Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.
Dia 14 de julho de 2025, já no segundo semestre do ano, quatro a cinco meses para o início do período de chuvas na maior parte do território brasileiro, onde as chuvas caem nas estações de primavera (outubro a dezembro) verão (janeiro a março).
Você pecuarista vai estabelecer novas pastagens na sua fazenda? Se sim, já escolheu as espécies forrageiras que serão plantadas? Já deveria, mas se ainda não acredito que esse texto será do seu interesse.
Quanto maior for o número de cultivares disponíveis no mercado mais opções os técnicos têm para recomendar aos produtores forrageiras para condições especificas e principalmente aumentar a diversidade de forrageiras nas fazendas como base para minimizar danos e prejuízos por estresses causados por efeitos abióticos (extremos de temperatura e umidade) e bióticos (insetos pragas e doenças) sobre as pastagens.
Por outro lado, a cada novo lançamento cria-se uma confusão no mercado entre os interessados com seus respectivos interesses: a empresa que lançou o cultivar, as empresas que produzem e comercializam as sementes, os técnicos que orientam os pecuaristas e os pecuaristas. E nesse contexto tem sido frequente a divulgação de dados e informações sem embasamento cientifico e sem validação com promessas de sucesso simplesmente por estar implantando um novo cultivar ou substituindo um cultivar tradicional por um recém-lançado.
O mais preocupante é quando se ouve de profissionais que atuam diretamente na área de Forragicultura e Pastagens (consultores, professores e pesquisadores) dados e informações que são aceitáveis vindos de leigos, mas não de especialistas.
Então é oportuno trazer mais uma vez esse tema com o objetivo de descrever parâmetros científicos/técnicos para a escolha de espécies forrageiras evitando-se assim os insucessos advindos de escolha e estabelecimento de espécies/cultivares forrageiros não adaptados a condições ambientais especificas.
Antes da avaliação de parâmetros para a escolha da espécie forrageira, o técnico que assiste ao pecuarista deve estudar o ambiente onde está a fazenda, compreendendo este o clima, o solo, os insetos, pragas e as doenças de ocorrência na propriedade e região. Com estas informações e dados o técnico busca nas fontes de consulta (Anais de Congressos e Simpósios, teses e dissertações de pós-graduação, Internet, consulta a pesquisadores e outros técnicos…) as características das diferentes espécies forrageiras.
Agora vamos aos parâmetros para a escolha da espécie forrageira:
- Exigências climáticas: descartar das opções todas aquelas forrageiras que exigem um índice pluviométrico acima do índice da região e que não tolerem geadas, se é comum a ocorrência destas. O clima deve ser o parâmetro norteador para a escolha de espécies/cultivares forrageiros, já que o ser humano não tem controle sobre essa variável do ambiente, a não ser substituindo água de chuvas pela de irrigação.
- Exigências em solo: em sequência, descartam-se aquelas forrageiras que não se adaptam às características do solo que o ser humano não consegue alterar, tais como relevo e profundidade, presença de impedimentos físicos (cascalho, rochas…). Depois as características que o ser humano consegue alterar descartando aquelas forrageiras que não se adaptam a solos mal drenados, se não for possível drená-los e por último aquelas que são exigentes e muito exigentes em fertilidade de solo, em ambientes onde o solo é naturalmente de fertilidade muito baixa e baixa e por alguma razão o produtor não vai corrigir e nem adubar.
- Comportamento frente a insetos pragas e a doenças: descartar aquelas forrageiras que sejam susceptíveis aos insetos pragas e às doenças que aparecem no ambiente em questão, e escolher aquelas pelo menos moderadamente susceptíveis, dando preferência àquelas moderadamente resistentes e resistentes. Particular atenção deve ser dada às cigarrinhas que atacam pastagens devido ao nível de dano econômico que as mesmas causam. Entretanto, se uma determinada espécie/cultivar forrageiro é a que melhor se adapta as condições de clima e solos, mas é susceptível a um tipo de praga de ocorrência na região, recomenda-se o seu estabelecimento e adotar um programa de manejo integrado de pragas (MIP).
Na segunda parte dessa sequência de textos descreverei outros parâmetros para a escolha de espécies forrageiras – aguarde, será na próxima semana.