Blog Individual

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

No mês de janeiro de 2025 escrevi para esse site dois artigos sobre o estabelecimento da pastagem nos sistemas de integração lavoura/pecuária parte 1 e parte 2. Já no dia 13 de maio de 2025 escrevi um artigo sobre manejo do pastoreio em sistemas de ILP, e em 21 de maio de 2025 escrevi sobre resultados de produtividade da pecuária em sistemas de ILP. Essas datas não foram por acaso, mas sim baseadas na sequência de etapas em um sistema de ILP na modalidade de sucessão de culturas tipicamente conduzidas em regiões agrícolas no qual as safras, primeira e segunda, ocorrem entre setembro/outubro a janeiro/fevereiro, e entre janeiro/fevereiro a junho/julho.

Hoje, dia 27 de maio, escreverei sobre resultados de produtividade da agricultura nesses sistemas.

Além dos ganhos diretos da pecuária, em desempenho individual e em produtividade por hectare, como descritos no artigo da semana passada, se tem os ganhos trazidos pela palhada deixada pela planta forrageira ou por esta com a da cultura agrícola.

Em avaliações conduzidas no Estado do Mato Grosso do Sul, no cultivo solteiro de milho, a massa de palhada inicial logo após a colheita dos grãos foi de 4,0 toneladas de matéria seca por hectare (t de MS/ha), e a massa final foi de 2,0 t de MS/ha, enquanto nas áreas em consórcio de milho com plantas forrageiras a massa inicial variou entre 8,1 a 8,4 t de MS/ha, e a final entre 2,3 a 2,5 t de MS/ha. Observa-se aí a contribuição da biomassa das plantas forrageiras no consórcio com o milho.

Em avaliação conduzida no Estado de Goiás, a massa de forragem inicial variou entre 5,9 a 8,7 t de MS/ha no pré-pastejo, e no final do período de uso da pastagem a massa de resíduo pós-pastejo variou entre 0,9 a 2,9 t de MS/ha. Os animais foram retirados da área que ficou em descanso para a rebrota e acúmulo de forragem e na pré-dessecação, antes do plantio de soja, as massas de forragem variaram entre 3,1 a 5,6 t de MS/ha.

Resultados de fazendas comerciais no estado de Goiás refletem expressivamente os ganhos da ILP que possibilitou o aumento na taxa de lotação de 0,4 UA/ha para 2,0, a produtividade da terra de 2,0 para 16 @/ha após cinco safras, enquanto as produtividades de soja aumentaram de 40 para 60 sacas/ha e a de milho de 80 para 180 sacas/ha.

Há uma enorme preocupação dos agricultores com a queda de produtividade das lavouras das culturas agrícolas principalmente na modalidade de ILP de “consórcio cultura agrícola/pastagem”, também denominada tecnicamente por “plantio de pastagem com cultura acompanhante”. Experimentos conduzidos, principalmente nos estados das regiões Sul e Centro Oeste com diversas culturas agrícolas, tais como arroz, milho, soja, sorgo, trigo, consorciadas com capins forrageiros, principalmente dos gêneros Brachiaria sp e Panicum sp (região tropical do Brasil), e Avena sp e Lolium sp (região subtropical do país) com métodos de semeadura do capim forrageiro a lanço e em linha, as produtividades dessas culturas foram iguais na modalidade “cultura solteira”, mas em muitos experimentos e em fazendas comerciais, as produtividades das culturas agrícolas aumentaram.

Por fim a eficiência de uso da terra em sistemas de cultivo exclusivo de soja e de milho são de apenas 42% e 50% dos 12 meses do ano, respectivamente, enquanto em sistemas de sucessão soja > milho safrinha é de 80%; de soja > milho > pastagem ou de milho > pastagem é de 92% e na modalidade de integração lavoura/pecuária/floresta (ILPF) é de 100% do tempo.

A relação de benefício/custo da ILP tem sido em média de R$ 3.7/R$ 1 e a chance de um empreendimento agropecuário apresentar resultado econômico negativo, com base na renda líquida é de 52% (aproximadamente cinco anos em 10 anos) em um sistema exclusivo de lavoura de grãos, de 39% (quatro anos em 10 anos) em um sistema exclusivo de pecuária de corte, e de apenas 26% (2.5 anos em 10 anos) em um SIPA na modalidade de ILP.

Na próxima edição descreverei as bases para o estabelecimento da pastagem em sistemas de ILP – aguarde.

Receba os Conteúdos do Professor Adilson Aguiar