Parâmetros para a Escolha de Espécies Forrageiras para o Estabelecimento de Pastagens – Parte 03

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

Continuando a série de artigos sobre o tema que intitula esse texto, hoje, dia 08 de agosto de 2025, já no segundo semestre do ano, dois a três meses para o início do período de chuvas na maior parte do território brasileiro, onde as chuvas caem nas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março). 

Nas duas edições anteriores citei e descrevi os parâmetros “exigências climáticas e em solos”,“comportamento frente a insetos pragas e doenças”, “aceitabilidade pelos animais”, “distúrbios metabólicos causados aos animais”, “formas de plantio”, “formas de uso”.

Mas essa lista não está incompleta? E os parâmetros “potencial de produção de forragem” e “qualidade de forragem”? Não são importantes? Sim, são fundamentais e porque: opotencial estabelece a capacidade de suporte e consequentemente a taxa de lotação da pastagem, enquanto a qualidade estabelece o nível de desempenho individual, e portanto, ambos parâmetros determinam a produtividade da pastagem (@ ou kg ou litros/ha/ano). Então por que não fazem parte dessa sua lista? Respondendo: “potencial de produção de forragem” e “qualidade de forragem” são parâmetros quase que totalmente definidos pelo ambiente (leia aqui, “manejo da pastagem”) e não pelo genótipo (herança genética), ou seja, as diferenças de potencial de produção e de qualidade de forragem entre e dentre espécies/cultivares forrageiros são pouco significativos desde que estejam adaptadas as condições de clima e solo da região e sob condições de correto manejo da pastagem. 

Como eu sei que para a maioria das pessoas envolvidas na atividade é difícil aceitar que não há diferenças significativas de potencial de produção e de qualidade de forragem, o objetivo agora nessa sequência de textos será aprofundar nesses temas.

Sempre foi dada ênfase àqueles parâmetros por parte de pecuaristas e técnicos porquê de fato a qualidade da forragem irá determinar o desempenho individual (kg de ganho por cabeça por dia, produção de leite por cabeça por dia, produção de lã por cabeça por dia), enquanto a produtividade de forragem e, consequentemente a capacidade de suporte (CS) da pastagem irão determinar a taxa de lotação (TL). Assim a associação de maior desempenho individual com maiores TL refletirá a produtividade da pastagem. 

As empresas que produzem e comercializam sementes e mudas de forrageiras, conhecendo como o pecuarista e muitos técnicos pensam, dão ênfase aqueles parâmetros em seus materiais de propaganda, até mesmo pesquisadores de empresas públicas de pesquisas os exaltam no lançamento de novos cultivares. 

Acredita-se que aqueles parâmetros sejam determinados pelo Genótipo que é “a soma de todos os genes de um indivíduo – o seu potencial ou mérito genético, da qual seus descendentes receberão uma amostra aleatória.” Qualquer característica manifestada é denominada em melhoramento genético por Fenótipo, que é “a aparência ou a capacidade produtiva de um indivíduo. É a expressão visível ou mensurável das várias características que constituem um indivíduo.” Uma característica, pode ser classificada como qualitativa, por exemplo, as características botânicas, ou como quantitativas, por exemplo, as características produtivas da forrageira, estas últimas as que nos interessam neste artigo. 

Independente da característica em questão ela é a expressão da herança genética transmitida pelos antepassados do indivíduo (o Genótipo) em um determinado ambiente, e da interação genótipo específico/ambiente especifico. O peso do Genótipo na expressão do Fenótipo tem sido quantificado pelo parâmetro Herdabilidade da característica, que é “um termo usado para descrever a força da herança na determinação das diferenças entre indivíduos em uma característica determinada”. A Herdabilidade indica o grau em que o Fenótipo é um indicador de Genótipo e é classificada em Baixa (abaixo de 0,25 ou 25%), Média (entre 0,25 e 0,5 ou 25 a 50%) e Alta (acima de 0,5 ou de 50%). Pois bem, qual é a Herdabilidade para as características que determinam qualidade e produtividade de forragem? É baixa! Ou seja, as diferenças de qualidade e produtividade de forragem entre diferentes espécies forrageiras e para uma mesma espécie são mais devidas ao meio ambiente (leia aqui, manejo) do que ao Genótipo. 

Mas não existem mesmo diferenças entre forrageiras para aqueles parâmetros? Os novos cultivares não são superiores aos tradicionais?Aguarde o artigo que escreverei na próxima semana.

 

Receba os Conteúdos do Professor Adilson Aguiar