Suplementação Animal em Pasto – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Estou escrevendo esse texto no dia 04 de junho de 2025, faltando apenas 17 dias para a entrada da estação de inverno, que na maior parte do território brasileiro coincide com a estação seca do ano. Escreverei uma sequência de artigos associando o manejo de pastagens com a suplementação animal em pasto, estratégia que possibilita maximizar o desempenho individual e a produtividade por área. Para tal vou usar o banco de dados que tenho de resultados de pesquisas que orientei em fazendas de pesquisa e de resultados de campo em fazendas comerciais que atendo e de resultados de pesquisas de outras fontes. Estes artigos serão escritos em duas etapas, a primeira agora no período da seca, com resultados deste período, e a segunda no período das chuvas, com resultados deste período. Os primeiros resultados que apresentarei são de um experimento conduzido no bioma Cerrados, entre os meses de junho e setembro, na estação de inverno, que na região tropical do Brasil, coincide com o período da seca, totalizando 95 dias. Objetivou-se neste experimento avaliar os efeitos de diferentes níveis de suplementação proteica-energética sobre o desempenho animal e as características de carcaça de bovinos machos inteiros da raça Nelore. O trabalho foi conduzido em uma área total de 8 hectares (ha) dividida em dois módulos de pastoreio, de 4 ha cada, divididos em 12 piquetes. Em um dos módulos estava estabelecido o Panicum maximum cv. Mombaça e em outro o Panicum maximum cv. Tanzânia. O método de pastoreio utilizado foi o de lotação rotativa. Durante o experimento foram avaliados 22 bovinos da raça Nelore, machos inteiros, com taxa de lotação de 2,75 cabeças/ha (22 animais/8 ha). Não houve período de adaptação porque antes do início deste experimento os animais já estavam nestas pastagens suplementados com suplemento múltiplo protéico/energético no nível de 0,3% do peso corporal. Durante o experimento os animais foram suplementados com suplemento concentrado nos níveis de oferta de 2% (T1) e 1,5% (T2) do peso corporal. Cada tratamento foi encerrado quando alcançou um consumo total de 500 kg do suplemento. No 75° dia experimental o grupo de animais do T2 atingiu tal consumo e os animais do T1 permaneceram mais 20 dias, totalizando 95 dias experimentais. Durante o experimento foram feitas três pesagens, a primeira no início do experimento, a segunda aos 75 dias e uma terceira, só para os animais do T1, aos 95 dias. Antes de cada pesagem e avaliação por ultrassonografia os animais foram submetidos a períodos de jejum de sólidos por 16 horas. Para avaliação das características de carcaça foi utilizado o aparelho de ultrassonografia Aloka SSD 500V (EletroMedicina Berger, Ltda), equipado com um transdutor linear de 3,5 MHz de frequência e 17,2 cm de comprimento. Foi utilizado óleo vegetal como acoplante acústico. As imagens foram salvas em computador e posteriormente analisadas em software específico por técnico certificado. A partir dessas mensurações foram obtidas 88 imagens coletadas. Os dados de área de olho do lombo (AOL) foram mensurados entre a região da 12a e 13ª costelas, transversalmente ao músculo Longissimus dorsi, já a espessura de gordura subcutânea (EGS) foi medida a ¾ da borda medial sobre o mesmo músculo Longissimus dorsi, e as imagens de espessura de gordura da picanha (EGP), coletadas na garupa, entre o íleo e o ísquio, sendo avaliada a espessura de gordura na picanha. Por meio das imagens de ultrassom foram calculados, por equações de predição, o peso e a percentagem da porção comestível das carcaças, (PERPC e PESPC), a fim de estimar o rendimento dos cortes de alto valor comercial. Após a última pesagem e avaliação por ultrassonografia dos animais de cada tratamento, foi realizado o embarque e transporte até o frigorífico, com uma duração de viagem de aproximadamente 4 horas. O abate foi realizado no dia seguinte, sendo os animais submetidos às etapas no frigorífico: recepção, banho de aspersão, atordoamento, sangria, esfola, evisceração, corte de carcaça e refrigeração. Os animais foram pesados ao final da linha de abate onde se obteve o peso de carcaça quente (PCQ). Com base nesses dados foi calculado o rendimento de carcaça dos animais (RC). O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, sendo os dados submetidos à análise estatística pelo software SISVAR, versão 5.1, e as médias comparadas teste de Tukey ao nível de 5% de significância. Na tabela a seguir estão descritos os resultados do desempenho dos animais em pasto e das características de suas carcaças. Os dados apresentados foram coletados nos dias 95 e 75, para os tratamentos 1 e 2, respectivamente. Tabela 1. Resultados de desempenho animal suplementados em pasto e das características de suas carcaças avaliadas por ultrassonografia. Parâmetro Unidade T1 (1,5% PC)   T2 (2,0% PC) PCi kg 397,09 a 395,27 a PCf kg 508,63 a 498,81 a PCm kg 452,86 447,04 GMD                  kg/cabeça/dia 1,174 b 1,380 a EA kg de ganho/kg consumido 0,17 0,15 GC kg/cabeça/dia 0,96 1,24 TLi UA/ha 2,42 2,41 TLf UA/ha 3,10 3,04 Produtividade kg/ha em 75 dias 242 284 Produtividade @/ha em 75 dias 9,19 11,06 RC % 56,96 b 58,30 a PCQ1 kg 289,68 a 290,72 a PCQ2 @ 19,31 19,38 AOL cm2 78,29 a 73,93 b EGS mm 4,57 a 3,86 b EGP mm 6,79 a 5,80 a PESPC kg 207,82 a 200,96 a PERPC % 70,85 a 70,84 a PCi: peso corporal inicial; PCf: peso corporal final; PCm: peso corporal médio; GMD: ganho médio diário; EA: eficiência alimentar; GC: ganho de carcaça; TLi: taxa de lotação inicial; TLf: taxa de lotação final; RC: rendimento de carcaça; PCQ: peso de carcaça quente; AOL: área de olho de lombo; EGS: espessura de gordura subcutânea; EGP: espessura de gordura da picanha; PESPC: peso da porção comestível; PERPC: percentagem da porção comestível. Letras iguais, na linha, não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey ao nível de

Resultados de Produtividade em Sistemas de ILP – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. No mês de janeiro de 2025 escrevi para esse site dois artigos sobre o estabelecimento da pastagem nos sistemas de integração lavoura/pecuária parte 1 e parte 2. Já no dia 13 de maio de 2025 escrevi um artigo sobre manejo do pastoreio em sistemas de ILP, e em 21 de maio de 2025 escrevi sobre resultados de produtividade da pecuária em sistemas de ILP. Essas datas não foram por acaso, mas sim baseadas na sequência de etapas em um sistema de ILP na modalidade de sucessão de culturas tipicamente conduzidas em regiões agrícolas no qual as safras, primeira e segunda, ocorrem entre setembro/outubro a janeiro/fevereiro, e entre janeiro/fevereiro a junho/julho. Hoje, dia 27 de maio, escreverei sobre resultados de produtividade da agricultura nesses sistemas. Além dos ganhos diretos da pecuária, em desempenho individual e em produtividade por hectare, como descritos no artigo da semana passada, se tem os ganhos trazidos pela palhada deixada pela planta forrageira ou por esta com a da cultura agrícola. Em avaliações conduzidas no Estado do Mato Grosso do Sul, no cultivo solteiro de milho, a massa de palhada inicial logo após a colheita dos grãos foi de 4,0 toneladas de matéria seca por hectare (t de MS/ha), e a massa final foi de 2,0 t de MS/ha, enquanto nas áreas em consórcio de milho com plantas forrageiras a massa inicial variou entre 8,1 a 8,4 t de MS/ha, e a final entre 2,3 a 2,5 t de MS/ha. Observa-se aí a contribuição da biomassa das plantas forrageiras no consórcio com o milho. Em avaliação conduzida no Estado de Goiás, a massa de forragem inicial variou entre 5,9 a 8,7 t de MS/ha no pré-pastejo, e no final do período de uso da pastagem a massa de resíduo pós-pastejo variou entre 0,9 a 2,9 t de MS/ha. Os animais foram retirados da área que ficou em descanso para a rebrota e acúmulo de forragem e na pré-dessecação, antes do plantio de soja, as massas de forragem variaram entre 3,1 a 5,6 t de MS/ha. Resultados de fazendas comerciais no estado de Goiás refletem expressivamente os ganhos da ILP que possibilitou o aumento na taxa de lotação de 0,4 UA/ha para 2,0, a produtividade da terra de 2,0 para 16 @/ha após cinco safras, enquanto as produtividades de soja aumentaram de 40 para 60 sacas/ha e a de milho de 80 para 180 sacas/ha. Há uma enorme preocupação dos agricultores com a queda de produtividade das lavouras das culturas agrícolas principalmente na modalidade de ILP de “consórcio cultura agrícola/pastagem”, também denominada tecnicamente por “plantio de pastagem com cultura acompanhante”. Experimentos conduzidos, principalmente nos estados das regiões Sul e Centro Oeste com diversas culturas agrícolas, tais como arroz, milho, soja, sorgo, trigo, consorciadas com capins forrageiros, principalmente dos gêneros Brachiaria sp e Panicum sp (região tropical do Brasil), e Avena sp e Lolium sp (região subtropical do país) com métodos de semeadura do capim forrageiro a lanço e em linha, as produtividades dessas culturas foram iguais na modalidade “cultura solteira”, mas em muitos experimentos e em fazendas comerciais, as produtividades das culturas agrícolas aumentaram. Por fim a eficiência de uso da terra em sistemas de cultivo exclusivo de soja e de milho são de apenas 42% e 50% dos 12 meses do ano, respectivamente, enquanto em sistemas de sucessão soja > milho safrinha é de 80%; de soja > milho > pastagem ou de milho > pastagem é de 92% e na modalidade de integração lavoura/pecuária/floresta (ILPF) é de 100% do tempo. A relação de benefício/custo da ILP tem sido em média de R$ 3.7/R$ 1 e a chance de um empreendimento agropecuário apresentar resultado econômico negativo, com base na renda líquida é de 52% (aproximadamente cinco anos em 10 anos) em um sistema exclusivo de lavoura de grãos, de 39% (quatro anos em 10 anos) em um sistema exclusivo de pecuária de corte, e de apenas 26% (2.5 anos em 10 anos) em um SIPA na modalidade de ILP. Na próxima edição descreverei as bases para o estabelecimento da pastagem em sistemas de ILP – aguarde.

Resultados de Produtividade em Sistemas de ILP – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. No mês de janeiro de 2025 escrevi para esse site dois artigos sobre o “estabelecimento da pastagem nos sistemas de integração lavoura/pecuária (ILP)”. Já no dia 10 de maio de 2025 escrevi um artigo sobre “manejo do pastoreio em sistemas de ILP”. Hoje, 17 de maio de 2025 escreverei sobre resultados de produtividade da pecuária em sistemas de ILP e na próxima semana escreverei sobre resultados de produtividade da agricultura nesses sistemas. Uma vez diagnosticado a viabilidade da adoção da ILP é preciso definir como os componentes lavoura e pecuária serão integrados, se em rotação (por exemplo, 1 a 3 anos de pastagens com 1 a 3 anos de lavoura na mesma área em anos diferentes), ou consorcio (por exemplo, plantio anual de arroz, ou milho ou sorgo consorciados com plantas forrageiras numa mesma área ou em áreas diferentes) ou sucessão (por exemplo, soja > pastagem, ou soja > milho ou sorgo consorciados com planta forrageira > pastagem, na mesma área e no mesmo ano). Na sucessão de culturas é comum na Região Sul do país soja ou milho na primavera/verão (safra) > aveia e ou azevém e outras forrageiras de inverno no outono/inverno (segunda safra ou safrinha), enquanto no restante do Brasil o mais comum é soja ou milho na primavera/verão (safra) > milheto ou sorgo para pastejo ou Brachiaria/Panicum, no outono/inverno (segunda safra ou safrinha). Alguns exemplos para a sucessão de culturas na região tropical do país são: i)milho ou sorgo ou milheto consorciados com capim de outubro/novembro a março/abril > pastagem de maio/junho a setembro; ii)soja de outubro/novembro a fevereiro/março > milho ou milheto ou sorgo consorciados com capim de fevereiro/março a junho/julho > pastagem de julho/agosto a setembro; iii)soja de outubro/novembro a fevereiro/março > plantio direto de forrageiras anuais ou perenes de março a abril > pastagem de maio/junho a setembro; iv)soja de outubro/novembro a fevereiro/março > sobressemeadura de forrageiras perenes ou anuais no final do ciclo da soja > estabelecimento da pastagem em março/abril > pastejo de maio/junho a setembro. Na tabela 1 estão resumidos resultados de pesquisas da produtividade da pecuária em sistemas de ILP na modalidade de sucessão de culturas soja > pastagem. Tabela 1 – Indicadores de produtividade da atividade pecuária em sistemas de integração lavoura/pecuária na modalidade de sucessão de culturas. Parâmetro Unidade Valor Massa de forragem t de MS/ha 5,6 a 9,1 (Estado do MS) e 5,9 a 8,7 (Estado de GO) Palhada de forragem mais de milho t de MS/ha 7,4 a 11,9 (Estado do MS); 8,1 a 8,4 (Estado de GO) Taxa de lotação UA/ha 1,95 a 3,2 (Estado de GO) PB, NDT, FDN e FDA na forragem % 8,5 a 11,5 (PB); 59 a 61 (NDT); 66 a 68 (FDN) e 39.5 a 44 (FDA) (Estado de GO) GMD kg/cabeça/dia 0,47 a 0,70 (média 0,58); 0,592 a 0,712 (média 0,636) (Estado de GO) Produtividade @/ha 9,5 a 13,7; 11 a 18 (Estados de MS e GO) t de MS/ha: toneladas de matéria seca por hectare; UA/ha: unidade animal por hectare; PB: proteína bruta; NDT: nutrientes digestíveis totais; FDN: fibra em detergente neutro; FDA: fibra em detergente ácido; GMD: ganho médio diário; Estados de MS e GO: Mato Grosso do Sul e Goiás. Nos experimentos conduzidos no estado de Goiás as taxas de lotação médias variaram entre 1,95 a 3,2 UA/ha, dependendo da espécie/cultivar da planta forrageira, iniciando com 2,27 a 5,09 UA/ha e no final com 1,12 a 1,55 UA/ha. Nestes trabalhos o período de pastejo nas pastagens de inverno, foi de 140 dias e os animais avaliados pesaram no início da avaliação entre 228 e 237 kg e foram suplementados com suplemento mineral. As pastagens brasileiras na média, em 12 meses, têm sido lotadas com 0,70 UA/ha e entregado ganho médio diário de 0,23 kg/cabeça/dia e produtividade da terra de 3,7 @/ha/ano. Apenas na modalidade de sucessão de culturas, na qual a pastagem é explorada por apenas menos de cinco meses por ano, as produtividades têm sido acima de 9,0 @/ha. No Estado do Mato Grosso do Sul em fazenda de pesquisa a produtividade da pastagem degradada de Brachiaria decumbens foi de 4,7 @/ha, em pasto não degradado e adubado por quatro anos a produtividade alcançada foi de 12,7 @/ha e em pastagem explorada por quatro anos sem adubar, mas após quatro anos de soja adubada, a produtividade foi de 13,9 @/ha.  Em fazenda comercial no Estado do Mato Grosso do Sul em pastagem degradada os indicadores alcançados foram 0,9 UA/ha, 0,211 kg/cabeça/dia de ganho médio diário e produtividade de 3,4 @/ha; enquanto em pastagem recuperada diretamente por meio de correção e adubação do solo alcançou-se 1,68 UA/ha, 0,467/cabeça/dia e 19,9 @/ha; na pastagem pós cultivo de arroz: 1,81 UA/ha, 0,434/cabeça/dia e 19,8 @/ha e na pastagem pós cultivo de milho: 1,94 UA/ha, 0,443/cabeça/dia e 22,3 @/ha. Em fazendas comerciais no estado de São Paulo a ILP possibilitou o aumento na taxa de lotação de 1,3 UA/ha para 2,2 UA/ha, o ganho médio diário de 0,185 para 0,469 kg/cabeça/dia, e a produtividade da terra de 2,4 para 16 @/ha após cinco safras.

O Manejo do Pastoreio nos Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP)

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. No mês de janeiro de 2025 escrevi para esse site dois artigos sobre o “estabelecimento da pastagemnos sistemas de integração lavoura/pecuária” e conclui o texto do segundo artigo assim: “por enquanto é isso, a soja ainda precisa completar seu ciclo, ser colhida, a pastagem estabelecida …: lá pelo mês de maio escreverei uma sequência de artigos sobre o manejo do pastoreio em pastagens no sistema de ILP – aguarde. Hoje, dia 13 de maio de 2025, chegou o momento para dar sequência ao proposto.  Em fazendas cuja atividade é apenas a pecuária a infraestrutura desejável das pastagens deve buscar piquetes de formato quadrado com área de até 7 ha, pastagens redivididas com cercas convencionais e ou elétricas, água suprida em bebedouro em qualidade e quantidade, cochos dimensionados para o tamanho do lote de animais, sombreamento bem dimensionado para o lote de animais.  E qual infraestrutura o pecuarista precisa em um sistema de ILP? Neste sistema nem sempre é possível ter a infraestrutura desejável sem atrapalhar o rendimento operacional das máquinas, implementos e veículos durante a fase da agricultura no sistema ILP. Assim os piquetes nem sempre tem o formato quadrado e são grandes, porque de fato são talhões de lavoura; nem sempre têm sombreamento natural, provido por arvores, porque estas são suprimidas. Como os talhões são relativamente grandes os animais andam mais até os pontos onde está a infraestrutura de bebedouros, cochos, sombreamentos, levando a condição de pastejo desuniforme, com áreas subpastejadas e com áreas superpastejadas em um mesmo talhão. E nas áreas superpastejadas ocorre problema de plantabilidadeda cultura agrícola por causa do adensamento do solo, e nas áreas subpastejadas pode haver excesso de palhada que também compromete a plantabilidade.  Muitos produtores que atendo têm minimizado esta condição indesejável com o uso de cercas elétricas móveis e outros que atendo têm preferido colher e conservar a forragem disponível nas áreas de ILP nas formas de feno, présecado e silagem. No manejo da pastagem, o manejo do pastoreio é o procedimento diário de conduzir os animais para colher a forragem disponível. Aqui o objetivo é alcançar pressão ótima de pastejo quando a taxa de lotação é ajustada à capacidade de suporte da pastagem, e maximizar o consumo de forragem pelo animal para maximizar seu desempenho, alcançar a taxa de lotação suportada para maximizar a produtividade por área, e ao mesmo tempo preservar o solo e o estande de plantas do pasto. E em um sistema de ILP tem objetivos além destes? Sim, pois além dos ganhos diretos da pecuária, em desempenho individual e em produtividade por hectare, se tem os ganhos trazidos pela palhada deixada pela planta forrageira ou por esta com a da cultura agrícola.  No cultivo solteiro de milho, a massa de forragem inicial logo após a colheita dos grãos foi de 4 t de matéria seca/ha (MS/ha), e a massa de forragem final foi de 2 t de MS/ha, enquanto nas áreas em consórcio de milho com pastagem a massa de forragem inicial variou entre 7,0 a 8,5 t de MS/ha, e a final entre 2,5 a 4,0 t de MS/ha. Observa-se aí a contribuição da biomassa das plantas forrageiras no consórcio com o milho. Em grande medida os ganhos alcançados na lavoura na modalidade de ILP se deve aos efeitos das palhadas de forrageiras. Para cada 1.000 kg a mais de palhada por hectare acima de 2.458 kg de MS/ha no pré-plantio de soja foi possível aumentar em 364 kg/ha de grãos de soja ou aproximadamente 6 sacas/ha. E aqui vejo o principal erro cometido pelos produtores no sistema de ILP. Não deixar palhada suficiente para alcançar os ganhos que este componente traz para o sistema. E não deixar palhada suficiente significa “superpastejo” do pasto durante a fase que a área é explorada com pastagem. Assim, não é possível maximizar nem a produtividade da pecuária (o desempenho por animal e a produtividade por área), nem a produtividade da agricultura por deixar o solo mais exposto, mais adensado, por falta de palhada.  

Estabelecimento de Pastagens de Inverno – Parte 03

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Continuando a sequência de artigos sobre o tema que intitula este texto (leia a Parte 01 e Parte 02 para compreender melhor o conteúdo desta terceira parte). Estou escrevendo este artigo no dia 3 de maio de 2025, portanto, já se passaram 43 dias desde o início do outono. Na terceira e última parte desta sequência, tratarei das pastagens de inverno em sistemas de integração lavoura-pecuária (ILP). A semeadura das pastagens de inverno é realizada após a colheita da cultura agrícola cultivada na primavera/verão (outubro a março) ou simultaneamente ao plantio da cultura agrícola de segunda safra, entre meados do verão e meados do outono (fevereiro a abril). Na região subtropical do Brasil, são semeadas as mesmas espécies citadas anteriormente para o sistema de pastagens de inverno sobressemeadas sobre pastagens perenes tropicais e subtropicais. Já na região tropical, utilizam-se espécies forrageiras tropicais de ciclo perene, como as do gênero Brachiaria spp. e da espécie Panicum maximum, além de espécies de ciclo anual, como o milheto e o sorgo para pastejo. Se a área for cultivada apenas com a safra de primavera/verão, é possível adotar um destes dois métodos de semeadura: Caso haja atraso no plantio ou na colheita da cultura de primeira safra, a janela para semeadura da forrageira de inverno pode ficar estreita. Nessa situação, recorre-se à sobressemeadura aérea, feita com aviões agrícolas, semeadoras acopladas à barra do pulverizador, ou ainda com distribuidores de adubo a lanço, no final do ciclo produtivo da cultura agrícola. Se a área for cultivada com safra e segunda safra (safrinha) — como no caso da “dobradinha” soja/milho — a semeadura da forrageira ocorre no plantio da segunda safra. O produtor pode optar por: Neste artigo, já descrevi os potenciais de produção de forrageiras de inverno, como aveia e azevém. Por sua vez, as forrageiras de clima tropical em sistemas de ILP podem acumular entre 5,5 e 11 toneladas de matéria seca por hectare, com colheita possível em um período de 45 a 150 dias durante a estação seca. Essa ampla variação no tempo de uso está relacionada ao número de cultivos agrícolas realizados (um ou dois) e ao destino da cultura de segunda safra — como o milho, que pode ser colhido para silagem (planta inteira ou grão úmido) ou para grãos secos. Considerando um potencial médio de 7,4 t de MS/ha, a capacidade de suporte pode variar entre 1,37 e 5,5 UA/ha. Essa amplitude dependerá da oferta de forragem adotada, do período de pastejo disponível e da massa de forragem residual necessária para a formação da palhada visando o plantio direto da próxima safra. Além disso, a qualidade da forragem dessas espécies tropicais permite ganhos diários de peso entre 0,47 e 0,70 kg/animal, variação que também depende dos mesmos fatores já mencionados neste artigo para as forrageiras de clima temperado. Por fim, quanto à produtividade por área (em kg ou @/ha), deixo a estimativa a seu critério, de acordo com o modelo de produção adotado na sua fazenda.

Estabelecimento de Pastagens de Inverno – Parte 02

 Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Continuando a sequência de artigos sobre o tema que titula esse artigo (leia a parte 01 para compreender melhor o conteúdo dessa segunda parte) estou escrevendo esse texto dia 26 de abril de 2025, portanto, já são 36 dias após o início da estação de outono. Como métodos para a semeadura de forrageiras de inverno o pecuarista tem os seguintes: Sobressemeadura: neste método a sequência de procedimentos pode ser a seguinte: antes dos animais entrarem em um piquete as sementes são semeadas a lanço sobre o pasto; os animais são colocados no piquete para pastejarem e ao mesmo tempo pisotearem as sementes no solo; os animais são retirados do piquete e mudados para um outro piquete; após a retirada dos animais faz-se a roçada do resíduo pós-pastejo e o material roçado formará uma camada de palha protetora sobre as sementes pisoteadas. Plantio direto: neste método a sequência de procedimentos pode ser a seguinte: os animais são colocados no piquete para pastejarem; após a retirada dos animais faz-se a roçada do resíduo pós-pastejo e o material roçado formará uma camada de palha sobre a qual será feita a semeadura com plantadora de plantio direto. Atenção as recomendações das taxas de semeadura as quais vão depender da espécie ou das espécies que serão estabelecidas, de variedades e ou cultivares em cada espécie, e do método de semeadura, se a lanço ou se em linha. Os técnicos de empresas que vendem sementes certificadas e ou o consultor do pecuarista poderão orientá-lo quanto as taxas de semeadura.  A partir daí é esperar boas chuvas, na região subtropical, e fazer as irrigações na região tropical do país. Em condições adequadas o primeiro pastejo é realizado até 45 dias após a semeadura, quando as forrageiras alcançam suas alturas alvos, no caso da Aveia, 25 cm (aproximadamente 80% da altura alvo de 30 cm recomendado para a pastagem já estabelecida) e 15 cm no caso do Azevém (mesmo parâmetro). Estas forrageiras têm um potencial de acumular entre 6 a 10 toneladas de matéria seca por hectare em um período de 120 a 150 dias desde que o solo seja corrigido e as adubações aplicadas sejam em doses que possibilitem explorar estes potenciais. Considerando um potencial médio de 7 t de MS/ha, um período de 120 dias de pastejo, com uma eficiência de uso de 80% da forragem acumulada e um consumo de 2,67% do peso corporal dos animais, a capacidade de suporte média será de 3,89 UA/ha. Por outro lado, a qualidade da forragem destas forrageiras tem potencial de permitir ganhos entre 0,70 a mais de 1,0 kg/animal/dia. Esta amplitude de variação depende de vários fatores, tais como a oferta de forragem (kg de MS/100 kg do peso corporal ou % do peso corporal), o animal – seu grau de sangue, seu sexo, sua idade, seu peso corporal, o tipo de suplemento e o seu nível de suplementação … Bem, sobre a produtividade por área (kg ou @/ha) vou deixar você calcular de acordo com o tipo de animal que pastejará ai na sua fazenda. Na terceira e última parte dessa sequência de artigos escreverei sobre pastagens de inverno em sistema de integração lavoura pecuária (ILP) – aguarde.

Estabelecimento de Pastagens de Inverno – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Entre os artigos editados neste site nos meses de fevereiro, março e abril, em alguns tratei do tema estabelecimento de pastagens perenes por meio de sementes e de mudas e no período das chuvas. Os procedimentos apresentados nestes artigos para a execução deste tipo  de estabelecimento poderão ser uteis para o pecuarista que tem fazendas em regiões do país com chuvas de primavera/verão (iniciando entre setembro e novembro e terminando entre março e maio) planejar e executar o estabelecimento de pastagens no período chuvoso 2025:2026, mas continua em tempo de serem adotados pelos pecuaristas que têm fazendas em regiões do país com chuvas de final de verão e outono/inverno (chuvas iniciando entre janeiro e março e finalizando até setembro) como é em muitas regiões dos estados da região Nordeste. Mas neste artigo tratarei de o tema como estabelecer pastagens de inverno. Estou escrevendo esse texto dia 18 de abril de 2025, portanto, já são quase um mês após o início da estação de outono. Para desenvolver o conteúdo deste artigo tenho que dividir o Brasil em dois ambientes quanto ao tipo climático – subtropical, compreendendo a parte sul dos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo, e os estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); e o tropical, no restante das regiões e estados do país. Ainda tenho que caracterizar dois sistemas de produção – um de pastagens tropicais estabelecidas com espécies forrageiras tropicais e subtropicais de ciclo de vida perene, e um de integração lavoura/pecuária (no mês de janeiro de 2025 escrevi para esse meu site dois artigos sobre o estabelecimento de pastagem na ILP).   E por fim caracterizar as espécies forrageiras de clima temperado, também conhecidas por forrageiras de inverno, e espécies forrageiras de clima tropical e subtropical. Agora, sim, vamos lá: Pastagens de inverno sobressemeadas sobre pastagens perenes tropicais e subtropicaisNesta modalidade as pastagens estabelecidas com forrageiras de clima tropical e subtropical de ciclo perene são exploradas solteiras entre outubro e março (estações de primavera/verão) e em consorcio com forrageiras de inverno entre abril e setembro (estações de outono/inverno). Na região sul esta modalidade de exploração de pastagens já vem sendo adotada pelos pecuaristas há pelo menos seis décadas.  Lá têm sido estabelecidas as forrageiras Aveia, Azevém anual, Centeio, Cevada, Cornichão, Ervilhaca, Trevos, Trigo, Triticale, solteiras, mas na maioria das fazendas tem sido em misturas. Já na região tropical do Brasil têm basicamente sido estabelecidas as forrageiras Aveia e Azevém, solteiras ou em misturas. Neste artigo vou usar as forrageiras Aveia e Azevém para explicar como estabelecer pastagens de inverno, já que estas são plantadas tanto na região subtropical como na tropical do Brasil. Na região subtropical do país ocorrem chuvas nas estações de outono/inverno e esta condição possibilita o estabelecimento de pastagens de inverno sem a necessidade de irrigação. Por outro lado, na região tropical do país as estações de outono/inverno coincidem com a estação seca e então para estabelecer pastagens de inverno há a necessidade de irrigação. Neste sistema em questão a semeadura é feita entre o início de abril a início de junho, idealmente em abril para ter mais período de uso da pastagem de inverno. Como métodos para a semeadura o pecuarista tem os seguintes, mas aguarde, esse conteúdo será tema para o artigo da próxima semana.

Preparo de Solo para o Estabelecimento da Pastagem – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dia 12 de abril de 2025, a estação de verão já se foi, já são 22 dias da de outono. Você já fez o inventário de suas pastagens? (veja artigos publicados nesse site nos dias 13 e 19 de março). Se fez, tem áreas para serem estabelecidas? Sua propriedade está localizada na região tropical do Brasil onde o período chuvoso se estende pelas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março)? Se sim, essa sequência de artigos deverá ser do seu interesse. Leia a parte 01 que foi publicada nesse site na semana passada. Para o início da operação de preparo do solo é preciso ir a campo para avaliar o grau de sua umidade. O ideal é que este esteja friável (macio). Quando seco ao ser preparado com arados e grades os agregados do solo serão destruídos e a argila que é a menor partícula e, portanto, mais densa será arrastada pelas águas das chuvas e se acumulará em algum horizonte no perfil do solo provocando um adensamento na camada onde se acumula levando à compactação. Quando muito úmido onde as aivecas ou os discos dos arados e das grades passarem se formará um “espelhamento” que levará a um adensamento e à compactação do solo. Recomendo que o preparo de solo tenha início no final do período chuvoso aí na região onde está a sua fazenda quando o solo ainda estará com umidade adequada, ou seja, friável, macio. Nesta condição, além de não provocar a compactação do solo, o rendimento operacional das máquinas e implementos será maior, com menor custo de combustíveis e menor desgaste dos implementos e das máquinas. Ainda, iniciar o preparo do solo no final do período chuvoso é importante para incorporar corretivos (calcário, agrosilicatos, etc.) e dar tempo para que estes reajam no solo até o início das próximas chuvas quando o plantio da pastagem será realizado. O solo estando ainda úmido favorece a incorporação dos corretivos na profundidade necessária. Quando seco, e em solos mais pesados (argilosos) quase nunca os corretivos são bem incorporados o que provoca o acúmulo destes em menor profundidade levando à uma supercalagem e suas graves consequências. O início do preparo do solo no final do período chuvoso ainda tem a vantagem de ser mais eficaz como método mecânico de controle de plantas daninhas e insetos pragas (cigarrinhas, cupins, formigas, percevejo castanho-das-raízes etc.) porque o solo ficará exposto à radiação solar durante a seca. Por exemplo, para pragas cortadoras, tais como formigas, quando em alta infestação, o método mais eficaz é deixar o terreno livre de vegetação por pelo menos quatro meses durante a seca. Em solos infestados pelo percevejo castanho-das-raízes o preparo profundo do solo durante a seca é um método mecânico eficaz de controle deste inseto praga e neste caso o arado de aivecas é melhor que o de discos por penetrar mais profundo e tombar a camada de solo. Em solos de texturas mais leves, tais como os arenosos (menos de 15% de argila) e os médios (16 a 35% de argila) a sequência de preparo de solo é a seguinte: grade pesada, grade intermediária e grade leve niveladora. Em solos com texturas mais pesadas, tais como os argilosos (36 a 60% de argila) e os muito argilosos (mais de 60% de argila) a sequêncianecessária pode ser: aração, grade pesada, grade intermediária e grade leve niveladora. Quando o terreno está infestado por plantas daninhasde difícil controle, principalmente aquelas que deixam um banco de sementes no solo com grandes quantidades de sementes, tais como os capins infestantes carrapicho ou timbete (Cenchrus echinatus), amargoso (Digitaria insularis), capivara ou navalha (Paspalum sp) e capeta (Sporobolus indicus),etc., é recomendado o preparo com aração invertida com a seguinte sequência: grade pesada, grade intermediaria, aração, grade intermediaria e grade leve. Esta sequência é conhecida por aração invertida porque no preparo convencional do solo a aração é a primeira operação de preparo de solo: aração, grades pesadas e intermediárias e grade leve. A sequência de preparo de solo na seca com as gradagens tem a finalidade de expor a parte subterrânea da planta ao sol (raízes, rizomas, tubérculos etc.), como também picar estes tecidos acelerando a sua secagem e morte. Já a aração invertida próxima do momento do plantio, tem a finalidade de enterrar o banco de sementes o mais profundo possível no solo impedindo ou pelo menos atrasando a sua germinação. Aqui também o arado de aivecas é mais eficaz que o de discos. Estas sequencias de preparo de solo citadas devem ser executadas já a partir do último mês de chuvas na região, desde que as condições de umidade do solo permitam o trabalho das maquinas e dos implementos e devem ser feitas de forma alternada, por exemplo, para regiões com período chuvoso entre setembro a abril, assim: maio aração ou grade pesada; junho deixa o solo exposto; julho, grade pesada ou intermediária; agosto deixa o solo exposto; setembro aração invertida ou grade intermediária ou leve; outubro grade leve niveladora deixando o terreno já preparado para a semeadura ou o plantio de mudas a partir de outubro:novembro. A última operação de preparo do solo com a grade leve niveladora tem a finalidade de preparar uma “cama” para as sementes, para que a semeadura seja uniforme e a germinação seja rápida e também uniforme. Quanto menor ficar a partícula do solo por mais tempo a água das chuvas ficará retida o que pode ser determinante para o estabelecimento da pastagem se ocorrerem veranicos (estiagens). Se o solo ficar muito pulverizado é recomendado compactar o terreno com rolos compactadores antes da semeadura para evitar o arraste de solo com sementes, corretivos e adubos pelas águas das chuvas e o enterro de sementes em maiores profundidades que impeçam a sua germinação ou a

Preparo de Solo para o Estabelecimento da Pastagem – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dia 31 de março de 2025, a estação de verão já se foi, inicio da de outono. Você já fez o inventário de suas pastagens? (veja artigos publicados nesse site nos dias 13 e 19 de março). Se fez, tem áreas para serem estabelecidas? Sua propriedade está localizada na região tropical do Brasil onde o período chuvoso se estende pelas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março)? Se sim, essa sequência de artigos deverá ser do seu interesse. Quando do estabelecimento de uma pastagem é possível encontrar na área, onde esta será estabelecida basicamente cinco condições que determinarão diferentes etapas de operações até o momento da semeadura ou do plantio de mudas. Recomendo a ida à uma determinada área para a tomada de decisão de como será a programação para o estabelecimento da pastagem no último mês de chuvasai na região onde está a fazenda para que haja tempo suficiente para o planejamento e a execução de todas as etapas necessárias dentro das suas janelas de operação.Na maioria das regiões de pecuária do Brasil onde o período chuvoso vai de outubro a março, esse mês será março. Se sua fazenda está em regiões onde o período chuvoso se estende pelas estações de outono e inverno, por exemplo, em partes das regiões Nordeste e Norte, aquele mês deverá ser em setembro. O terreno da área onde a pastagem será estabelecida poderá estar coberto por uma mata, ou por uma formação dos cerrados (campo limpo, campo sujo, campo cerrado, cerrado ou cerradão), ou uma pastagem degradada ou uma área de lavoura que foi cultivada com preparo convencional do solo ou uma área de lavoura que foi cultivada em sistema de plantio direto. Quando o terreno está coberto por vegetação de mata ou um campo cerrado, ou um cerrado ou um cerradão ou uma pastagem degradada cuja vegetação infestante já alcançou uma condição de uma formação secundaria (tipo capoeira ou juquira) com plantas já com porte arbóreo, o terreno deverá ser limpo antes de iniciar o preparo do solo. A finalidade da etapa de limpeza do terreno é eliminar os obstáculos para permitir as operações das máquinas, implementos e veículos que virão em sequência. Nestas condições basicamente existem dois métodos de limpeza do terreno, o convencional e o mecânico. Pelo método convencional a limpeza do terreno é feita com a prática da queima após a extração dos troncos das arvores cuja madeira tem valor comercial, queimando tocos, restos de caules, galhos e folhas das arvores que foram abatidas e aquelas que não foram abatidas. Pelo método mecânico, após a extração dos troncos das arvores cuja madeira tem valor comercial o restante da vegetação é arrancado e enleirada por máquinas com lâmina e enleirador frontal, ou com correntão, ou com link ou com rolo-faca, dependendo do porte e do peso da massa da vegetação. É fundamental que antes de iniciar a limpeza do terreno que o produtor consiga as licenças exigidas pela legislação ambiental para não trabalhar à margem da lei. Quando o método de limpeza é o convencional a operação em sequência será apenas a semeadura já que o solo não será preparado e ficará com obstáculos, tais como tocos, troncos, galhos etc. Em outra oportunidade vou escrever sobre métodos de semeadura, os quais são determinados pelos métodos de limpeza do terreno e do preparo do solo. Quando o método de limpeza é o mecânico o solo poderá ser preparado convencionalmente por meio de aração e gradagens. Já quando o terreno está coberto por pastagem degradada, mas com vegetação infestante leve (plantas com portes herbáceo e subarbustivo) a média (plantas com porte arbustivo) e por lavoura a operação de limpeza do terreno não precisa ser executada já dando início à operação de preparo de solo. Com exceção do terreno que foi cultivado com lavoura em sistema de plantio direto na palha nas outras condições a operação de preparo de solo deverá ser executada. Aguarde a segunda parte dessa sequência de artigos sobre preparo de solo.

Inventário de Recursos em um Sistema de Produção Animal em Pasto – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Na primeira parte dessa sequência de textos sobre esse tema citei os objetivos de um inventário de recursos, quando, quem e como fazer. Descrevi quais dados e informações coletar ainda no escritório da fazenda ou da empresa na cidade, ou na fazenda. Nessa segunda parte descreverei quais dados e informações deverão ser coletados em campo. No campo iniciamos pelas pastagens e seu manejo relacionando a identificação e a área de cada piquete, de cada módulo de pastoreio, o número de piquetes por módulo, o método de pastoreio adotado (se lotação continua, ou lotação alternada ou lotação rotativa), a forrageira predominante e o estado de degradação da pastagem em cada piquete, os erros de manejo do pastoreio, por subpastejo ou por superpastejo. Atenção especial é dada à infraestrutura da pastagem, tal como os tipos de fonte de água para os animais, de cocho para suplementação e de sombreamento e suas dimensões, para identificar restrições nos seus dimensionamentos e as consequências negativas desta situação; os tipos das cercas e seu estado de conservação. Ainda na pastagem são identificados as plantas daninhas e os insetos pragas que infestam e atacam as plantas forrageiras, suas populações e os programas adotados para seu manejo e controle. Durante o percurso nas pastagens vai se anotando também dados e informações do rebanho em relação à raça ou cruzamento, as categorias animais, a homogeneidade de apartação dos lotes, a condição corporal dos animais e seu comportamento, escore de fezes, etc. Da suplementação é preciso ver e anotar os tipos de suplementos fornecidos, se volumosos quais são: silagens, pré-secados, fenos, cana, capim para corte; os minerais, os múltiplos (nitrogenado, proteico, energético) e concentrados que são fornecidos ao rebanho, e as estratégias de suplementação no planejamento alimentar ao longo do ano. Das benfeitorias e edificações é preciso ver e anotar as características da infraestrutura para orientar qual nível tecnológico de exploração será possível com a já existente e identificar itens que faltam para alcançar outro nível tecnológico de exploração; diagnosticar se a infraestrutura não está pesada, inchada, para o nível de exploração atual e o pretendido. Currais de manejo, de confinamento, galpões, moradias, sistema de água (reservatório), implementos, máquinas e veículos precisam ser relacionados. Ai, podemos voltar para o “escritório” para lá completar o preenchimento do formulário. Ainda sobre o rebanho serão anotados os pesos corporais médios de cada categoria animal ou lote de apartação para calcular a taxa de lotação, os consumos dos suplementos, seus níveis de garantia, ou se conhece a sua composição por meio de análises bromatológicas. Anota-se também os medicamentos, vacinas, vermífugos aplicados e suas dosagens. Do calendário anual anotam-se os principais eventos com o rebanho e com as pastagens para poder sugerir calendários específicos. Do mercado local anota-se quais as cidades mais próximas, para onde o pecuarista vende os produtos; o preço do produto no mercado (carne ou lã ou leite); os preços de animais para cria, recria e engorda, preços de terra; onde compra produtos agropecuários e alternativas de uso da terra para aluguel e arrendamentos, para grãos, florestas, cana, seringueira. É preciso saber de onde vem o dinheiro investido na atividade e para seu custeio. É próprio? É financiado? Se financiado, quais linhas de financiamento, as taxas de juros, os prazos de carência e para pagamento? Anotam-se os índices zootécnicos e econômicos para compará-los com os padrões de referência Da gestão da atividade é preciso conhecer o organograma administrativo (as posições, cargos e funções), o uso de ferramentas de gestão (softwares, planilhas eletrônicas, aplicativos), os pontos fortes e fracos da empresa. Por fim anotam-se as dúvidas, os objetivos e as metas do pecuarista. Assim que o pecuarista confirma o trabalho de consultoria eu envio este formulário para ele o preencher e me enviar preenchido pelo menos um mês antes do primeiro trabalho em sua fazenda e neste intervalo de tempo deixo um canal aberto para ele ou quem ele designar poder me consultar para tirar dúvidas de como preencher os campos. Aqui quero compartilhar com vocês o resultado da aplicação por mim e por colegas que adotam este modelo em seu trabalho de consultoria de mais de 400 formulários deste tipo em 22 anos: se não estou enganado, talvez três ou quatro pecuaristas preencheram o formulário na íntegra. A triste constatação é que a maioria dos pecuaristas não dá importância a dados e informações do seu negócio, não se preocupam com isso, não registram a maioria dos eventos e esta situação dificulta bastante o trabalho de um consultor. Para não perder o costume, deixe eu perguntar a você pecuarista uma coisa: se um consultor fosse hoje na sua fazenda para fazer um atendimento de consultoria e te perguntasse aqueles dados e informações para preenchimento de um formulário como este, você teria tudo em mãos?