Produção Animal em Pastagens Irrigadas – Parte 1

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Hoje, dia 1º de setembro de 2025, as condições impostas pela seca na maioria das regiões de pecuária do Brasil se acentuam. Uma das estratégias para minimizar ou até superar essas condições é a irrigação do solo de pastagens. Nos últimos 122 anos os objetivos da irrigação da pastagem têm sido solucionar o problema da estacionalidade de produção de forragem; reduzir custos de produção e tempo de trabalho para alimentar o rebanho; obter maior retorno líquido na produção animal quando comparado aos sistemas que precisam usar forragens conservadas (silagens, pré-secados, fenos) e grãos; usar menor área para a produção animal (intensificação do uso da terra); usar águas residuárias e dejetos líquidos de animais. As bases técnicas e econômicas para a produção de animal em pastagem irrigada serão aqui revisadas com base nas principais dúvidas que têm sido manifestadas nos últimos 29 anos por aqueles que têm interesse nesta tecnologia. A primeira e a mais importante medida que deve ser tomada por parte do pecuarista é a contratação de uma consultoria especializada em pastagens irrigadas. Esta consultoria deverá: conhecer as coordenadas geográficas da propriedade (latitude e longitude) e a altitude; estudar as condições climáticas da região onde a propriedade se localiza (índice pluviométrico, evapotranspiração real e potencial, balanço hídrico, temperaturas média, máxima e mínima, incidência de geadas etc.), estudar os solos da região onde a propriedade se localiza (a classe dos solos, seu relevo, sua profundidade e drenagem, sua fertilidade, capacidade de retenção de água etc.); deverá medir as vazões dos cursos de água da propriedade (córregos, rios, lagos, represas, etc.) no final da seca; ver nos órgãos estaduais ou federais de gestão de recursos hídricos se há outorga para uso da água naqueles cursos de água existentes na propriedade; saber se a energia é monofásica ou se é trifásica e os programas de tarifa verde; definir o sistema de irrigação; conhecer o mercado regional (preços de terras, alternativas de uso da terra, preços de venda dos produtos produzidos pelo pecuarista, linhas de financiamento com período de carência e prazo para pagamento, taxas de juros, etc.); conhecer o perfil da equipe da propriedade (o produtor e seus colaboradores). Enfim, com todas estas informações e estes dados, a consultoria irá elaborar um diagnóstico e um projeto com viabilidades técnica e econômica da irrigação de pastagens naquela propriedade, para apresentar para o produtor. Pode parecer complexo, e é mesmo, entretanto, quanto mais tempo for dedicado à fase do planejamento, mais eficaz será a execução do projeto e a probabilidade de cometer erros e de perder dinheiro será significativamente minimizada. Existem vários sistemas de irrigação, tais como os pivôs central e linear, a aspersão convencional com tubos superficiais, a aspersão em malha, o canhão autopropelido, a irrigação por inundação, e mais recentemente, a irrigação subterrânea. Mas os sistemas mais adotados com sucesso em pastagens no Brasil têm sido o pivô central (geralmente para áreas acima de 50 ha) e a aspersão em malha (geralmente para áreas menores que 50 ha). O valor do investimento também varia com uma série de fatores, tais como: o sistema de irrigação em si, o ponto de captação de água, a distância para levar a água até o ponto onde a irrigação será feita, se vai precisar instalar um sistema de energia trifásica ou não etc. Se todos os fatores aqui discutidos forem favoráveis e o programa for bem executado, em sistemas de produção animal em pasto é possível o produtor já ter amortizado o investimento a partir do quarto ao sétimo ano após o início do funcionamento do sistema de irrigação. Na próxima semana continuarei a série de artigos sobre produção animal em pastagens irrigadas – aguarde.

Parâmetros para a Escolha de Espécies Forrageiras para o Estabelecimento de Pastagens – Parte 04

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Continuando a série de artigos sobre o tema que intitula esse texto, hoje, dia 15 de agosto de 2025, já no segundo semestre do ano, dois a três meses para o início do período de chuvas na maior parte do território brasileiro, onde as chuvas caem nas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março). Nas primeira e segunda partes dessa sequência de artigos citei e descrevi os parâmetros “exigências climáticas e em solos”, “comportamento frente a insetos pragas e doenças”, “aceitabilidade pelos animais”, “distúrbios metabólicos causados aos animais”, “formas de plantio”, “formas de uso”. E na terceira parte citei e expliquei fundamentos que suportam a conclusão de que as características “quantidade e qualidade de forragem” são, em grande medida, mais condicionadas pelo meio (leia, manejo da pastagem) do que pelo genótipo (leia, genética da planta). Mas não existem mesmo diferenças entre forrageiras para aqueles parâmetros? Os novos cultivares não são superiores aos tradicionais? Há sim, mas são pequenas e existem mais diferenças por causa das diferenças de ambientes e pela interação genótipo/ambiente do que pelas diferenças entre genótipos. Os dados das tabelas 1, 2 e 3 darão suporte à estas conclusões. Por 22 anos (entre 1998 e 2020) integrantes do Grupo de Estudos e Trabalhos em Pasto (GET) compararam os cultivares de Mombaça e Tanzânia e Tifton 85 na fazenda escola das Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU), em pastagens intensificadas. Na Tabela 1 tem os valores médios para indicadores que refletem os parâmetros qualidade (dada pelo GMD) e produtividade de forragem (dada em t e kg de MS/ha e TL) de quatro anos de avaliações. Tabela 1- Indicadores de qualidade e de produtividade alcançados em pastagens intensificadas entre os anos de 1998/99 e 2002/2003 manejadas em pastoreio de lotação rotativa.     Forrageira MF PRÉp (t MS/ha)1 MF PÓSp (t MS/ha)2 TAF (kg de MS/ha/dia)3   TL (UA/ha/ano)4   GMD (kg/dia)5 Tanzânia 5,1 2,6 86 5,3 0,63 Mombaça 5,0 2,2 81 5,0 0,61 Tifton 85 5,7 2,6 85 5,9 0,55 1MFPREp (t MS/ha): massa de forragem no pré-pastejo em tonelada de matéria seca por hectare; 2MFPÓSp (t MS/ha): massa de forragem no pós-pastejo; 3TAF (kg MS/ha/dia): taxa de acúmulo de forragem em quilo de matéria seca por hectare por dia; 4TL (UA/ha): taxa de lotação em unidade animal por hectare; 5GMD (kg/dia): ganho médio diario apenas com suplementos minerais. Estas produtividades foram alcançadas em um ambiente com temperatura média anual de 23 oC (20 a 25 oC, entre mínima e máxima); 1.670 mm de precipitação anual (1.261 a 2.033 mm entre mínima e máxima); 357 kg/ha de N, 80 kg/ha de P2O5, 184 kg/ha de K2O e 43 kg/ha de enxofre na média dos quatro anos.  RESENDE; AGUIAR, 2004. Ainda o GET comparou a B. hibrida cultivar Convert HD364 (capim Mulato 2) com seus progenitores, entre 2012 e 2016. Na Tabela 2 tem os valores médios para indicadores que refletem os parâmetros qualidade (dada pelo GMD) e produtividade de forragem (dada pela TL) das forrageiras avaliadas. Tabela 2 – Indicadores de produtividade1 alcançados em pastagens intensificadas de B. hibrida Convert cv HD364 (BH) e seus progenitores, B. decumbens (BD), B. brizantha cv Marandu (BB) e B. ruziziensis (BR) em um período de 450 dias de avaliação (junho de 2013 a março de 2014 e de outubro de 2014 a março de 2015) manejadas em pastoreio de lotação alternada. Forrageira Indicador Unidade BH HD 364 BD BB BR Média Taxa de lotação UA/ha2 4.46 4.02 3.83 3.60 3.98 Ganho médio diário kg/cab/dia 0.76 0.70 0.66 0.74 0.72 Produtividade da terra @/ha 62 55 50 54 55 4EUN kg PC/kg N 2.93 2.44 2.44 2.60 2.60 1Produtividades alcançadas com 2.150 mm de chuvas e 5,0 t/ha de calcário + 1,26 t/ha de gesso + 209 kg/ha de P2O5 + 130 kg/ha de K2O + 318 kg/ha de N + 123 kg/ha de enxofre (do gesso) durante o período experimental. 2Unidade Animal; 3Peso Corporal; 4Eficiência de Uso de Nitrogênio (112 kg de N via adubação e assumindo + 9 kg N-atmosférico + 7,5 kg N-mineral do solo + 142 kg N-matéria orgânica do solo). Os animais foram suplementados apenas com suplementos minerais. Fonte: SILVA; AGUIAR, 2014; COSTA; AGUIAR, 2015; COELHO; AGUIAR, 2016. Avaliando os parâmetros GMD e TL nos períodos de chuva e de seca, e a produtividade por hectare, de seis cultivares de Brachiaria sp e seis de P. maximum, lançados pela EMBRAPA, desde o lançamento do cultivar de Brachiaria, o Braquiarão, em 1984, até o lançamento da B. hibrida cultivar Ipyporã, em 2017, e do cultivar de P. maximum, o Tanzânia, lançado em 1990, até o lançamento do cultivar Quênia, em 2017 não se encontra diferenças significativas que justifiquem a escolha de uma forrageira para o plantio da pastagem com base naqueles parâmetros, e muito menos substituir uma forrageira já estabelecida por outra. Ainda há um conceito arraigado de que forrageiras da espécie P. maximum têm melhor qualidade e maior produtividade de forragem que forrageiras de outros gêneros ou espécies e, portanto, são as eleitas para sistemas intensivos, até mesmo justificando a substituição de um cultivar de uma espécie qualquer por um cultivar de P. maximum. Na Tabela 3 tem os valores médios para indicadores que refletem os parâmetros qualidade (pelo GMD) e produtividade de forragem (TL) de seis cultivares de Brachiaria sp e seis de P. maximum lançados pela EMBRAPA. Tabela 3 – Ganho médio diário (GMD), taxa de lotação (TL) e produtividade por hectare em peso corporal (kg de PC) e entre parêntesis em @/ha de cultivares dos gêneros Brachiaria sp e Panicum sp. GMD (kg/dia) TL (cabeças/ha) PC Forrageira Chuvas Seca Chuvas Seca kg ha/ano Fonte Brachiaria sp 0,59 0,30 4.2 1.7 618 (20,6@) EMBRAPA Panicum sp 0,61 0,32 3.9 2.2 741 (24,7@) Média 0,60

Parâmetros para a Escolha de Espécies Forrageiras para o Estabelecimento de Pastagens – Parte 03

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Continuando a série de artigos sobre o tema que intitula esse texto, hoje, dia 08 de agosto de 2025, já no segundo semestre do ano, dois a três meses para o início do período de chuvas na maior parte do território brasileiro, onde as chuvas caem nas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março).  Nas duas edições anteriores citei e descrevi os parâmetros “exigências climáticas e em solos”,“comportamento frente a insetos pragas e doenças”, “aceitabilidade pelos animais”, “distúrbios metabólicos causados aos animais”, “formas de plantio”, “formas de uso”. Mas essa lista não está incompleta? E os parâmetros “potencial de produção de forragem” e “qualidade de forragem”? Não são importantes? Sim, são fundamentais e porque: opotencial estabelece a capacidade de suporte e consequentemente a taxa de lotação da pastagem, enquanto a qualidade estabelece o nível de desempenho individual, e portanto, ambos parâmetros determinam a produtividade da pastagem (@ ou kg ou litros/ha/ano). Então por que não fazem parte dessa sua lista? Respondendo: “potencial de produção de forragem” e “qualidade de forragem” são parâmetros quase que totalmente definidos pelo ambiente (leia aqui, “manejo da pastagem”) e não pelo genótipo (herança genética), ou seja, as diferenças de potencial de produção e de qualidade de forragem entre e dentre espécies/cultivares forrageiros são pouco significativos desde que estejam adaptadas as condições de clima e solo da região e sob condições de correto manejo da pastagem.  Como eu sei que para a maioria das pessoas envolvidas na atividade é difícil aceitar que não há diferenças significativas de potencial de produção e de qualidade de forragem, o objetivo agora nessa sequência de textos será aprofundar nesses temas. Sempre foi dada ênfase àqueles parâmetros por parte de pecuaristas e técnicos porquê de fato a qualidade da forragem irá determinar o desempenho individual (kg de ganho por cabeça por dia, produção de leite por cabeça por dia, produção de lã por cabeça por dia), enquanto a produtividade de forragem e, consequentemente a capacidade de suporte (CS) da pastagem irão determinar a taxa de lotação (TL). Assim a associação de maior desempenho individual com maiores TL refletirá a produtividade da pastagem.  As empresas que produzem e comercializam sementes e mudas de forrageiras, conhecendo como o pecuarista e muitos técnicos pensam, dão ênfase aqueles parâmetros em seus materiais de propaganda, até mesmo pesquisadores de empresas públicas de pesquisas os exaltam no lançamento de novos cultivares.  Acredita-se que aqueles parâmetros sejam determinados pelo Genótipo que é “a soma de todos os genes de um indivíduo – o seu potencial ou mérito genético, da qual seus descendentes receberão uma amostra aleatória.” Qualquer característica manifestada é denominada em melhoramento genético por Fenótipo, que é “a aparência ou a capacidade produtiva de um indivíduo. É a expressão visível ou mensurável das várias características que constituem um indivíduo.” Uma característica, pode ser classificada como qualitativa, por exemplo, as características botânicas, ou como quantitativas, por exemplo, as características produtivas da forrageira, estas últimas as que nos interessam neste artigo.  Independente da característica em questão ela é a expressão da herança genética transmitida pelos antepassados do indivíduo (o Genótipo) em um determinado ambiente, e da interação genótipo específico/ambiente especifico. O peso do Genótipo na expressão do Fenótipo tem sido quantificado pelo parâmetro Herdabilidade da característica, que é “um termo usado para descrever a força da herança na determinação das diferenças entre indivíduos em uma característica determinada”. A Herdabilidade indica o grau em que o Fenótipo é um indicador de Genótipo e é classificada em Baixa (abaixo de 0,25 ou 25%), Média (entre 0,25 e 0,5 ou 25 a 50%) e Alta (acima de 0,5 ou de 50%). Pois bem, qual é a Herdabilidade para as características que determinam qualidade e produtividade de forragem? É baixa! Ou seja, as diferenças de qualidade e produtividade de forragem entre diferentes espécies forrageiras e para uma mesma espécie são mais devidas ao meio ambiente (leia aqui, manejo) do que ao Genótipo.  Mas não existem mesmo diferenças entre forrageiras para aqueles parâmetros? Os novos cultivares não são superiores aos tradicionais?Aguarde o artigo que escreverei na próxima semana.  

Parâmetros para a Escolha de Espécies Forrageiras para o Estabelecimento de Pastagens – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Continuando a série de artigos sobre o tema que intitula esse texto, hoje, dia 31 de julho de 2025, já no segundo semestre do ano, quatro a cinco meses para o início do período de chuvas na maior parte do território brasileiro, onde as chuvas caem nas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março). Volto a perguntar como fiz na parte 01 dessa sequência de textos – você pecuarista vai estabelecer novas pastagens na sua fazenda? Se sim, já escolheu as espécies forrageiras que serão plantadas? Já deveria, mas se ainda não, acredito que este texto será do seu interesse. Na edição anterior citei e descrevi os parâmetros “exigências climáticas e em solos” e “comportamento frente a insetos, pragas e doenças”. Em sequência citarei e descreverei os seguintes parâmetros. 4. Aceitabilidade pelos animais: descartar aquelas forrageiras que não são bem aceitas pela espécie animal que se pretende explorar, tais como algumas forrageiras do gênero Brachiaria sp para o plantio de pastagens para equinos. Para ruminantes não há diferenças significativas em aceitabilidade para diferentes espécies forrageiras, desde que estas estejam solteiras em piquetes separados, ou seja, o animal só vai exercer a preferência por uma determinada espécie se no piquete houver misturas de forrageiras, pois do contrário, ele consumirá forragem e apresentará desempenho sem diferenças significativas. Em tempo, o termo palatabilidade não se aplica aqui porque o pesquisador não tem como medir este parâmetro de forma quantitativa e avaliar estatisticamente, enquanto a aceitabilidade pode ser medida e comparada através de protocolo de pesquisa já padronizado. 5. Distúrbios metabólicos causados aos animais: descartar aquelas forrageiras que causam distúrbios em uma determinada espécie animal ou em uma categoria dentro da espécie. Como exemplo, as distrofias ósseas em equinos causadas por excesso de oxalato em algumas forrageiras, a fotossensibilização em bezerros, mais comum em pastagens de Brachiaria sp com excesso de sua palhada, a intoxicação por nitrato em pastagem de capim Tanner-Grass (Braquiária-do-brejo).   6. Formas de plantio: toda forrageira pode ser implantada através de mudas, mas nem todas podem ser implantadas através de sementes. Esta segunda forma de plantio praticamente não tem restrições, possibilitando o plantio em pequenas e em grandes áreas, pelos métodos, manual, ou por tração animal, ou tratorizado ou aéreo. O investimento para o plantio da pastagem pode ser duas a três vezes mais baixo quando o plantio é feito através de sementes comparado com o plantio por mudas, quase sempre envolvendo serviço manual. Assim o plantio de uma forrageira que só se reproduz por meio de mudas deve ser a opção apenas quando aquela espécie/cultivar for a mais adaptada às condições de clima e solo ou para fins específicos, tal como a produção de feno com forrageiras do gênero Cynodon sp (gramas Bermudas, gramas Estrelas, Tiftons). 7. Formas de uso: há que definir as finalidades de exploração da área em questão, ou seja – será exclusivamente para pastejo ou apenas para fenação ou ensilagem ou pré-secagem, ou formas destes usos combinadas em uma mesma área. Uma vez definida a forma de uso o técnico que assiste ao produtor irá definir o manejo da área: em caso de exploração sob pastejo definirá o método de pastoreio, as alturas alvos de manejo do pastoreio, a frequência de pastejo; no caso de áreas para corte definirá a altura e a frequência de cortes etc. Observa-se deste resumo que os parâmetros são muitos, que a análise de cada um não é tão simples assim, exigindo conhecimentos profundos de fatores dinâmicos e complexos, tais como o clima, o solo, insetos pragas, doenças, o manejo, ensejando a necessidade do produtor, ser orientado por um especialista. Na terceira parte dessa sequência de textos descreverei outros parâmetros para a escolha de espécies forrageiras – aguarde, será na próxima semana.

Parâmetros para a Escolha de Espécies Forrageiras para o Estabelecimento de Pastagens – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dia 14 de julho de 2025, já no segundo semestre do ano, quatro a cinco meses para o início do período de chuvas na maior parte do território brasileiro, onde as chuvas caem nas estações de primavera (outubro a dezembro) verão (janeiro a março). Você pecuarista vai estabelecer novas pastagens na sua fazenda? Se sim, já escolheu as espécies forrageiras que serão plantadas? Já deveria, mas se ainda não acredito que esse texto será do seu interesse. Quanto maior for o número de cultivares disponíveis no mercado mais opções os técnicos têm para recomendar aos produtores forrageiras para condições especificas e principalmente aumentar a diversidade de forrageiras nas fazendas como base para minimizar danos e prejuízos por estresses causados por efeitos abióticos (extremos de temperatura e umidade) e bióticos (insetos pragas e doenças) sobre as pastagens. Por outro lado, a cada novo lançamento cria-se uma confusão no mercado entre os interessados com seus respectivos interesses: a empresa que lançou o cultivar, as empresas que produzem e comercializam as sementes, os técnicos que orientam os pecuaristas e os pecuaristas. E nesse contexto tem sido frequente a divulgação de dados e informações sem embasamento cientifico e sem validação com promessas de sucesso simplesmente por estar implantando um novo cultivar ou substituindo um cultivar tradicional por um recém-lançado. O mais preocupante é quando se ouve de profissionais que atuam diretamente na área de Forragicultura e Pastagens (consultores, professores e pesquisadores) dados e informações que são aceitáveis vindos de leigos, mas não de especialistas. Então é oportuno trazer mais uma vez esse tema com o objetivo de descrever parâmetros científicos/técnicos para a escolha de espécies forrageiras evitando-se assim os insucessos advindos de escolha e estabelecimento de espécies/cultivares forrageiros não adaptados a condições ambientais especificas. Antes da avaliação de parâmetros para a escolha da espécie forrageira, o técnico que assiste ao pecuarista deve estudar o ambiente onde está a fazenda, compreendendo este o clima, o solo, os insetos, pragas e as doenças de ocorrência na propriedade e região. Com estas informações e dados o técnico busca nas fontes de consulta (Anais de Congressos e Simpósios, teses e dissertações de pós-graduação, Internet, consulta a pesquisadores e outros técnicos…) as características das diferentes espécies forrageiras. Agora vamos aos parâmetros para a escolha da espécie forrageira: Na segunda parte dessa sequência de textos descreverei outros parâmetros para a escolha de espécies forrageiras – aguarde, será na próxima semana.

Critérios para a Compra de Sementes de Plantas Forrageiras – Parte 03

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Na parte 01 dessa sequência de artigos sobre o tema em questão, citei e descrevi os atributos de uma semente, e quando cotar e comprar, e na parte 02 citei e descrevi os tipos de tratamentos de sementes de plantas forrageiras. O objetivo dessa terceira e última parte dessa sequência de artigos será como calcular a taxa de semeadura …Vamos lá. Agora é importante calcular a taxa de semeadura (TS). Para sementes convencionais usa-se o parâmetro valor cultural (VC) para este cálculo. O VC já foi o único parâmetro para a escolha das sementes mais utilizado no mercado. Este VC é determinado pelos atributos físicos (pureza) e fisiológico (germinação) ao mesmo tempo e por definição é o percentual de sementes da espécie ou cultivar desejada, contido no lote de sementes, com possibilidades de germinação e estabelecer plantas normais em condições de campo. Cada espécie forrageira e cada cultivar dentro da espécie tem um número de sementes por grama e um estande de plântulas desejável após a germinação das sementes. Com base nestes parâmetros e o VC do lote de sementes comprado calcula-se a TS, que é dada em quilos de sementes por hectare (kg/ha). Quando são sementes incrustradas é preciso pedir para a empresa fornecer o parâmetro “peso de mil sementes” (PMS), para então fazer o cálculo da taxa de semeadura. Ainda para o cálculo TS é preciso considerar que mesmo em condições ideais a taxa de germinação no campo será de 40 a 50% daquela obtida em condições controladas no teste de germinação em laboratório ou no teste de viabilidade das sementes pelo tetrazólio. Ainda é preciso considerar se a semeadura será manual: na cova ou manual a lanço ou com matraca ou com bomba de fluxo de ar; ou tratorizado: com plantadoras em linha ou a lanço com distribuidor de adubos ou com semeadoras elétricas próprias para sementes de plantas forrageiras, ou se será aéreo, por meio de aviões ou drones. O importante é considerar que quanto piores são as condições de semeadura e para a germinação das sementes, maior deverá ser a TS.  Mesmo comprando sementes de empresas idôneas recomendo que quando a carga de sementes for entregue que se faça coleta de amostras para o envio para um laboratório independente e oficial para análise. Ainda recomendo fazer o teste de germinação na própria fazenda, em canteiro. Assim o pecuarista saberá de fato o padrão das sementes que irá plantar e se houver qualquer frustração no estabelecimento da pastagem não ficar na dúvida que o insucesso foi por causa da qualidade das sementes, evitando situações constrangedoras com a empresa que vendeu. Ao final é possível calcular e comparar entre as empresas que estão participando das cotações qual apresentará a melhor relação de custo/beneficio. Praticamente em todas as avaliações que já fiz quanto melhor é o padrão das sementes menor será o valor do investimento por hectare para o plantio da pastagem. O parâmetro aqui não deve ser o preço por kg de semente (R$/kg) e sim o preço por ponto de valor cultural (R$/% de VC) ou melhor, o valor final que será investido por hectare entre sementes com o mesmo padrão de qualidade desejável. Se você ainda não fez este passo a passo recomendo que corra porque a “janela” para esta etapa está se fechando e que em 2026 você inicie este passo a passo ainda no primeiro semestre.

Critérios para a Compra de Sementes de Plantas Forrageiras – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Na semana passada escrevi a parte 01 dessa sequência de artigos sobre o tema em questão, citando e descrevendo os atributos de uma semente, quando cotar e  quando comprar e as vantagens dessas tomadas de decisões. O objetivo dessa parte 02 é citar e descrever os tipos de tratamentos de sementes de plantas forrageiras. Vamos lá. Muitos tratamentos têm sido incorporados às sementes de plantas forrageiras nos últimos anos, tais como polimerização, escarificação, peletização e incrustração. A escarificação e a peletização já são tratamentos feitos em sementes de leguminosas há muitas décadas. A escarificação para quebrar a dormência física principalmente de sementes pequenas que têm tegumento duro, e a peletização para incorporar calcário e fontes de enxofre e micronutrientes com a finalidade de atender as exigências das bactérias fixadoras de nitrogênio (N). Para sementes de gramíneas forrageiras (capins) a escarificação é importante para sementes de Brachiaria humidicola (capim Humidicola ou capim Quiquio) por causa da sua alta dormência que é explicada pelo método de colheita de suas sementes na inflorescência. Assim a germinação das sementes desta espécie ocorrerá em um tempo semelhante às daquelas espécies cujas sementes são colhidas por varredura ou na palha. Para outras espécies de gramíneas forrageiras é importante para a eliminação das sementes “meia-grana”, ou seja, aquelas sementes que não completaram a maturação fisiológica. Estas sementes meia-grana são consideradas sementes puras e normalmente germinam, mas originam plantas de baixo vigor e muitas vezes morrem antes de se tornarem plantas adultas. A escarificação é química com ácido sulfúrico. Somente sementes de alto vigor e que completaram a maturação fisiológica tolera a escarificação química. Já para a peletização só se esperam respostas para gramíneas que fixam N, mas esta inferência ainda carece de mais pesquisas para embasar um pacote tecnológico que possa ser recomendado para o pecuarista. A polimerização é importante para regular a entrada de água na semente e é importante principalmente para o estabelecimento de pastagens no clima semiárido e em outros climas, mas com alta frequência de estiagens (veranicos) na época de plantio. Quanto à incrustração é preciso tomar cuidado. Em campo tem sido frequentes as reclamações de atraso e desuniformidade de germinação de sementes e emergência de plântulas. Aqui é importante, mais uma vez, que o pecuarista compre sementes incrustradas de empresas que já dominam este processo. Uma vez o processo sendo bem feito a incrustração traz as seguintes vantagens: facilidade no manuseio das sementes; eliminação do pó; facilidade de regulagem dos equipamentos de plantio (aumento o peso das sementes em 2,5 vezes); facilidade no plantio (não se dividem por camadas como acontece com sementes de baixa porcentagem de pureza facilitando a distribuição uniforme); diminui o problema com a deriva em plantio a lanço e aéreo devido ao aumento no tamanho e no peso das sementes; menor risco de intoxicação do trabalhador pelo tratamento com fungicida e inseticida. Na próxima semana, na parte 03 dessa sequência de artigos, demonstrarei como calcular a taxa de semeadura (kg/ha de sementes).

Critérios para a Compra de Sementes de Plantas Forrageiras – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Estou escrevendo este texto dia 25 de junho de 2025, portanto cinco dias após o início da estação de inverno no Hemisfério Sul. Se você pecuarista é daqueles que já “faz o básico bem feito” já terá comprado sementes de forrageiras para o plantio de suas pastagens na estação chuvosa 2025/2026, e terá feito melhores negociações já que no primeiro semestre os preços normalmente são mais baixos e não se corre o risco de não encontrar sementes da forrageira que você pretendia plantar. A maioria dos pecuaristas lembra que vai estabelecer pastagens quando as chuvas chegam, ou seja, compram sementes no segundo semestre. Mas de fato uma das orientações que mais tenho feito no segundo semestre do ano é a avaliação de cotações de sementes para orientar o pecuarista qual comprar. Ou seja, a maioria dos pecuaristas que atendi em 34 anos de trabalho não fizeram o básico bem feito na compra de sementes. Quais parâmetros adoto para avaliar cotações de sementes de forrageiras e orientar o pecuarista? Um lote de sementes tem basicamente três atributos: o genético, o físico e o fisiológico. O atributo genético é dado pela pureza genética das sementes e evita um problema recorrente que é a mistura varietal. Quando um pecuarista compra sementes de uma espécie A ele não quer ver plantas da espécie B misturadas em sua pastagem após o estabelecimento desta. O mesmo para diferentes cultivares de uma mesma espécie. A pureza genética só pode ser garantida pelas empresas que comercializam as sementes, daí a importância de comprar de empresas idôneas que são aquelas que têm campos de sementes registrados, fiscalizados e certificados e têm seus processos auditados e certificados. É possível visualmente diferenciar sementes de espécies forrageiras de diferentes gêneros, por exemplo, entre Andropogon, Brachiaria e Panicum, mas é quase impossível diferenciar visualmente sementes de forrageiras de mesmo gênero, mas de espécies diferentes (por exemplo, entre Brachiaria decumbens e Brachiaria ruziziensis) e mais ainda, entre sementes de diferentes cultivares de uma mesma espécie (entre as dos cultivares Marandu, Paiaguás, Piatã, Xaraés, todos da espécie Brachiaria brizantha). Outro atributo é o físico o qual é dado pela pureza das sementes. Pela legislação em vigor, a partir de fevereiro de 2009 a porcentagem mínima de pureza varia de 40 (gênero Panicum) a 60% (gênero Brachiaria), dependendo da espécie. Desde então as empresas produtoras de sementes fazem muitos esforços para que a porcentagem mínima de pureza seja 70%, mas ainda sem sucesso. Recomendo para o pecuarista comprar sementes padrão exportação com pureza acima de 90% principalmente para sistemas mais intensivos e para a integração com lavoura. Assim o pecuarista evita a introdução em sua propriedade de sementes de plantas infestantes, ovos de pragas (de insetos e nematoides) e esporos de fungos que vem juntos em sementes com impurezas. Por exemplo, em sementes com baixa porcentagem de pureza de capim-braquiarão colhidas no Brasil Central e plantadas no Bioma Amazônico foram encontrados esporos de fungos dos gêneros Fusarium, Phythium e Rhizoctonia, os mesmos encontrados em raízes deste capim em áreas onde a pastagem se degradou pela síndrome da morte do capim-braquiarão. Outro atributo é o fisiológico dado pela porcentagem de germinação das sementes. Quanto maior for este valor maior é a viabilidade, o vigor, a porcentagem de germinação, a sobrevivência no campo e a longevidade das sementes. Além destes atributos, recomendo que as sementes sejam tratadas com inseticidas e fungicidas e que as sementes já venham tratadas pela empresa vendedora para evitar a manipulação de produtos químicos na fazenda. O tratamento com inseticida traz a segurança na fase de estabelecimento da pastagem principalmente ainda na fase de plântula (estrutura que emerge da semente após a sua germinação). O tratamento com fungicida traz segurança contra doenças provocadas por fungos principalmente em ambientes quentes e úmidos, tais como nos Biomas Amazônico e Mata Atlântica, como também na região Sul, onde as temperaturas são mais amenas, mas a umidade é alta. Na segunda parte citarei e descreverei as tecnologias de tratamentos de sementes, como calcular a taxa de semeadura, etc, aguarde.

Suplementação Animal em Pasto – Parte 03

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dando sequência à série de artigos que comecei escrevendo no dia 03 de junho de 2024, associando o manejo de pastagens com a suplementação animal, este é o último artigo sobre resultados de pesquisas conduzidos na estação da seca. Objetivou-se neste experimento avaliar os efeitos da disponibilidade de forragem em pastagens de B. brizantha cultivar Marandu (capim-braquiarão) sobre o ganho de peso de animais nelores machos inteiros na fase de recria suplementados com suplemento mineral/proteico/energético com e sem o aditivo virginiamicina, um antibiótico da classe das estreptograminas produzidas por uma linhagem mutante de Streptomyces virginiae. O trabalho foi conduzido entre os meses de julho e outubro no bioma Cerrados, em uma área de 8 hectares (ha) dividida em dois módulos de pastoreio, de 4 ha cada, divididos em 4 piquetes de 1 ha cada. O método de pastoreio adotado foi o de lotação rotativa, com ciclo de pastoreio de 40 dias, com 30 dias de descanso e 10 dias de ocupação. Durante o experimento foram avaliados 24 bovinos da raça Nelore, machos inteiros, com idade e peso inicial médios de 11 meses e 251 kg, respectivamente. com taxa de lotação de 3,0 cabeças/ha (24 animais/8 ha) e 1.67 UA/ha. Houve um período de adaptação de duas semanas antes do início da coleta dos dados. Os animais foram suplementados para um consumo predito de 0,30 % do peso corporal (PC). A dose do aditivo virginiamicina foi de 160 mg/kg de suplemento, ou 45 mg/kg de peso corporal dos animais. Na Tabela 1 estão os níveis de garantia dos suplementos. Tabela 1. Análises bromatológicas dos suplementos mineral/proteico/energético Tratamento PB % NDT % Ca % P % FDN % FDA % NNP % Lignina % VM 22,7 65,2 5,9 1,1 25,8 16,2 1,8 2,3 Testemunha 26,4 65,0 6,7 1,3 32,5 18,6 1,7 3,2 VM: virginiamicina; PB: proteína bruta; NDT: nutrientes digestíveis totais calculados; Ca: cálcio; P: fósforo; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; NNP: nitrogênio não-proteico. Durante o experimento os animais foram pesados mensalmente, após um período de jejum de sólidos por 14 horas. Foram realizadas mensurações de crescimento e produção de forragem, utilizando a técnica da dupla amostragem: direta, por meio do corte e pesagem da massa de forragem; e indireta, por meio da medida da altura do pasto. Foram coletadas amostras para análises bromatológicas da forragem em cada tratamento. A oferta de forragem planejada foi de 5% do peso corporal dos animais. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, sendo os dados submetidos à análise estatística pelo software SISVAR, versão 5.1, e as médias comparadas teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Durante o período experimental não houve diferença significativa (P > 0,05) para os parâmetros relacionados à disponibilidade de forragem entre os tratamentos (Tabela 2). Tabela 2 – Parâmetros avaliados das forrageiras   TL (UA/ha) CS (UA/ha) TA (kg MS/ha/dia) FA (kg MS/ha) MF pp (kg MS/ha) VM 1,7 a 1,4 a  26,2 a  1.283,7 a  4.299,4 a Testemunha 1,7 a 1,3 a 28,2 a 1.307,4 a 4.461,4 a VM: virginiamicina; TL (UA/ha): taxa de lotação em unidades animais por hectare; CS: capacidade de suporte em unidades animais por hectare; TA: taxa de acúmulo de forragem em kg de matéria seca por hectare por dia; FA: forragem acumulada entre pastejos em kg de matéria seca por hectare; MF pp: massa de forragem pré-pastejo em kg de matéria seca por hectare. Fonte: JUSTINIANO; ALMEIDA; AGUIAR, 2013. Observa-se que houve acúmulo de forragem (kg de MS/ha) e consequente taxa de acúmulo (kg MS/ha/dia) mesmo no período mais crítico do ano, entre julho e outubro, o que possibilitou taxas de lotação (1.7 UA/ha) e capacidades de suporte (entre 1.3 e 1.4 UA/ha) mais altas que as alcançadas na maioria das fazendas mesmo no periodo mais favorável do ano, a estação das chuvas. Este acúmulo de forragem na seca é explicado em grande medida pelo correto manejo do pastoreio e as adubações da pastagem no período das chuvas anterior. Este correto manejo trouxe reflexos positivos também na composição química da forragem. A Tabela 3 traz as médias das análises bromatológicas das amostras de forragem coletadas em cada tratamento. Tabela 3 – Composição química média das forragens    c/ VM s/ VM PB (%) 11,3 9,2 NDT (%) 59,5 55,2 Ca (%) 0,35 0,42 P (%) 0,20 0,20 FDN (%) 64,7 71,8 FDA (%) 31,4 34,4 Lignina 4.04 4.12 Legenda: VM: virginiamicina; PB: proteína bruta; NDT: nutrientes digestíveis totais calculados; Ca: cálcio; P: fósforo; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido. Fonte: JUSTINIANO; ALMEIDA; AGUIAR, 2013. Os consumos médios dos suplementos foram de 0.750 (0.28% do peso) e 0.758 kg/cabeça/dia (0.29% do peso) para animais suplementados com e sem virginiamicina, respectivamente. Houve diferença significativa (P > 0,05) para o parâmetro ganho médio diário (Tabela 4).

Suplementação Animal em Pasto – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dando sequência à série de artigos que comecei a escrever na semana passada, no dia 03 de junho de 2025, associando o manejo de pastagens com a suplementação animal, ainda escrevendo sobre resultados da estação da seca, este segundo artigo traz dados e conclusões de outro experimento conduzido em bioma Cerrados entre os meses de junho e setembro. Objetivou-se neste experimento avaliar os efeitos da suplementação com suplemento mineral/proteico/energético comparado com apenas a suplementação mineral e da frequência de fornecimento dos suplementos sobre o desempenho animal e os custos de fornecimento. O trabalho foi conduzido em uma área de 8 hectares (ha) dividida em quatro módulos de pastoreio, de 2 ha cada, divididos em 6 piquetes por módulo. Em dois módulos estava estabelecido o Panicum maximum cv. Mombaça e em outros dois o Panicum maximum cv. Tanzânia. As pastagens destas forrageiras foram diferidas por 74 dias antes da entrada dos animais. O método de pastoreio utilizado foi o de lotação rotativa, com ciclo de pastoreio de 42 dias, com 35 dias de descanso e 7 dias de ocupação. Durante o experimento foram avaliados 21 bovinos da raça Nelore, machos inteiros, com idade e peso inicial de 12 meses e 232 kg, respectivamente. com taxa de lotação de 2,62 cabeças/ha (21 animais/8 ha) e 1.35 UA/ha. Houve um período de adaptação de duas semanas antes do início da coleta dos dados. Os tratamentos consistiram nas seguintes frequências de fornecimento: diariamente (T-7), em cincos dias da semana, de segunda a sexta-feira (T-5), em três vezes por semana, segunda, quarta e sexta-feira (T-3) e o tratamento controle com o fornecimento suplemento mineral à vontade (T-C). Os animais dos tratamentos T-7, T-5 e T-3 receberam um suplemento mineral/proteico/energético com consumo predito de 0,25 % do peso corporal (PC). Nos níveis de garantia este suplemento continha 35% de proteina bruta, 22,5% de NNP-equivalente proteico, 55% de nutrientes digestíveis totais calculados (NDT), minerais, 1.5 x 1010 de leveduras, e 200 mg de montesina. Durante o experimento foram feitas três pesagens, no início, no meio e no final do experimento. Antes de cada pesagem os animais foram submetidos a períodos de jejum de sólidos por 14 horas. Foram realizadas mensurações de crescimento e produção de forragem, utilizando a técnica da dupla amostragem: direta, por meio do corte e pesagem da massa de forragem; e indireta, por meio da medida da altura do pasto. Foram coletadas duas amostras para análises bromatológicas da forragem em cada tratamento, no início e no final do experimento. A oferta de forragem planejada foi de 5% do PC dos animais. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, sendo os dados submetidos à análise estatística pelo software SISVAR, versão 5.1, e as médias comparadas teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Durante o período experimental não houve diferença significativa (P > 0,05) para os parâmetros relacionados à disponibilidade de forragem entre os tratamentos (Tabela 1). Tabela 1 – Parâmetros avaliados das forrageiras. Variáveis                                                                  Tratamentos   Média CV% T-7 T-5 T-3 T-C Altura pré (cm) 57,9ª 59,8a 56,6ª 57,5ª 58,0 14,10 Altura pós (cm) 37,8ª 43,7a 37,0a 41,1ª 39,9 13,86 MF pré (kg MS/ha) 5.264ª 6.205a 4.981ª 5.321ª 5.443 19,81 MF pós (kg MS/ha) 3.736ª 4.559a 4.139ª 4.753ª 4.997 16,87 Medias seguidas por letras diferentes nas linhas diferiram entre si estatisticamente pelo Teste de Turkey a 5% de significância. CV = coeficiente de variação; T-7 = suplementação diária; T-5 = suplementação de segunda a sexta-feira; T-3 = suplementação segunda, quarta e sexta-feira; T-C = controle. Altura pré pastejo; altura pós pastejo; Massa de forragem pré-pastejo; Massa de forragem pós-pastejo. Fonte: MONTES, 2017. A Tabela 2 traz as médias das análises bromatológicas das amostras de forragem coletadas em cada tratamento. Tabela 2 – Composição química média das forragens.   Tratamentos  Médias   T-7 T-5 T-3 T-C PB (%) 9,6 8,3 7,8 10,2 9,0 NDT (%) 62,6 61,3 59,9 55,1 59,7 Ca (%) 1,14 0,99 0,91 0,93 1,0 P (%) 0,12 0,12 0,13 0,11 0,12 FDN (%) 69,3 71,0 73,0 68,7 70,5 FDA (%) 40,3 40,7 42,0 35,0 39,5 Legenda: PB: proteína bruta; NDT: nutrientes digestíveis totais; Ca: cálcio; P: fósforo; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; T-7 = suplementação diária; T-5 = suplementação segunda a sexta-feira; T-3 = suplementação segunda, quarta e sexta-feira; T-C = controle. Fonte: MONTES, 2017. Os consumos reais dos suplementos múltiplos e mineral foram abaixo do consumo predito nos tratamentos T-7, T-5 e T-3 e T-C nos dois ajustes de consumo (Tabela 3). Tabela 3 – Consumo real e predito de suplemento mineral e múltiplo pelos animais de acordo com manejo de suplementação. Tratamento Consumo real (kg/dia) Média Consumo predito (kg/dia) Média   1¹ 2² Média % PC 1¹ 2² Média % PC T-7 0,38 0,64 0,51 0,21 0,46 0,78 0,62 0,25 T-5 0,29 0,53 0,41 0,16 0,46 0,78 0,63 0,25 T-3 0,39 0,73 0,56 0,22 0,46 0,80 0,63 0,25 T-C 0,036 0,03 0,03 – 0,038 0,041 0,04 – ¹ajuste n Fonte: MONTES, 2017. Não houve diferença significativa (P > 0,05) para o parâmetro peso corporal inicial, enquanto para o parâmetro ganho médio diário houve diferença entre o controle, com animais suplementados apenas com suplemento mineral, e os tratamentos, com animais suplementados com suplemento mineral/proteico/energético, que alcançaram os maiores ganhos. Entretanto não houve diferença significativa de ganho animal entre as diferentes frequências de fornecimento do suplemento mineral/proteico/energético (Tabela 4). Tabela 4 – Indicadores técnicos de produtividade dos tratamentos                   avaliados. Indicador Unidades T-7 T-5 T-3 T-C Média CV% PCI kg 230,8ª 233,8a 230,2a 234,0a 232,2 9,45 PCF kg 284,4 290,2 285,0 261,8 280,4 – GMD kg/dia 0,840ª 0,881a 0,916a 0,434b 0,770 26,50 Medias seguidas por letras diferentes na linha diferiram entre si estatisticamente pelo Teste de Tukey a 5% de significância. CV = coeficiente de variação; T-7 = suplementação