Estabelecimento de Pastagens de Inverno – Parte 03

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda.

Continuando a sequência de artigos sobre o tema que intitula este texto (leia a Parte 01 e Parte 02 para compreender melhor o conteúdo desta terceira parte). Estou escrevendo este artigo no dia 3 de maio de 2025, portanto, já se passaram 43 dias desde o início do outono.

Na terceira e última parte desta sequência, tratarei das pastagens de inverno em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP).

A semeadura das pastagens de inverno é realizada após a colheita da cultura agrícola cultivada na primavera/verão (outubro a março) ou simultaneamente ao plantio da cultura agrícola de segunda safra, entre meados do verão e meados do outono (fevereiro a abril).

Na região subtropical do Brasil, são semeadas as mesmas espécies citadas anteriormente para o sistema de pastagens de inverno sobressemeadas sobre pastagens perenes tropicais e subtropicais. Já na região tropical, utilizam-se espécies forrageiras tropicais de ciclo perene, como as do gênero Brachiaria spp. e da espécie Panicum maximum, além de espécies de ciclo anual, como o milheto e o sorgo para pastejo.

Se a área for cultivada apenas com a safra de primavera/verão, é possível adotar um destes dois métodos de semeadura:

  1. Semeadura com plantadora de plantio direto sobre a palhada da cultura agrícola;
  2. Semeadura a lanço com distribuidor de adubo sobre a palhada, seguida por um cultivo mínimo com gradagem leve.

Caso haja atraso no plantio ou na colheita da cultura de primeira safra, a janela para semeadura da forrageira de inverno pode ficar estreita. Nessa situação, recorre-se à sobressemeadura aérea, feita com aviões agrícolas, semeadoras acopladas à barra do pulverizador, ou ainda com distribuidores de adubo a lanço, no final do ciclo produtivo da cultura agrícola.

Se a área for cultivada com safra e segunda safra (safrinha) — como no caso da “dobradinha” soja/milho — a semeadura da forrageira ocorre no plantio da segunda safra. O produtor pode optar por:

  • Semeadura a lanço sobre a palhada da primeira cultura, seguida por gradagem leve ou uso de corrente para cobrir as sementes;
  • Semeadura simultânea da forrageira e da cultura agrícola;
  • Semeadura da forrageira no momento da adubação de cobertura da cultura.

Neste artigo, já descrevi os potenciais de produção de forrageiras de inverno, como aveia e azevém. Por sua vez, as forrageiras de clima tropical em sistemas de ILP podem acumular entre 5,5 e 11 toneladas de matéria seca por hectare, com colheita possível em um período de 45 a 150 dias durante a estação seca.

Essa ampla variação no tempo de uso está relacionada ao número de cultivos agrícolas realizados (um ou dois) e ao destino da cultura de segunda safra — como o milho, que pode ser colhido para silagem (planta inteira ou grão úmido) ou para grãos secos.

Considerando um potencial médio de 7,4 t de MS/ha, a capacidade de suporte pode variar entre 1,37 e 5,5 UA/ha. Essa amplitude dependerá da oferta de forragem adotada, do período de pastejo disponível e da massa de forragem residual necessária para a formação da palhada visando o plantio direto da próxima safra.

Além disso, a qualidade da forragem dessas espécies tropicais permite ganhos diários de peso entre 0,47 e 0,70 kg/animal, variação que também depende dos mesmos fatores já mencionados neste artigo para as forrageiras de clima temperado.

Por fim, quanto à produtividade por área (em kg ou @/ha), deixo a estimativa a seu critério, de acordo com o modelo de produção adotado na sua fazenda.