Estabelecimento de Pastagens de Inverno – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Entre os artigos editados neste site nos meses de fevereiro, março e abril, em alguns tratei do tema estabelecimento de pastagens perenes por meio de sementes e de mudas e no período das chuvas. Os procedimentos apresentados nestes artigos para a execução deste tipo de estabelecimento poderão ser uteis para o pecuarista que tem fazendas em regiões do país com chuvas de primavera/verão (iniciando entre setembro e novembro e terminando entre março e maio) planejar e executar o estabelecimento de pastagens no período chuvoso 2025:2026, mas continua em tempo de serem adotados pelos pecuaristas que têm fazendas em regiões do país com chuvas de final de verão e outono/inverno (chuvas iniciando entre janeiro e março e finalizando até setembro) como é em muitas regiões dos estados da região Nordeste. Mas neste artigo tratarei de o tema como estabelecer pastagens de inverno. Estou escrevendo esse texto dia 18 de abril de 2025, portanto, já são quase um mês após o início da estação de outono. Para desenvolver o conteúdo deste artigo tenho que dividir o Brasil em dois ambientes quanto ao tipo climático – subtropical, compreendendo a parte sul dos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo, e os estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); e o tropical, no restante das regiões e estados do país. Ainda tenho que caracterizar dois sistemas de produção – um de pastagens tropicais estabelecidas com espécies forrageiras tropicais e subtropicais de ciclo de vida perene, e um de integração lavoura/pecuária (no mês de janeiro de 2025 escrevi para esse meu site dois artigos sobre o estabelecimento de pastagem na ILP). E por fim caracterizar as espécies forrageiras de clima temperado, também conhecidas por forrageiras de inverno, e espécies forrageiras de clima tropical e subtropical. Agora, sim, vamos lá: Pastagens de inverno sobressemeadas sobre pastagens perenes tropicais e subtropicaisNesta modalidade as pastagens estabelecidas com forrageiras de clima tropical e subtropical de ciclo perene são exploradas solteiras entre outubro e março (estações de primavera/verão) e em consorcio com forrageiras de inverno entre abril e setembro (estações de outono/inverno). Na região sul esta modalidade de exploração de pastagens já vem sendo adotada pelos pecuaristas há pelo menos seis décadas. Lá têm sido estabelecidas as forrageiras Aveia, Azevém anual, Centeio, Cevada, Cornichão, Ervilhaca, Trevos, Trigo, Triticale, solteiras, mas na maioria das fazendas tem sido em misturas. Já na região tropical do Brasil têm basicamente sido estabelecidas as forrageiras Aveia e Azevém, solteiras ou em misturas. Neste artigo vou usar as forrageiras Aveia e Azevém para explicar como estabelecer pastagens de inverno, já que estas são plantadas tanto na região subtropical como na tropical do Brasil. Na região subtropical do país ocorrem chuvas nas estações de outono/inverno e esta condição possibilita o estabelecimento de pastagens de inverno sem a necessidade de irrigação. Por outro lado, na região tropical do país as estações de outono/inverno coincidem com a estação seca e então para estabelecer pastagens de inverno há a necessidade de irrigação. Neste sistema em questão a semeadura é feita entre o início de abril a início de junho, idealmente em abril para ter mais período de uso da pastagem de inverno. Como métodos para a semeadura o pecuarista tem os seguintes, mas aguarde, esse conteúdo será tema para o artigo da próxima semana.
Professor Adilson Aguiar acompanha projeto da Fazenda Terras Novas

Nos dias 09 e 10 de abril de 2025, o professor Adilson Aguiar realizou mais um trabalho na Fazenda Terras Novas, localizada no distrito de Engenheiro Taveira, município de Araçatuba (SP), onde atua como consultor técnico desde 2001. Reconhecida como referência em integração de atividades produtivas, a fazenda distribui sua área útil da seguinte forma: 56% é arrendada para o cultivo de cana-de-açúcar, 17% é destinada ao cultivo de seringueira para produção de látex, e 27% é utilizada para a pecuária. Até junho de 2021, a propriedade desenvolvia um programa de melhoramento genético da raça Nelore, avaliado pela Conexão Delta Gen. Com a transferência desse rebanho para outra propriedade da família no Mato Grosso do Sul, teve início um novo ciclo produtivo focado nas fases de recria e engorda. Na primeira safra após essa mudança de atividade, os indicadores zootécnicos alcançados evidenciaram a eficiência do manejo adotado. Os animais apresentaram peso corporal final médio de 509 kg, com ganho médio diário (GMD) de 0,847 kg/cabeça/dia ao longo de 319 dias. O peso médio de abate foi de 17 arrobas de peso corporal e 18,5 arrobas de carcaça, com rendimento de 54,6%. “As taxas médias de lotação foram de 2,35 cabeças/ha e 1,96 unidade animal (UA)/ha, enquanto a produtividade das pastagens chegou a 17,5 @/ha de peso vivo e 20,6 @/ha de carcaça — resultados obtidos com machos inteiros”, destaca Aguiar. Nas safras 2024/2025 e 2025/2026, a recria e engorda estão sendo realizadas com fêmeas (novilhas), exigindo ajustes nas estratégias de manejo. O professor Adilson é responsável pela orientação técnica de todas as etapas do programa de manejo das pastagens. Entre as atividades conduzidas estão: a coleta e análise da forragem para determinação da disponibilidade e acúmulo de massa, cálculo da capacidade de suporte, manejo do pastoreio, correção e adubação do solo, além do controle de plantas daninhas e insetos-praga. A estratégia de correção e fertilização do solo é baseada na recuperação anual de 25% da área útil das pastagens, acompanhada de adubações de manutenção em toda a área manejada. Nos últimos quatro períodos de chuvas (safras 2021/2022, 2022/2023, 2023/2024 e 2024/2025), as taxas médias de lotação das pastagens foram de 1,85; 1,9; 1,4 e 1,77 UA/ha, respectivamente, refletindo a variabilidade climática e os ajustes técnicos implementados ao longo das safras.