Produção Animal em Pastagens Irrigadas – Parte 1

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

Hoje, dia 1º de setembro de 2025, as condições impostas pela seca na maioria das regiões de pecuária do Brasil se acentuam. Uma das estratégias para minimizar ou até superar essas condições é a irrigação do solo de pastagens.

Nos últimos 122 anos os objetivos da irrigação da pastagem têm sido solucionar o problema da estacionalidade de produção de forragem; reduzir custos de produção e tempo de trabalho para alimentar o rebanho; obter maior retorno líquido na produção animal quando comparado aos sistemas que precisam usar forragens conservadas (silagens, pré-secados, fenos) e grãos; usar menor área para a produção animal (intensificação do uso da terra); usar águas residuárias e dejetos líquidos de animais.

As bases técnicas e econômicas para a produção de animal em pastagem irrigada serão aqui revisadas com base nas principais dúvidas que têm sido manifestadas nos últimos 29 anos por aqueles que têm interesse nesta tecnologia.

A primeira e a mais importante medida que deve ser tomada por parte do pecuarista é a contratação de uma consultoria especializada em pastagens irrigadas.

Esta consultoria deverá: conhecer as coordenadas geográficas da propriedade (latitude e longitude) e a altitude; estudar as condições climáticas da região onde a propriedade se localiza (índice pluviométrico, evapotranspiração real e potencial, balanço hídrico, temperaturas média, máxima e mínima, incidência de geadas etc.), estudar os solos da região onde a propriedade se localiza (a classe dos solos, seu relevo, sua profundidade e drenagem, sua fertilidade, capacidade de retenção de água etc.); deverá medir as vazões dos cursos de água da propriedade (córregos, rios, lagos, represas, etc.) no final da seca; ver nos órgãos estaduais ou federais de gestão de recursos hídricos se há outorga para uso da água naqueles cursos de água existentes na propriedade; saber se a energia é monofásica ou se é trifásica e os programas de tarifa verde; definir o sistema de irrigação; conhecer o mercado regional (preços de terras, alternativas de uso da terra, preços de venda dos produtos produzidos pelo pecuarista, linhas de financiamento com período de carência e prazo para pagamento, taxas de juros, etc.); conhecer o perfil da equipe da propriedade (o produtor e seus colaboradores).

Enfim, com todas estas informações e estes dados, a consultoria irá elaborar um diagnóstico e um projeto com viabilidades técnica e econômica da irrigação de pastagens naquela propriedade, para apresentar para o produtor. Pode parecer complexo, e é mesmo, entretanto, quanto mais tempo for dedicado à fase do planejamento, mais eficaz será a execução do projeto e a probabilidade de cometer erros e de perder dinheiro será significativamente minimizada.

Existem vários sistemas de irrigação, tais como os pivôs central e linear, a aspersão convencional com tubos superficiais, a aspersão em malha, o canhão autopropelido, a irrigação por inundação, e mais recentemente, a irrigação subterrânea. Mas os sistemas mais adotados com sucesso em pastagens no Brasil têm sido o pivô central (geralmente para áreas acima de 50 ha) e a aspersão em malha (geralmente para áreas menores que 50 ha).

O valor do investimento também varia com uma série de fatores, tais como: o sistema de irrigação em si, o ponto de captação de água, a distância para levar a água até o ponto onde a irrigação será feita, se vai precisar instalar um sistema de energia trifásica ou não etc.

Se todos os fatores aqui discutidos forem favoráveis e o programa for bem executado, em sistemas de produção animal em pasto é possível o produtor já ter amortizado o investimento a partir do quarto ao sétimo ano após o início do funcionamento do sistema de irrigação.

Na próxima semana continuarei a série de artigos sobre produção animal em pastagens irrigadas – aguarde.

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