Produção de Carne em Pastagens Irrigadas – Parte 3

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

No dia 22 de setembro de 2025 teve início a estação de primavera. Dia 16 de setembro caiu a primeira chuva da estação 2025/2026 em Uberaba (MG), de onde estou escrevendo esse texto. Entretanto, as condições impostas pela seca na maioria das regiões de pecuária do Brasil ainda persistem. De fato, agora será o período mais crítico do ano: o de transição seca/chuvas.

Uma das estratégias para minimizar ou até superar essas condições é a irrigação do solo de pastagens. Na parte 01 dessa sequência de textos sobre o tema em questão citei os objetivos da irrigação de solos de pastagens e como recomendo o início de um projeto para a adoção dessa tecnologia. Dando sequência, na parte 02 descrevi os critérios para a escolha de espécies forrageiras para o estabelecimento da pastagem em sistemas irrigados e uma sequência de procedimentos para o plantio de uma pastagem.

Nessa terceira parte continuarei descrevendo as bases para a continuidade da implantação e da condução de sistemas de pastagens irrigadas para a produção animal com base nas principais dúvidas que têm sido manifestadas nos últimos 26 anos por aqueles que têm interesse nesta tecnologia.

Existe alguma diferença da infraestrutura da pastagem em um sistema de pastagem irrigada? Estando a pastagem estabelecida, antes da preocupação com o manejo do pastoreio deve-se planejar e conduzir a implantação da infraestrutura, dimensionando as medidas dos recursos piquete, áreas de descanso, cochos para suplementação, fontes de água, sombreamento e corredores de acesso ao curral e aos piquetes. Este planejamento é ainda mais crítico em uma pastagem irrigada por causa das altas densidades de lotação, principalmente nas estações de primavera e verão. O número de animais por lote em pastagens irrigadas tem variado entre 150 e 2.100, dependendo da área de pastagens que está sendo irrigada.

Existem diferenças do manejo do pastoreio entre uma pastagem irrigada e uma pastagem em sistema de sequeiro? Não. O parâmetro que deve orientar o manejo do pastoreio deve ser o mesmo adotado em pastagens em sistema de sequeiro, as alturas alvos do pasto para a entrada e a saída dos animais do piquete para cada espécie/cultivar forrageiro específico. A diferença é que em uma pastagem irrigada pela condição de prover à planta água o ano inteiro e pelas maiores doses de adubações, a taxa de expansão do pasto (crescimento em cm/dia) é significativamente maior, portanto, a frequência de pastoreio e a intensidade de pastejo devem ser maiores para evitar perdas na qualidade e na quantidade de forragem.

Uma vez estabelecidas a pastagem e a sua infraestrutura, e adotados os procedimentos de manejo do pastoreio, é preciso gerir o crescimento e a produção de forragem, como também a sua utilização e a sua conversão em carne. Mas esse tema será objetivo do artigo da próxima semana – aguarde.

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