Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.
No mês de janeiro de 2025 escrevi para esse site dois artigos sobre o “estabelecimento da pastagem nos sistemas de integração lavoura/pecuária (ILP)”. Já no dia 10 de maio de 2025 escrevi um artigo sobre “manejo do pastoreio em sistemas de ILP”.
Hoje, 17 de maio de 2025 escreverei sobre resultados de produtividade da pecuária em sistemas de ILP e na próxima semana escreverei sobre resultados de produtividade da agricultura nesses sistemas.
Uma vez diagnosticado a viabilidade da adoção da ILP é preciso definir como os componentes lavoura e pecuária serão integrados, se em rotação (por exemplo, 1 a 3 anos de pastagens com 1 a 3 anos de lavoura na mesma área em anos diferentes), ou consorcio (por exemplo, plantio anual de arroz, ou milho ou sorgo consorciados com plantas forrageiras numa mesma área ou em áreas diferentes) ou sucessão (por exemplo, soja > pastagem, ou soja > milho ou sorgo consorciados com planta forrageira > pastagem, na mesma área e no mesmo ano).
Na sucessão de culturas é comum na Região Sul do país soja ou milho na primavera/verão (safra) > aveia e ou azevém e outras forrageiras de inverno no outono/inverno (segunda safra ou safrinha), enquanto no restante do Brasil o mais comum é soja ou milho na primavera/verão (safra) > milheto ou sorgo para pastejo ou Brachiaria/Panicum, no outono/inverno (segunda safra ou safrinha).
Alguns exemplos para a sucessão de culturas na região tropical do país são:
i)milho ou sorgo ou milheto consorciados com capim de outubro/novembro a março/abril > pastagem de maio/junho a setembro;
ii)soja de outubro/novembro a fevereiro/março > milho ou milheto ou sorgo consorciados com capim de fevereiro/março a junho/julho > pastagem de julho/agosto a setembro;
iii)soja de outubro/novembro a fevereiro/março > plantio direto de forrageiras anuais ou perenes de março a abril > pastagem de maio/junho a setembro;
iv)soja de outubro/novembro a fevereiro/março > sobressemeadura de forrageiras perenes ou anuais no final do ciclo da soja > estabelecimento da pastagem em março/abril > pastejo de maio/junho a setembro.
Na tabela 1 estão resumidos resultados de pesquisas da produtividade da pecuária em sistemas de ILP na modalidade de sucessão de culturas soja > pastagem.
Tabela 1 – Indicadores de produtividade da atividade pecuária em sistemas de integração lavoura/pecuária na modalidade de sucessão de culturas.
Parâmetro | Unidade | Valor |
Massa de forragem | t de MS/ha | 5,6 a 9,1 (Estado do MS) e 5,9 a 8,7 (Estado de GO) |
Palhada de forragem mais de milho | t de MS/ha | 7,4 a 11,9 (Estado do MS); 8,1 a 8,4 (Estado de GO) |
Taxa de lotação | UA/ha | 1,95 a 3,2 (Estado de GO) |
PB, NDT, FDN e FDA na forragem | % | 8,5 a 11,5 (PB); 59 a 61 (NDT); 66 a 68 (FDN) e 39.5 a 44 (FDA) (Estado de GO) |
GMD | kg/cabeça/dia | 0,47 a 0,70 (média 0,58); 0,592 a 0,712 (média 0,636) (Estado de GO) |
Produtividade | @/ha | 9,5 a 13,7; 11 a 18 (Estados de MS e GO) |
t de MS/ha: toneladas de matéria seca por hectare; UA/ha: unidade animal por hectare; PB: proteína bruta; NDT: nutrientes digestíveis totais; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; GMD: ganho médio diário; Estados de MS e GO: Mato Grosso do Sul e Goiás.
Nos experimentos conduzidos no estado de Goiás as taxas de lotação médias variaram entre 1,95 a 3,2 UA/ha, dependendo da espécie/cultivar da planta forrageira, iniciando com 2,27 a 5,09 UA/ha e no final com 1,12 a 1,55 UA/ha. Nestes trabalhos o período de pastejo nas pastagens de inverno, foi de 140 dias e os animais avaliados pesaram no início da avaliação entre 228 e 237 kg e foram suplementados com suplemento mineral.
As pastagens brasileiras na média, em 12 meses, têm sido lotadas com 0,70 UA/ha e entregado ganho médio diário de 0,23 kg/cabeça/dia e produtividade da terra de 3,7 @/ha/ano. Apenas na modalidade de sucessão de culturas, na qual a pastagem é explorada por apenas menos de cinco meses por ano, as produtividades têm sido acima de 9,0 @/ha.
No Estado do Mato Grosso do Sul em fazenda de pesquisa a produtividade da pastagem degradada de Brachiaria decumbens foi de 4,7 @/ha, em pasto não degradado e adubado por quatro anos a produtividade alcançada foi de 12,7 @/ha e em pastagem explorada por quatro anos sem adubar, mas após quatro anos de soja adubada, a produtividade foi de 13,9 @/ha.
Em fazenda comercial no Estado do Mato Grosso do Sul em pastagem degradada os indicadores alcançados foram 0,9 UA/ha, 0,211 kg/cabeça/dia de ganho médio diário e produtividade de 3,4 @/ha; enquanto em pastagem recuperada diretamente por meio de correção e adubação do solo alcançou-se 1,68 UA/ha, 0,467/cabeça/dia e 19,9 @/ha; na pastagem pós cultivo de arroz: 1,81 UA/ha, 0,434/cabeça/dia e 19,8 @/ha e na pastagem pós cultivo de milho: 1,94 UA/ha, 0,443/cabeça/dia e 22,3 @/ha.
Em fazendas comerciais no estado de São Paulo a ILP possibilitou o aumento na taxa de lotação de 1,3 UA/ha para 2,2 UA/ha, o ganho médio diário de 0,185 para 0,469 kg/cabeça/dia, e a produtividade da terra de 2,4 para 16 @/ha após cinco safras.