo com o método de plantio, como observa-se no quadro abaixo. Método de plantio Rendimento de trabalho Espaçamento (m) Demanda de mudas (t/ha) Rendimento de 1 ha de viveiro por colheita (ha) Na cova 15 a 20 diárias/ha 0,25 x 1,0 3,0 a 4,0 10 Em sulcos 11 a 16 diárias/ha 0,25 x 1,0 2,0 a 2,5 15 A lanço 6 a 11 diárias/ha 4,0 a 5,0 7 Mecanizado 3 a 4 ha/dia 0,25 x 1,0 2,0 a 2,5 15 No caso da adubação de plantio o adubo é depositado dentro da cova ou do sulco antes da deposição das mudas, e no plantio a lanço o adubo de plantio é aplicado a lanço antes de espalhar as mudas sobre o terreno. Como as sementes, as mudas devem ser cobertas por terra para evitar que fiquem expostas à radiação solar e se desidratem podendo até morrer, se houver estiagem prolongada. Quando o plantio é feito com mudas com reservas e gemas maduras, e sendo enterradas, podem tolerar entre duas a três semanas de estiagem sem perder significativamente sua viabilidade. O enterro das mudas e a compactação do solo também possibilita maior superfície de contato muda/solo acelerando e uniformizando a brotação das mudas. No caso do plantio de capim-tifton 85 existem vários ingredientes de herbicidas que podem ser aplicados em pré-plantio e em pré-emergência. No caso do plantio de cultivares de capim-elefante tem alternativas para pré-emergência. O sucesso do estabelecimento de pastagens por meio de mudas é mais dependente da regularidade das chuvas e da umidade do solo do que o estabelecimento por meio de sementes. Assim, é prudente esperar um acúmulo de pelo menos 100 mm de chuvas e só plantar quando o solo estiver úmido e houver previsão segura de chuvas para os próximos dias. Em condições de temperatura e umidade adequadas a brotação das mudas tem início entre sete e 10 dias após o plantio. É preciso anotar a data deste evento para em três a quatro semanas fazer uma adubação de cobertura, geralmente com nitrogênio e potássio, e em até seis semanas controlar plantas daninhas. Anotar a data da adubação de cobertura. Mais duas a três semanas após a adubação de cobertura recomenda-se um primeiro pastejo ou uma primeira colheita mecânica (ensilagem ou fenação ou pré-secagem). Mas um parâmetro mais consistente que dias é a altura alvo para cada forrageira. A desfolha neste estádio é fundamental para estimular o perfilhamento e o enraizamento das plantas, aumentar a área foliar e a densidade da massa de forragem e a cobertura rápida do terreno etc.
Professor Adilson Aguiar realiza nova consultoria técnica na Fazenda Palma, em Luziânia (GO)

O professor Adilson Aguiar esteve nos dias 25 e 26 de novembro de 2025 na Fazenda Palma, localizada no município de Luziânia, Estado de Goiás, dando sequência ao programa de consultoria técnica desenvolvido junto à propriedade. A Fazenda Palma atua de forma integrada nas áreas de agricultura e pecuária. Na agricultura, desenvolve cultivos de soja, milho grão e milho para silagem, tanto em sistema irrigado por pivôs centrais quanto em sistema de sequeiro, além da produção de forrageiras para silagem, pastejo e formação de palhada. Na pecuária, a fazenda mantém atividades de cria e recria de bovinos de corte e uma consolidada atividade leiteira, iniciada em 1964, com foco nas raças Gir Leiteiro, Girolando e Holandês. Segundo o professor Adilson Aguiar, a fazenda encerrou 2024 com uma produção média diária de 29.000 litros de leite. Parte desse volume é processada no laticínio instalado dentro da própria fazenda, onde são produzidos coalhada, creme de leite, manteigas com e sem sal, doce de leite e queijos dos tipos cottage, prato, frescal, minas padrão e ricota fresca. O restante da produção é comercializado como leite fluido para indústrias de laticínios. Em 2023, o queijo tipo cottage produzido na fazenda conquistou medalha de prata na Expo Queijo Brasil, realizada em Araxá (MG), reforçando a qualidade dos produtos elaborados no sistema interno de industrialização. “Do volume total diário produzido, aproximadamente 35% do leite é oriundo de um sistema de produção em pasto, implantado em 46 hectares de capim-tifton 85 irrigados por pivô central. Em 2024, esse sistema apresentou produção média de 10.061 litros/dia, com produtividade média de 21,8 litros/vaca/dia. Durante a visita técnica realizada entre 25 e 26/11/2025, a produção média diária foi de 11.632 litros, com produtividade média de 25,1 litros/vaca/dia”, destaca o professor. Ainda em 2024, 461 vacas em lactação pastejaram, em média, nos 46 hectares do pivô 01, com taxa de lotação média de 10 cabeças/ha e 13 UA/ha sem considerar o efeito substitutivo da suplementação, e 10,3 UA/ha considerando esse efeito. As vacas foram suplementadas apenas com concentrados nas estações de primavera e verão e com concentrados e silagens no outono e inverno. As produtividades médias do sistema alcançaram 79.830 litros/ha/ano, considerando apenas a área de pastagem, e 47.080 litros/ha/ano quando considerada a área total do sistema (46 ha de pastagem + 32 ha destinados à produção de silagem de milho). Os 65% restantes do volume diário de leite produzido em 2024, equivalentes a 18.792 litros, foram provenientes de um sistema de confinamento do tipo free-stall, composto principalmente por vacas da raça Holandesa. Esse sistema contou com um rebanho médio de 580 vacas em lactação, com produção média de 32,4 litros/vaca/dia. Em outubro de 2025, a produção média diária do free-stall foi de 16.127 litros, com produtividade média de 31,4 litros/vaca/dia, além de uma pequena contribuição de vacas da raça Gir Leiteiro. Durante a consultoria, o professor Adilson Aguiar atua na orientação técnica da escolha de espécies forrageiras, no estabelecimento e manejo de pastagens, na adequação da infraestrutura, no manejo do pastejo, no controle de doenças, insetos-praga e plantas daninhas, além da correção e adubação dos solos, produção de volumosos suplementares e planejamento alimentar do rebanho. A gestão de indicadores técnicos e econômicos da fazenda é realizada com a consultoria de integrantes da equipe da Rehagro, em integração com as recomendações técnicas do professor. O professor Adilson Aguiar já havia prestado consultoria à Fazenda Palma até 2012. O retorno ocorreu em 25 e 26 de outubro de 2022, quando foi realizado o inventário das pastagens (primeira etapa do programa de consultoria) e o diagnóstico da situação e do potencial das pastagens dos sistemas irrigados e de sequeiro, além das áreas de produção de forragem suplementar. A partir de 23 e 24 de fevereiro de 2023, teve início a terceira etapa do programa, conduzida por meio da Consupec Consultoria e Planejamento Pecuário, que contempla o acompanhamento contínuo do projeto, com quatro visitas técnicas anuais, uma em cada estação do ano. A atuação do professor reforça o foco da Fazenda Palma em eficiência produtiva, sustentabilidade dos sistemas e tomada de decisão baseada em indicadores técnicos sólidos, consolidando a propriedade como referência em produção leiteira integrada no Centro-Oeste brasileiro.