Critérios para a Compra de Sementes de Plantas Forrageiras – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

Estou escrevendo este texto dia 25 de junho de 2025, portanto cinco dias após o início da estação de inverno no Hemisfério Sul. Se você pecuarista é daqueles que já “faz o básico bem feito” já terá comprado sementes de forrageiras para o plantio de suas pastagens na estação chuvosa 2025/2026, e terá feito melhores negociações já que no primeiro semestre os preços normalmente são mais baixos e não se corre o risco de não encontrar sementes da forrageira que você pretendia plantar.

A maioria dos pecuaristas lembra que vai estabelecer pastagens quando as chuvas chegam, ou seja, compram sementes no segundo semestre. Mas de fato uma das orientações que mais tenho feito no segundo semestre do ano é a avaliação de cotações de sementes para orientar o pecuarista qual comprar. Ou seja, a maioria dos pecuaristas que atendi em 34 anos de trabalho não fizeram o básico bem feito na compra de sementes.

Quais parâmetros adoto para avaliar cotações de sementes de forrageiras e orientar o pecuarista? Um lote de sementes tem basicamente três atributos: o genético, o físico e o fisiológico.

O atributo genético é dado pela pureza genética das sementes e evita um problema recorrente que é a mistura varietal. Quando um pecuarista compra sementes de uma espécie A ele não quer ver plantas da espécie B misturadas em sua pastagem após o estabelecimento desta. O mesmo para diferentes cultivares de uma mesma espécie. A pureza genética só pode ser garantida pelas empresas que comercializam as sementes, daí a importância de comprar de empresas idôneas que são aquelas que têm campos de sementes registrados, fiscalizados e certificados e têm seus processos auditados e certificados. É possível visualmente diferenciar sementes de espécies forrageiras de diferentes gêneros, por exemplo, entre Andropogon, Brachiaria e Panicum, mas é quase impossível diferenciar visualmente sementes de forrageiras de mesmo gênero, mas de espécies diferentes (por exemplo, entre Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis) e mais ainda, entre sementes de diferentes cultivares de uma mesma espécie (entre as dos cultivares Marandu, Paiaguás, Piatã, Xaraés, todos da espécie Brachiaria brizantha).

Outro atributo é o físico o qual é dado pela pureza das sementes. Pela legislação em vigor, a partir de fevereiro de 2009 a porcentagem mínima de pureza varia de 40 (gênero Panicum) a 60% (gênero Brachiaria), dependendo da espécie. Desde então as empresas produtoras de sementes fazem muitos esforços para que a porcentagem mínima de pureza seja 70%, mas ainda sem sucesso. Recomendo para o pecuarista comprar sementes padrão exportação com pureza acima de 90% principalmente para sistemas mais intensivos e para a integração com lavoura. Assim o pecuarista evita a introdução em sua propriedade de sementes de plantas infestantes, ovos de pragas (de insetos e nematoides) e esporos de fungos que vem juntos em sementes com impurezas. Por exemplo, em sementes com baixa porcentagem de pureza de capim-braquiarão colhidas no Brasil Central e plantadas no Bioma Amazônico foram encontrados esporos de fungos dos gêneros Fusarium, Phythium e Rhizoctonia, os mesmos encontrados em raízes deste capim em áreas onde a pastagem se degradou pela síndrome da morte do capim-braquiarão.

Outro atributo é o fisiológico dado pela porcentagem de germinação das sementes. Quanto maior for este valor maior é a viabilidade, o vigor, a porcentagem de germinação, a sobrevivência no campo e a longevidade das sementes.

Além destes atributos, recomendo que as sementes sejam tratadas com inseticidas e fungicidas e que as sementes já venham tratadas pela empresa vendedora para evitar a manipulação de produtos químicos na fazenda. O tratamento com inseticida traz a segurança na fase de estabelecimento da pastagem principalmente ainda na fase de plântula (estrutura que emerge da semente após a sua germinação). O tratamento com fungicida traz segurança contra doenças provocadas por fungos principalmente em ambientes quentes e úmidos, tais como nos Biomas Amazônico e Mata Atlântica, como também na região Sul, onde as temperaturas são mais amenas, mas a umidade é alta.

Na segunda parte citarei e descreverei as tecnologias de tratamentos de sementes, como calcular a taxa de semeadura, etc, aguarde.

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