Produção de Carne em Pastagens Irrigadas – Parte 5

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda; Investidor nas atividades de pecuária de corte e de leite.

Hoje, 16 de outubro de 2025, já se passaram 24 dias desde o início da primavera. No dia 16 de setembro, caiu a primeira chuva da estação chuvosa 2025/2026 em Uberaba, cidade de onde escrevo este texto.
Entretanto, as condições impostas pela seca na maioria das regiões pecuárias do Brasil ainda persistem. Na verdade, agora se inicia o período mais crítico do ano — a transição entre a seca e as chuvas.

Uma das estratégias para minimizar ou até superar essas condições é a irrigação do solo de pastagens.
Na parte 01 desta sequência de textos, abordei os objetivos da irrigação de pastagens e como recomendo o início de um projeto para adoção dessa tecnologia.
Na parte 02, descrevi os critérios para escolha das espécies forrageiras mais adequadas aos sistemas irrigados e apresentei uma sequência de procedimentos para o plantio da pastagem.
Na parte 03, tratei das etapas de implantação e condução de sistemas irrigados voltados à produção animal, com base nas principais dúvidas que venho recebendo nos últimos 26 anos de trabalho com essa tecnologia.
Por fim, na parte 04, expliquei a importância do planejamento alimentar mesmo em pastagens irrigadas e as alternativas para compensar deficiências de forragem em função da estacionalidade produtiva.

Como deve ser feita a correção e adubação de solos de uma pastagem irrigada?
As etapas de um programa de manejo da fertilidade do solo em uma pastagem irrigada devem seguir os mesmos princípios adotados em sistemas de sequeiro.
As diferenças estão na possibilidade de adubar o ano inteiro, nas doses mais elevadas de fertilizantes — devido ao maior potencial produtivo proporcionado pela irrigação — e na maior eficiência de uso dos nutrientes, já que a irrigação permite controle da umidade do solo, potencializando as respostas, especialmente às adubações nitrogenadas.

A irrigação tem proporcionado incrementos nas respostas à aplicação de ureia (N) que variam de 20% para a dose de 200 kg/ha a 52% para a dose de 600 kg/ha.

Como é a infestação de plantas daninhas em pastagens irrigadas?
Quando todas as recomendações técnicas abordadas nos artigos anteriores são seguidas, a planta forrageira encontra condições extremamente favoráveis para competir com as plantas daninhas por luz, dióxido de carbono, espaço, água e nutrientes.

Além disso, considerando os altos investimentos e custos dos sistemas irrigados, o custo relativo com o controle de plantas daninhas é muito baixo, mas ainda assim o produtor não deve negligenciar essa prática.

Como é a infestação de insetos-praga em pastagens irrigadas?
Essas áreas têm sido atacadas tanto por insetos-praga específicos, como as cigarrinhas-das-pastagens, quanto por pragas generalistas, como lagartas cortadeiras, larvas de besouros (corós) e cigarrinhas-dos-canaviais.

Ainda assim, em função do alto nível tecnológico e dos custos já incorporados ao sistema, as despesas com controle de pragas são relativamente baixas, desde que o produtor mantenha o manejo preventivo em dia.

Além disso, a irrigação possibilita o uso da insetigação — aplicação de inseticidas via sistema de irrigação —, o que facilita e reduz o custo do controle. O ambiente irrigado também favorece o uso de inseticidas biológicos, especialmente à base de fungos, devido à manutenção da umidade no solo.

Vamos parando por aqui.
Na próxima semana, abordarei os resultados de produção animal em pastagens irrigadas — aguarde.

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