Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.
Na semana passada escrevi a parte 01 dessa sequência de artigos sobre o tema em questão, citando e descrevendo os atributos de uma semente, quando cotar e quando comprar e as vantagens dessas tomadas de decisões. O objetivo dessa parte 02 é citar e descrever os tipos de tratamentos de sementes de plantas forrageiras. Vamos lá.
Muitos tratamentos têm sido incorporados às sementes de plantas forrageiras nos últimos anos, tais como polimerização, escarificação, peletização e incrustração.
A escarificação e a peletização já são tratamentos feitos em sementes de leguminosas há muitas décadas. A escarificação para quebrar a dormência física principalmente de sementes pequenas que têm tegumento duro, e a peletização para incorporar calcário e fontes de enxofre e micronutrientes com a finalidade de atender as exigências das bactérias fixadoras de nitrogênio (N).
Para sementes de gramíneas forrageiras (capins) a escarificação é importante para sementes de Brachiaria humidicola (capim Humidicola ou capim Quiquio) por causa da sua alta dormência que é explicada pelo método de colheita de suas sementes na inflorescência. Assim a germinação das sementes desta espécie ocorrerá em um tempo semelhante às daquelas espécies cujas sementes são colhidas por varredura ou na palha.
Para outras espécies de gramíneas forrageiras é importante para a eliminação das sementes “meia-grana”, ou seja, aquelas sementes que não completaram a maturação fisiológica. Estas sementes meia-grana são consideradas sementes puras e normalmente germinam, mas originam plantas de baixo vigor e muitas vezes morrem antes de se tornarem plantas adultas. A escarificação é química com ácido sulfúrico. Somente sementes de alto vigor e que completaram a maturação fisiológica tolera a escarificação química.
Já para a peletização só se esperam respostas para gramíneas que fixam N, mas esta inferência ainda carece de mais pesquisas para embasar um pacote tecnológico que possa ser recomendado para o pecuarista.
A polimerização é importante para regular a entrada de água na semente e é importante principalmente para o estabelecimento de pastagens no clima semiárido e em outros climas, mas com alta frequência de estiagens (veranicos) na época de plantio.
Quanto à incrustração é preciso tomar cuidado. Em campo tem sido frequentes as reclamações de atraso e desuniformidade de germinação de sementes e emergência de plântulas. Aqui é importante, mais uma vez, que o pecuarista compre sementes incrustradas de empresas que já dominam este processo. Uma vez o processo sendo bem feito a incrustração traz as seguintes vantagens: facilidade no manuseio das sementes; eliminação do pó; facilidade de regulagem dos equipamentos de plantio (aumento o peso das sementes em 2,5 vezes); facilidade no plantio (não se dividem por camadas como acontece com sementes de baixa porcentagem de pureza facilitando a distribuição uniforme); diminui o problema com a deriva em plantio a lanço e aéreo devido ao aumento no tamanho e no peso das sementes; menor risco de intoxicação do trabalhador pelo tratamento com fungicida e inseticida.
Na próxima semana, na parte 03 dessa sequência de artigos, demonstrarei como calcular a taxa de semeadura (kg/ha de sementes).