Produção Animal em Pastagens Irrigadas – Parte 2

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

Hoje, dia 10 de setembro de 2025, as condições impostas pela seca na maioria das regiões de pecuária do Brasil se acentuam. Uma das estratégias para minimizar ou até superar essas condições é a irrigação do solo de pastagens. Na parte 01 dessa sequência de textos sobre o tema em questão citei os objetivos da irrigação de solos de pastagens e como recomendo o início de um projeto para a adoção dessa tecnologia. Dando sequência, na parte 02 descrevo os critérios para a escolha de espécies forrageiras para o estabelecimento da pastagem em sistemas irrigados e uma sequência de procedimentos para o plantio de uma pastagem.

É de extrema importância o esclarecimento a produtores e técnicos dos critérios para a escolha de uma espécie forrageira, critérios estes baseados cientificamente e validados tecnicamente em campo:
(a) exigências climáticas;
b) exigências em solo;
c) comportamento frente a insetos, pragas e a doenças;
d) aceitabilidade pelos animais;
e) distúrbios metabólicos causados aos animais;
f) formas de plantio;
g) formas de uso;
h) potencial de produção;
i) qualidade de forragem.

Mas de fato as espécies forrageiras que mais são cultivadas em pastagens irrigadas no Brasil são as dos gêneros Brachiaria sp: B. brizantha cultivares Marandu (capim-braquiarão) e Xaraés (ou MG5), B. decumbens; Cynodon sp: tifton 85, capim-vaquero; Panicum maximum, principalmente o cultivar Mombaça e Pennisetum purpureum – capim-elefante.

Quando a propriedade se localiza em regiões de baixas, latitude e altitude as diferenças de estacionalidade de produção de forragem entre as espécies forrageiras são mínimas, por outro lado, em condições opostas o capim-tifton 85 tem apresentado a melhor distribuição da produção de forragem ao longo das estações do ano, comportamento fundamental em sistemas de pastagens irrigadas (Quadro 1).

Quadro 1. Taxa de acúmulo (kg de MS/ha/dia) e acúmulo total de forragem (kg de MS/ha/ano) dos capins B. decumbens (Bd), B. ruziziensis (Br), Vaquero (Vaq.) e Tifton 85 (T85) em pastagens intensivas irrigadas entre os anos pastoris de 2011/2012 e 2012/2013.

Planta forrageira
EstaçãoBdBrVaqT85Média
Primavera12812088150 (+ 17; 25 e 70%)121
Verão888482128 (+ 45; 52 e 56%)95
Outono858977105 (+ 23; 18 e 36%)89
Inverno719963116 (+ 63; 17 e 84%)87
Média939878125 (+ 34; 27 e 60%)98
Total 33.884 35.709 28.424 45.463

Estas produtividades foram alcançadas em um ambiente a 800 m de altitude, temperatura média anual de 23 oC; 1.319 mm de precipitação anual (746 a 2.262 mm entre mínima e máxima); mais 700 a 800 mm de lâmina de irrigação; 816 kg/ha de nitrogênio (N), 192 kg/ha de P2O5, 515 kg/ha de K2O e 17 kg/ha de enxofre.

Os valores entre parêntesis da quinta coluna (T85) representam as diferenças a mais de taxas de acúmulo de matéria seca (MS) do capim-tifton 85 comparada com as taxas de acúmulos das outras plantas forrageiras avaliadas nas diferentes estações do ano. Observa-se que além do capim-tifton 85 ter acumulado mais forragem na média e total, a distribuição da produção foi também mais equilibrada.

Existe alguma diferença no estabelecimento de uma pastagem irrigada? Não, a não ser a possibilidade de se estabelecer a pastagem em qualquer estação do ano em função da irrigação do solo. Um programa de estabelecimento de uma pastagem deve ser dividido em etapas. Cada etapa tem uma época mais adequada para ser executada em uma dada região. Além disso, cada etapa deve ser seguida com procedimentos padrões para serem executados, para garantir o sucesso da execução ao executor do programa, independentemente se a pastagem será ou não irrigada. As etapas básicas para o estabelecimento da pastagem:

a) escolha da área;
b) medida e mapeamento da área;
c) amostragem de solo para análise;
d) estudo das condições ambientais da região – clima, solos, insetos pragas e doenças;
e) escolha das espécies forrageiras;
f) planejamento do programa de estabelecimento da pastagem;
g) execução do programa: limpeza do terreno; correção e preparo do solo; aquisição de sementes e de mudas; métodos de semeadura ou de plantio por mudas; época de plantio e condições climáticas para o plantio; cobertura de sementes e de mudas; adubação de plantio; controle de plantas daninhas e isentos pragas, e a primeira colheita da pastagem, por pastejo ou por colheita mecânica.

Na próxima semana continuarei a série de artigos sobre produção animal em pastagens irrigadas – aguarde.

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