Parâmetros para a Escolha de Espécies Forrageiras para o Estabelecimento de Pastagens – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

Continuando a série de artigos sobre o tema que intitula esse texto, hoje, dia 31 de julho de 2025, já no segundo semestre do ano, quatro a cinco meses para o início do período de chuvas na maior parte do território brasileiro, onde as chuvas caem nas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março). Volto a perguntar como fiz na parte 01 dessa sequência de textos – você pecuarista vai estabelecer novas pastagens na sua fazenda? Se sim, já escolheu as espécies forrageiras que serão plantadas? Já deveria, mas se ainda não, acredito que este texto será do seu interesse.

Na edição anterior citei e descrevi os parâmetros “exigências climáticas e em solos” e “comportamento frente a insetos, pragas e doenças”. Em sequência citarei e descreverei os seguintes parâmetros.

4. Aceitabilidade pelos animais: descartar aquelas forrageiras que não são bem aceitas pela espécie animal que se pretende explorar, tais como algumas forrageiras do gênero Brachiaria sp para o plantio de pastagens para equinos. Para ruminantes não há diferenças significativas em aceitabilidade para diferentes espécies forrageiras, desde que estas estejam solteiras em piquetes separados, ou seja, o animal só vai exercer a preferência por uma determinada espécie se no piquete houver misturas de forrageiras, pois do contrário, ele consumirá forragem e apresentará desempenho sem diferenças significativas. Em tempo, o termo palatabilidade não se aplica aqui porque o pesquisador não tem como medir este parâmetro de forma quantitativa e avaliar estatisticamente, enquanto a aceitabilidade pode ser medida e comparada através de protocolo de pesquisa já padronizado.

5. Distúrbios metabólicos causados aos animais: descartar aquelas forrageiras que causam distúrbios em uma determinada espécie animal ou em uma categoria dentro da espécie. Como exemplo, as distrofias ósseas em equinos causadas por excesso de oxalato em algumas forrageiras, a fotossensibilização em bezerros, mais comum em pastagens de Brachiaria sp com excesso de sua palhada, a intoxicação por nitrato em pastagem de capim Tanner-Grass (Braquiária-do-brejo).  

6. Formas de plantio: toda forrageira pode ser implantada através de mudas, mas nem todas podem ser implantadas através de sementes. Esta segunda forma de plantio praticamente não tem restrições, possibilitando o plantio em pequenas e em grandes áreas, pelos métodos, manual, ou por tração animal, ou tratorizado ou aéreo. O investimento para o plantio da pastagem pode ser duas a três vezes mais baixo quando o plantio é feito através de sementes comparado com o plantio por mudas, quase sempre envolvendo serviço manual. Assim o plantio de uma forrageira que só se reproduz por meio de mudas deve ser a opção apenas quando aquela espécie/cultivar for a mais adaptada às condições de clima e solo ou para fins específicos, tal como a produção de feno com forrageiras do gênero Cynodon sp (gramas Bermudas, gramas Estrelas, Tiftons).

7. Formas de uso: há que definir as finalidades de exploração da área em questão, ou seja – será exclusivamente para pastejo ou apenas para fenação ou ensilagem ou pré-secagem, ou formas destes usos combinadas em uma mesma área. Uma vez definida a forma de uso o técnico que assiste ao produtor irá definir o manejo da área: em caso de exploração sob pastejo definirá o método de pastoreio, as alturas alvos de manejo do pastoreio, a frequência de pastejo; no caso de áreas para corte definirá a altura e a frequência de cortes etc.

Observa-se deste resumo que os parâmetros são muitos, que a análise de cada um não é tão simples assim, exigindo conhecimentos profundos de fatores dinâmicos e complexos, tais como o clima, o solo, insetos pragas, doenças, o manejo, ensejando a necessidade do produtor, ser orientado por um especialista.

Na terceira parte dessa sequência de textos descreverei outros parâmetros para a escolha de espécies forrageiras – aguarde, será na próxima semana.

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