Estabelecimento de Pastagens de Inverno – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Continuando a sequência de artigos sobre o tema que titula esse artigo (leia a parte 01 para compreender melhor o conteúdo dessa segunda parte) estou escrevendo esse texto dia 26 de abril de 2025, portanto, já são 36 dias após o início da estação de outono. Como métodos para a semeadura de forrageiras de inverno o pecuarista tem os seguintes: Sobressemeadura: neste método a sequência de procedimentos pode ser a seguinte: antes dos animais entrarem em um piquete as sementes são semeadas a lanço sobre o pasto; os animais são colocados no piquete para pastejarem e ao mesmo tempo pisotearem as sementes no solo; os animais são retirados do piquete e mudados para um outro piquete; após a retirada dos animais faz-se a roçada do resíduo pós-pastejo e o material roçado formará uma camada de palha protetora sobre as sementes pisoteadas. Plantio direto: neste método a sequência de procedimentos pode ser a seguinte: os animais são colocados no piquete para pastejarem; após a retirada dos animais faz-se a roçada do resíduo pós-pastejo e o material roçado formará uma camada de palha sobre a qual será feita a semeadura com plantadora de plantio direto. Atenção as recomendações das taxas de semeadura as quais vão depender da espécie ou das espécies que serão estabelecidas, de variedades e ou cultivares em cada espécie, e do método de semeadura, se a lanço ou se em linha. Os técnicos de empresas que vendem sementes certificadas e ou o consultor do pecuarista poderão orientá-lo quanto as taxas de semeadura. A partir daí é esperar boas chuvas, na região subtropical, e fazer as irrigações na região tropical do país. Em condições adequadas o primeiro pastejo é realizado até 45 dias após a semeadura, quando as forrageiras alcançam suas alturas alvos, no caso da Aveia, 25 cm (aproximadamente 80% da altura alvo de 30 cm recomendado para a pastagem já estabelecida) e 15 cm no caso do Azevém (mesmo parâmetro). Estas forrageiras têm um potencial de acumular entre 6 a 10 toneladas de matéria seca por hectare em um período de 120 a 150 dias desde que o solo seja corrigido e as adubações aplicadas sejam em doses que possibilitem explorar estes potenciais. Considerando um potencial médio de 7 t de MS/ha, um período de 120 dias de pastejo, com uma eficiência de uso de 80% da forragem acumulada e um consumo de 2,67% do peso corporal dos animais, a capacidade de suporte média será de 3,89 UA/ha. Por outro lado, a qualidade da forragem destas forrageiras tem potencial de permitir ganhos entre 0,70 a mais de 1,0 kg/animal/dia. Esta amplitude de variação depende de vários fatores, tais como a oferta de forragem (kg de MS/100 kg do peso corporal ou % do peso corporal), o animal – seu grau de sangue, seu sexo, sua idade, seu peso corporal, o tipo de suplemento e o seu nível de suplementação … Bem, sobre a produtividade por área (kg ou @/ha) vou deixar você calcular de acordo com o tipo de animal que pastejará ai na sua fazenda. Na terceira e última parte dessa sequência de artigos escreverei sobre pastagens de inverno em sistema de integração lavoura pecuária (ILP) – aguarde.
Estabelecimento de Pastagens de Inverno – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Entre os artigos editados neste site nos meses de fevereiro, março e abril, em alguns tratei do tema estabelecimento de pastagens perenes por meio de sementes e de mudas e no período das chuvas. Os procedimentos apresentados nestes artigos para a execução deste tipo de estabelecimento poderão ser uteis para o pecuarista que tem fazendas em regiões do país com chuvas de primavera/verão (iniciando entre setembro e novembro e terminando entre março e maio) planejar e executar o estabelecimento de pastagens no período chuvoso 2025:2026, mas continua em tempo de serem adotados pelos pecuaristas que têm fazendas em regiões do país com chuvas de final de verão e outono/inverno (chuvas iniciando entre janeiro e março e finalizando até setembro) como é em muitas regiões dos estados da região Nordeste. Mas neste artigo tratarei de o tema como estabelecer pastagens de inverno. Estou escrevendo esse texto dia 18 de abril de 2025, portanto, já são quase um mês após o início da estação de outono. Para desenvolver o conteúdo deste artigo tenho que dividir o Brasil em dois ambientes quanto ao tipo climático – subtropical, compreendendo a parte sul dos estados do Mato Grosso do Sul e São Paulo, e os estados da região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul); e o tropical, no restante das regiões e estados do país. Ainda tenho que caracterizar dois sistemas de produção – um de pastagens tropicais estabelecidas com espécies forrageiras tropicais e subtropicais de ciclo de vida perene, e um de integração lavoura/pecuária (no mês de janeiro de 2025 escrevi para esse meu site dois artigos sobre o estabelecimento de pastagem na ILP). E por fim caracterizar as espécies forrageiras de clima temperado, também conhecidas por forrageiras de inverno, e espécies forrageiras de clima tropical e subtropical. Agora, sim, vamos lá: Pastagens de inverno sobressemeadas sobre pastagens perenes tropicais e subtropicaisNesta modalidade as pastagens estabelecidas com forrageiras de clima tropical e subtropical de ciclo perene são exploradas solteiras entre outubro e março (estações de primavera/verão) e em consorcio com forrageiras de inverno entre abril e setembro (estações de outono/inverno). Na região sul esta modalidade de exploração de pastagens já vem sendo adotada pelos pecuaristas há pelo menos seis décadas. Lá têm sido estabelecidas as forrageiras Aveia, Azevém anual, Centeio, Cevada, Cornichão, Ervilhaca, Trevos, Trigo, Triticale, solteiras, mas na maioria das fazendas tem sido em misturas. Já na região tropical do Brasil têm basicamente sido estabelecidas as forrageiras Aveia e Azevém, solteiras ou em misturas. Neste artigo vou usar as forrageiras Aveia e Azevém para explicar como estabelecer pastagens de inverno, já que estas são plantadas tanto na região subtropical como na tropical do Brasil. Na região subtropical do país ocorrem chuvas nas estações de outono/inverno e esta condição possibilita o estabelecimento de pastagens de inverno sem a necessidade de irrigação. Por outro lado, na região tropical do país as estações de outono/inverno coincidem com a estação seca e então para estabelecer pastagens de inverno há a necessidade de irrigação. Neste sistema em questão a semeadura é feita entre o início de abril a início de junho, idealmente em abril para ter mais período de uso da pastagem de inverno. Como métodos para a semeadura o pecuarista tem os seguintes, mas aguarde, esse conteúdo será tema para o artigo da próxima semana.
Preparo de Solo para o Estabelecimento da Pastagem – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dia 12 de abril de 2025, a estação de verão já se foi, já são 22 dias da de outono. Você já fez o inventário de suas pastagens? (veja artigos publicados nesse site nos dias 13 e 19 de março). Se fez, tem áreas para serem estabelecidas? Sua propriedade está localizada na região tropical do Brasil onde o período chuvoso se estende pelas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março)? Se sim, essa sequência de artigos deverá ser do seu interesse. Leia a parte 01 que foi publicada nesse site na semana passada. Para o início da operação de preparo do solo é preciso ir a campo para avaliar o grau de sua umidade. O ideal é que este esteja friável (macio). Quando seco ao ser preparado com arados e grades os agregados do solo serão destruídos e a argila que é a menor partícula e, portanto, mais densa será arrastada pelas águas das chuvas e se acumulará em algum horizonte no perfil do solo provocando um adensamento na camada onde se acumula levando à compactação. Quando muito úmido onde as aivecas ou os discos dos arados e das grades passarem se formará um “espelhamento” que levará a um adensamento e à compactação do solo. Recomendo que o preparo de solo tenha início no final do período chuvoso aí na região onde está a sua fazenda quando o solo ainda estará com umidade adequada, ou seja, friável, macio. Nesta condição, além de não provocar a compactação do solo, o rendimento operacional das máquinas e implementos será maior, com menor custo de combustíveis e menor desgaste dos implementos e das máquinas. Ainda, iniciar o preparo do solo no final do período chuvoso é importante para incorporar corretivos (calcário, agrosilicatos, etc.) e dar tempo para que estes reajam no solo até o início das próximas chuvas quando o plantio da pastagem será realizado. O solo estando ainda úmido favorece a incorporação dos corretivos na profundidade necessária. Quando seco, e em solos mais pesados (argilosos) quase nunca os corretivos são bem incorporados o que provoca o acúmulo destes em menor profundidade levando à uma supercalagem e suas graves consequências. O início do preparo do solo no final do período chuvoso ainda tem a vantagem de ser mais eficaz como método mecânico de controle de plantas daninhas e insetos pragas (cigarrinhas, cupins, formigas, percevejo castanho-das-raízes etc.) porque o solo ficará exposto à radiação solar durante a seca. Por exemplo, para pragas cortadoras, tais como formigas, quando em alta infestação, o método mais eficaz é deixar o terreno livre de vegetação por pelo menos quatro meses durante a seca. Em solos infestados pelo percevejo castanho-das-raízes o preparo profundo do solo durante a seca é um método mecânico eficaz de controle deste inseto praga e neste caso o arado de aivecas é melhor que o de discos por penetrar mais profundo e tombar a camada de solo. Em solos de texturas mais leves, tais como os arenosos (menos de 15% de argila) e os médios (16 a 35% de argila) a sequência de preparo de solo é a seguinte: grade pesada, grade intermediária e grade leve niveladora. Em solos com texturas mais pesadas, tais como os argilosos (36 a 60% de argila) e os muito argilosos (mais de 60% de argila) a sequêncianecessária pode ser: aração, grade pesada, grade intermediária e grade leve niveladora. Quando o terreno está infestado por plantas daninhasde difícil controle, principalmente aquelas que deixam um banco de sementes no solo com grandes quantidades de sementes, tais como os capins infestantes carrapicho ou timbete (Cenchrus echinatus), amargoso (Digitaria insularis), capivara ou navalha (Paspalum sp) e capeta (Sporobolus indicus),etc., é recomendado o preparo com aração invertida com a seguinte sequência: grade pesada, grade intermediaria, aração, grade intermediaria e grade leve. Esta sequência é conhecida por aração invertida porque no preparo convencional do solo a aração é a primeira operação de preparo de solo: aração, grades pesadas e intermediárias e grade leve. A sequência de preparo de solo na seca com as gradagens tem a finalidade de expor a parte subterrânea da planta ao sol (raízes, rizomas, tubérculos etc.), como também picar estes tecidos acelerando a sua secagem e morte. Já a aração invertida próxima do momento do plantio, tem a finalidade de enterrar o banco de sementes o mais profundo possível no solo impedindo ou pelo menos atrasando a sua germinação. Aqui também o arado de aivecas é mais eficaz que o de discos. Estas sequencias de preparo de solo citadas devem ser executadas já a partir do último mês de chuvas na região, desde que as condições de umidade do solo permitam o trabalho das maquinas e dos implementos e devem ser feitas de forma alternada, por exemplo, para regiões com período chuvoso entre setembro a abril, assim: maio aração ou grade pesada; junho deixa o solo exposto; julho, grade pesada ou intermediária; agosto deixa o solo exposto; setembro aração invertida ou grade intermediária ou leve; outubro grade leve niveladora deixando o terreno já preparado para a semeadura ou o plantio de mudas a partir de outubro:novembro. A última operação de preparo do solo com a grade leve niveladora tem a finalidade de preparar uma “cama” para as sementes, para que a semeadura seja uniforme e a germinação seja rápida e também uniforme. Quanto menor ficar a partícula do solo por mais tempo a água das chuvas ficará retida o que pode ser determinante para o estabelecimento da pastagem se ocorrerem veranicos (estiagens). Se o solo ficar muito pulverizado é recomendado compactar o terreno com rolos compactadores antes da semeadura para evitar o arraste de solo com sementes, corretivos e adubos pelas águas das chuvas e o enterro de sementes em maiores profundidades que impeçam a sua germinação ou a
Preparo de Solo para o Estabelecimento da Pastagem – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dia 31 de março de 2025, a estação de verão já se foi, inicio da de outono. Você já fez o inventário de suas pastagens? (veja artigos publicados nesse site nos dias 13 e 19 de março). Se fez, tem áreas para serem estabelecidas? Sua propriedade está localizada na região tropical do Brasil onde o período chuvoso se estende pelas estações de primavera (outubro a dezembro) e verão (janeiro a março)? Se sim, essa sequência de artigos deverá ser do seu interesse. Quando do estabelecimento de uma pastagem é possível encontrar na área, onde esta será estabelecida basicamente cinco condições que determinarão diferentes etapas de operações até o momento da semeadura ou do plantio de mudas. Recomendo a ida à uma determinada área para a tomada de decisão de como será a programação para o estabelecimento da pastagem no último mês de chuvasai na região onde está a fazenda para que haja tempo suficiente para o planejamento e a execução de todas as etapas necessárias dentro das suas janelas de operação.Na maioria das regiões de pecuária do Brasil onde o período chuvoso vai de outubro a março, esse mês será março. Se sua fazenda está em regiões onde o período chuvoso se estende pelas estações de outono e inverno, por exemplo, em partes das regiões Nordeste e Norte, aquele mês deverá ser em setembro. O terreno da área onde a pastagem será estabelecida poderá estar coberto por uma mata, ou por uma formação dos cerrados (campo limpo, campo sujo, campo cerrado, cerrado ou cerradão), ou uma pastagem degradada ou uma área de lavoura que foi cultivada com preparo convencional do solo ou uma área de lavoura que foi cultivada em sistema de plantio direto. Quando o terreno está coberto por vegetação de mata ou um campo cerrado, ou um cerrado ou um cerradão ou uma pastagem degradada cuja vegetação infestante já alcançou uma condição de uma formação secundaria (tipo capoeira ou juquira) com plantas já com porte arbóreo, o terreno deverá ser limpo antes de iniciar o preparo do solo. A finalidade da etapa de limpeza do terreno é eliminar os obstáculos para permitir as operações das máquinas, implementos e veículos que virão em sequência. Nestas condições basicamente existem dois métodos de limpeza do terreno, o convencional e o mecânico. Pelo método convencional a limpeza do terreno é feita com a prática da queima após a extração dos troncos das arvores cuja madeira tem valor comercial, queimando tocos, restos de caules, galhos e folhas das arvores que foram abatidas e aquelas que não foram abatidas. Pelo método mecânico, após a extração dos troncos das arvores cuja madeira tem valor comercial o restante da vegetação é arrancado e enleirada por máquinas com lâmina e enleirador frontal, ou com correntão, ou com link ou com rolo-faca, dependendo do porte e do peso da massa da vegetação. É fundamental que antes de iniciar a limpeza do terreno que o produtor consiga as licenças exigidas pela legislação ambiental para não trabalhar à margem da lei. Quando o método de limpeza é o convencional a operação em sequência será apenas a semeadura já que o solo não será preparado e ficará com obstáculos, tais como tocos, troncos, galhos etc. Em outra oportunidade vou escrever sobre métodos de semeadura, os quais são determinados pelos métodos de limpeza do terreno e do preparo do solo. Quando o método de limpeza é o mecânico o solo poderá ser preparado convencionalmente por meio de aração e gradagens. Já quando o terreno está coberto por pastagem degradada, mas com vegetação infestante leve (plantas com portes herbáceo e subarbustivo) a média (plantas com porte arbustivo) e por lavoura a operação de limpeza do terreno não precisa ser executada já dando início à operação de preparo de solo. Com exceção do terreno que foi cultivado com lavoura em sistema de plantio direto na palha nas outras condições a operação de preparo de solo deverá ser executada. Aguarde a segunda parte dessa sequência de artigos sobre preparo de solo.
Inventário de Recursos em um Sistema de Produção Animal em Pasto – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Na primeira parte dessa sequência de textos sobre esse tema citei os objetivos de um inventário de recursos, quando, quem e como fazer. Descrevi quais dados e informações coletar ainda no escritório da fazenda ou da empresa na cidade, ou na fazenda. Nessa segunda parte descreverei quais dados e informações deverão ser coletados em campo. No campo iniciamos pelas pastagens e seu manejo relacionando a identificação e a área de cada piquete, de cada módulo de pastoreio, o número de piquetes por módulo, o método de pastoreio adotado (se lotação continua, ou lotação alternada ou lotação rotativa), a forrageira predominante e o estado de degradação da pastagem em cada piquete, os erros de manejo do pastoreio, por subpastejo ou por superpastejo. Atenção especial é dada à infraestrutura da pastagem, tal como os tipos de fonte de água para os animais, de cocho para suplementação e de sombreamento e suas dimensões, para identificar restrições nos seus dimensionamentos e as consequências negativas desta situação; os tipos das cercas e seu estado de conservação. Ainda na pastagem são identificados as plantas daninhas e os insetos pragas que infestam e atacam as plantas forrageiras, suas populações e os programas adotados para seu manejo e controle. Durante o percurso nas pastagens vai se anotando também dados e informações do rebanho em relação à raça ou cruzamento, as categorias animais, a homogeneidade de apartação dos lotes, a condição corporal dos animais e seu comportamento, escore de fezes, etc. Da suplementação é preciso ver e anotar os tipos de suplementos fornecidos, se volumosos quais são: silagens, pré-secados, fenos, cana, capim para corte; os minerais, os múltiplos (nitrogenado, proteico, energético) e concentrados que são fornecidos ao rebanho, e as estratégias de suplementação no planejamento alimentar ao longo do ano. Das benfeitorias e edificações é preciso ver e anotar as características da infraestrutura para orientar qual nível tecnológico de exploração será possível com a já existente e identificar itens que faltam para alcançar outro nível tecnológico de exploração; diagnosticar se a infraestrutura não está pesada, inchada, para o nível de exploração atual e o pretendido. Currais de manejo, de confinamento, galpões, moradias, sistema de água (reservatório), implementos, máquinas e veículos precisam ser relacionados. Ai, podemos voltar para o “escritório” para lá completar o preenchimento do formulário. Ainda sobre o rebanho serão anotados os pesos corporais médios de cada categoria animal ou lote de apartação para calcular a taxa de lotação, os consumos dos suplementos, seus níveis de garantia, ou se conhece a sua composição por meio de análises bromatológicas. Anota-se também os medicamentos, vacinas, vermífugos aplicados e suas dosagens. Do calendário anual anotam-se os principais eventos com o rebanho e com as pastagens para poder sugerir calendários específicos. Do mercado local anota-se quais as cidades mais próximas, para onde o pecuarista vende os produtos; o preço do produto no mercado (carne ou lã ou leite); os preços de animais para cria, recria e engorda, preços de terra; onde compra produtos agropecuários e alternativas de uso da terra para aluguel e arrendamentos, para grãos, florestas, cana, seringueira. É preciso saber de onde vem o dinheiro investido na atividade e para seu custeio. É próprio? É financiado? Se financiado, quais linhas de financiamento, as taxas de juros, os prazos de carência e para pagamento? Anotam-se os índices zootécnicos e econômicos para compará-los com os padrões de referência Da gestão da atividade é preciso conhecer o organograma administrativo (as posições, cargos e funções), o uso de ferramentas de gestão (softwares, planilhas eletrônicas, aplicativos), os pontos fortes e fracos da empresa. Por fim anotam-se as dúvidas, os objetivos e as metas do pecuarista. Assim que o pecuarista confirma o trabalho de consultoria eu envio este formulário para ele o preencher e me enviar preenchido pelo menos um mês antes do primeiro trabalho em sua fazenda e neste intervalo de tempo deixo um canal aberto para ele ou quem ele designar poder me consultar para tirar dúvidas de como preencher os campos. Aqui quero compartilhar com vocês o resultado da aplicação por mim e por colegas que adotam este modelo em seu trabalho de consultoria de mais de 400 formulários deste tipo em 22 anos: se não estou enganado, talvez três ou quatro pecuaristas preencheram o formulário na íntegra. A triste constatação é que a maioria dos pecuaristas não dá importância a dados e informações do seu negócio, não se preocupam com isso, não registram a maioria dos eventos e esta situação dificulta bastante o trabalho de um consultor. Para não perder o costume, deixe eu perguntar a você pecuarista uma coisa: se um consultor fosse hoje na sua fazenda para fazer um atendimento de consultoria e te perguntasse aqueles dados e informações para preenchimento de um formulário como este, você teria tudo em mãos?
Inventário de Recursos em um Sistema de Produção Animal em Pasto – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Na gestão de uma fazenda de pecuária é importanteiniciar com a adoção do critério de fazer o básico bem feito. O primeiro passo para tal é inventariar os recursos disponíveis para o desenvolvimento daatividade primeiramente concluindo um diagnóstico da situação atual e da condição potencial do projetoem questão, e em sequência estabelecendo metas entre os indicadores atuais e os potenciais, elaborar os planejamentos de curto, médio e longo prazos com base nas metas estabelecidas, executar o planejado e assim por diante. O inventário de recursos deve ser executado quando do inicio de um trabalho de consultoria em um determinado projeto e repetido anualmente, no primeiro ano praticamente executado por umconsultor, nos anos seguintes pelo consultor e integrantes da equipe do projeto, e depois por integrantes da equipe do projeto sob a supervisão de um consultor. O inventário de recursos pode ser executado em qualquer mês do ano, mas para sistemas de produção animal em pasto e em projetos já acompanhados por um consultor, eu recomendo e executo o inventário de recursos iniciando quando estiver faltando dois meses para o termino do período chuvoso na região onde a propriedade está.Na maioria das regiões do Brasil esses dois últimos meses do período das chuvas ocorre nos meses de fevereiro/março ou março/abril ou abril/maio. Como hoje é dia 09/03/2025, penso ser oportuno trazer esse conteúdo para você interessado. Tem bases técnicas, econômicas, operacionais e de gestão para essa recomendação. Após 11 anos atendendo a pecuaristas (de 1991 a 2002) cheguei à conclusão de que a maioria não estava preparada para receber um consultor em sua propriedade. Como era? Eu chegava para o trabalho e começava a pedir dados e informações sobre a atividade e eles não tinham, ou tinham, mas estavam desorganizados e nem sabiam onde encontrar o que eu pedia. Ai eu percebi que não chegaríamos muito longe assim. A partir de 2002 comecei a elaborar um formulário para inventariar recursos em fazendas de pecuária e de integração lavoura/pecuária, o qual venho melhorando nos últimos 23 anos. Veja o passo a passo para o seu preenchimento. Cada campo do formulário tem uma finalidade. O preenchimento tem início anotando informações e dados do proprietário para conhecê-lo e saber como se comunicar com ele a partir desta etapa de trabalho. A seguir são anotados informações e dados dos funcionários para conhecer os mesmos, saber suas funções, o tempo de serviço e a rotatividade para diagnosticar problemas com os recursos humanos e seu relacionamento interpessoal, e para calcular as relações cabeças do rebanho/integrantes direto no gado e cabeças do rebanho/integrantes totais. Em sequência são preenchidos os campos com informações e dados da propriedade para conhecer o seu nome, a sua localização (país, região, estado, município, acesso, distancias, coordenadas geográficas e altitude), a ocupação e uso do solopara fins de planejamento (área total, áreas de preservação ambiental, área útil e sua exploração com agricultura, pecuária, etc.). No caso da pastagem é fundamental conhecer a área efetivamente empastada pois o cálculo da taxa de lotação será feito sobre esta área e não sobre a área útil de pastagem. E por fim quais atividades do negócio, se apenas a pecuária, ou se a pecuária e a agricultura. O conhecimento das normais climatológicas (dados históricos de precipitação, temperatura, geadas …)e dos solos é fundamental para a predição do potencial de produção de forragem e consequentemente da capacidade de suporte da pastagem para fins de planejamento estratégico (de longo prazo, ou 12 meses) e tático (de médio prazo), que são as estações das chuvas e da seca, na região tropical (Estados das regiões Centro Oeste, Nordeste, Norte e Sudeste), e as estações de primavera/verão e outono/inverno, na região subtropical do Brasil (Estados da região Sul). Do clima é preciso anotar dados da precipitação, da evapotranspiração real e potencial, do balanço hídrico, das temperaturas média, máxima e mínima, da ocorrência e da frequência de geadas, e daumidade relativa do ar. Dos solos é preciso conhecer suas características gerais, tais como classe, relevo, profundidade, impedimentos físicos, drenagem, textura e fertilidade, e se houver, o seu histórico de manejo da fertilidade, por meio de análises de solos e registros de aplicação de corretivos e adubos para calcular se as doses aplicadas estavam acima ou abaixo das metas de produtividades estabelecidas e do potencial climático que será predito no diagnóstico. Até aqui praticamente todas as informações e dados são coletados no “escritório” da fazenda(este escritório pode ser a sala, ou a varanda, e preferencialmente a cozinha da fazenda, tomando café com alguma quitanda …). Agora é o momento de ir a campo, mas ficará para o texto da próxima semana – aguarde.
Parâmetros para a Definição do Primeiro uso da Pastagem – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Manhã do dia 23 de fevereiro de 2025, escrevendo esse texto e relacionando em minha memória os clientes que atendo e que plantaram e/ou renovaram áreas de pastagens nesse período de chuvas da safra 2024/2025. Muitos desses clientes já colocaram animais para fazerem o primeiro pastejo e/ou colheram a forragem para conservação sob as formas de feno, pré-secado ou silagem. O objetivo deste texto é o de estabelecer os fundamentos para a definição quanto ao primeiro uso da área recém-estabelecida, ou por meio do pastejo, ou por meio da colheita mecânica da forragem. Recomendo que algum integrante da equipe que foi treinado para tal vá à área recém-plantada pelo menos duas vezes por semana após o dia da semeadura ou do plantio das mudas. Ele deve ter anotado a data da semeadura/plantio das mudas e deverá anotar a data do início da emergência das plântulas após a germinação das sementes e/ou brotação das mudas. Saber as datas da semeadura/plantio das mudas e da emergência das plântulas/plantas, é fundamental para definir quando contar o estande de plântulas/plantas, quando controlar plantas daninhas, quando fazer uma adubação de cobertura, e para prever a data do primeiro uso da área. Por exemplo, o estande de plântulas se estabelecerá até 15 dias após o início da emergência das plântulas. Se aparecer sintoma visual de deficiência nutricional nas plantas, a janela ideal de adubação de cobertura para a correção da deficiência deve ser até 30 dias após o início da emergência das plântulas. E se a área for infestada por plantas daninhas, a janela ideal para o seu controle é de até 40 dias após o início da emergência das plântulas. Por outro lado, a data prevista para o primeiro uso da área deve ter como parâmetro as alturas alvo de manejo do pastoreio ou do corte e colheita de cada planta forrageira e não o calendário humano porque o tempo necessário para o alcance das alturas alvos dependerá dos fatores de crescimento de plantas, tais como luz e radiação solar, temperatura, água e nutrientes. Mas pelo menos é possível estabelecer uma meta – o primeiro pastejo deve ser feito entre 40 a 50 dias após o início da emergência das plântulas. No quadro abaixo está um guia de manejo do pastoreio pelas alturas alvos em pastagens já estabelecidas e em pastagens recém-plantadas que serão pastejadas pela primeira vez. Guia de manejo do pastoreio pelas alturas alvos em pastagens já estabelecidas e em pastagens recém plantadas que serão pastejadas pela primeira vez. Altura de entrada (cm) Altura de entrada (cm) Altura de saída (cm) Altura de saída (cm) Forrageira Pastagem já estabelecida Primeiro pastejo Pastagem já estabelecida Primeiro pastejo Andropogon 50 40 25 30 B. brizantha cv Marandu, MG4, Paiaguás, Piatã 25 20 12 15 B. brizantha cv Xaraés, MG5 30 25 15 20 B. humidicola 25 20 12 15 Cynodon Estrelas, Tiftons, Vaquero 25 20 12 15 Panicum cv Massai e Tamani 30 25 15 20 Panicum cv Tanzãnia, Zuri 70 55 35 45 Pennisetum capim Elefante 100 80 50 60 Observa-se no quadro acima que as alturas alvo de entrada dos animais para o primeiro pastejo devem ser 20% menor que aquelas recomendadas para pastagens já estabelecidas cuja estrutura do pasto já esteja definida. Isso porque o estande de plântulas ideal varia entre 15 a 50/m2, dependendo do hábito de crescimento da variedade forrageira, mas o estande de plantas já estabelecidas não precisa ser maior que 5/m2. Portanto, 67 a 90% das plantas emergidas desaparecerão sem comprometer a estrutura e a produção do pasto e nem a sua vida útil. Com 15 a 50 plântulas/m2 logo no início do crescimento das plântulas já se estabelece uma competição pela luz solar, condição que provoca a mudança precoce do estádio vegetativo para o reprodutivo com elongamento das hastes e aumento da altura das plantas, aumentando o risco de perdas de forragem por tombamento de plantas. Por isso o primeiro uso da pastagem por meio do pastejo deverá ser quando a planta alcançar no máximo 80% da sua altura alvo para uma pastagem já estabelecida. Por outro lado, as alturas alvo de saída dos animais do piquete após o primeiro pastejo devem ser 20% maiores que aquelas recomendadas para pastagens já estabelecidas. Isso porque no primeiro crescimento da pastagem, apesar do grande número de plantas por área, o número de perfilhos por planta é menor do que nos crescimentos subsequentes. Como após o primeiro pastejo o número de plantas será 10 a 33% do número de plântulas que emergiram após a germinação das sementes e o número de perfilhos por planta será menor que nos crescimentos seguintes, é preciso deixar a planta mais alta para que fique com maior área foliar remanescente. Para não ficar cansativo vamos interromper por aqui e na próxima semana concluirei esse conteúdo – por favor aguarde.
Diferimento de Pastagens: Estratégia Básica para Garantir Disponibilidade de Forragem para a Estação da Seca – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Na parte 01 do texto sobre esse assunto fiz a introdução com o seguinte conteúdo: “dia 21 de junho chegará a estação de inverno de 2025 no Hemisfério Sul e se você trabalha em regiões onde essa estação coincide com a estação da seca, penso que o conteúdo desse artigo é do seu interesse”… Mas hoje, nesse momento que estou escrevendo a parte 02, dessa sequência de artigos, ainda é 11 de fevereiro de 2025, portanto quase quatro meses para chegar a estação de inverno. Não está muito distante? O período de chuvas ainda não chegou ao seu fim. Então por que se preocupar agora? De fato, eu afirmo que para a maioria das estratégias para a conservação e transferência de forragem para a estação da seca já está é tarde. Entretanto, uma das estratégias para garantir pelo menos disponibilidade de forragem em um planejamento alimentar em sistemas de pastoris continua em tempo – é o diferimento de pastagens. Então dando sequência aos procedimentos para tal objetivo. No mês escolhido para o diferimento e nas pastagens que serão diferidas, deixar um lote de animais fazer um pastejo mais intenso com o objetivo de eliminar a forragem velha e morta que se acumulou na pastagem desde o início do período chuvoso. Forrageiras do gênero Cynodon devem ter sua altura rebaixada para 10 a 15 cm; a B. decumbens para 15 a 20 cm; o capim Braquiarão para 20 a 25 cm. Fazer o pastejo mais intenso com animais adultos que estiverem com boa condição corporal. Em algumas situações é recomendada a aplicação de nitrogênio (50 a 100 kg de N/ha) e enxofre naquelas pastagens, logo após o rebaixamento do pasto e a saída dos animais. Estes nutrientes contribuirão para aumentar a longevidade das folhas, ou seja, fazer as folhas permanecerem verdes por mais tempo na seca, para prolongar o tempo de rebrota, mesmo na seca, aumentar a proporção de folhas e melhorar o valor nutritivo da forragem. O planejamento do diferimento deve ser feito com o objetivo de acumular entre 3,0 e 4,0 t de matéria seca/ha (MS/ha). Não se recomenda acumular mais massa de forragem para que a planta não fique muito alta, com maior proporção de talos e mais pesada, condições estas que contribuem para o aumento das perdas de forragem por acamamento (tombamento de plantas) e para a redução do valor nutricional da forragem (redução na relação folha/caule, empobrecimento da composição química, aumento da deposição de fibra e redução na digestibilidade). Em termos de proporção da área da propriedade que deve ser diferida, vai depender muito da taxa de lotação que se trabalha no período chuvoso e a taxa de lotação programada para o período da seca. É importante, dentro de um planejamento alimentar de uma propriedade, programar os descartes e vendas de animais ao mesmo tempo, em que se faz o diferimento das pastagens, basicamente no período de transição chuva/seca. Normalmente, para sistemas extensivos e semi-intensivos, o diferimento de 20 a 40% da área de pastagens da propriedade é recomendado. A oferta de forragem é um parâmetro calculado com base em kg de MS para cada 100 kg de peso corporal dos animais. O controle da oferta de forragem pelo manejador da pastagem possibilita aos animais maiores ou menor nível de seletividade da forragem disponível. Como o valor nutritivo da forragem diferida não é alto, é recomendado que a oferta de forragem (kg de matéria seca/100 kg de peso corporal) seja alta para permitir que o animal exerça a seletividade das partes mais ricas da planta, que são as folhas, mesmo que secas, durante o ato de pastejo. Em pastagens diferidas com alta oferta de forragem animais nelores e cruzados conseguiram selecionar forragem com mais de 10% de proteína bruta e mais de 60% de nutrientes digestíveis totais (NDT) a partir de forragem disponível em cuja composição tinha 4,5 a 5,0% de proteína bruta e 45% de NDT. O ideal é ofertar pelo menos quatro vezes a quantidade que o animal consome, ou seja, 8 kg de MS/100 kg de peso corporal, se admitirmos que o consumo de forragem de qualidades baixa a média, será de 2 kg de MS/100 kg de peso corporal. Existe uma interação entre disponibilidade de forragem e taxa de lotação sobre o ganho de peso por animal e por área. Em um experimento com taxa de lotação de 1,4 UA/ha durante a seca, houve ganho de peso por animal e por área, enquanto com 1,8 UA/ha houve perda de peso por animal, com consequente perda por área. Uma pequena diferença de 0,4 UA/ha fez a disponibilidade de forragem cair de 3.200 kg de MS/ha para 2.400 kg de MS/ha no início da seca e reduzir o resíduo pós-pastejo de 1.400 para 1.000 kg de MS/ha, no final da seca. A menor disponibilidade de forragem resultou em menor oferta de forragem, com consequente redução na capacidade do animal selecionar uma dieta de maior valor nutritivo. A forragem que se acumula em pastagens diferidas tem seu valor nutritivo reduzido e desse modo, mesmo tendo alta disponibilidade de forragem, é preciso suplementar os animais com os nutrientes deficientes na forragem. No período da seca o nível de proteína bruta está abaixo daqueles 7% mínimos exigidos para a manutenção do peso de bovinos e no período de transição seca-água este nível só é possível para manter o peso corporal. Desse modo, se for desejado ganho de peso é preciso suplementar os animais com suplementos ricos em proteína degradada no rúmen tais como suplementos que usam ureia e farelos proteicos. Mas a suplementação animal em pasto será tema de outros artigos.
Diferimento de Pastagens: Estratégia Básica para Garantir Disponibilidade de Forragem para a Estação da Seca – Parte 01

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Dia 21 de junho chegará a estação de inverno de 2025 no Hemisfério Sul e se você trabalha em regiões onde essa estação coincide com a estação da seca, penso que o conteúdo desse artigo é do seu interesse. Sob as condições climáticas dessa estação, a disponibilidade e a qualidade da forragem cairão gradativamente ao longo da mesma. Mas hoje, nesse momento que estou escrevendo esse texto, ainda é 03 de fevereiro de 2025, portanto quase cinco meses para chegar a estação de inverno. Não está muito distante? O período de chuvas ainda não chegou ao seu fim. Então, por que se preocupar agora com a seca? De fato, eu afirmo que para a maioria das estratégias para a conservação e transferência de forragem para a estação da seca já está é tarde. Entretanto, uma das estratégias para garantir pelo menos disponibilidade de forragem em um planejamento alimentar em sistemas de pastoris ainda está em tempo – é o diferimento de pastagens. O diferimento ou o protelamento da pastagem é um método de pastoreio que consiste no descanso de uma parte da área de pastagens da propriedade, antes do término do período chuvoso, com o objetivo de acumular e transferir forragem que será consumida no período da seca. Este método é conhecido no meio pecuário como “a veda do pasto”, ou a “pastagem vedada” e a forragem acumulada como “feno em pé”. Pode ser usado de forma combinada com outros métodos de pastoreio, tais como lotação continua e lotação rotativa, mas é normalmente usado em sistemas de baixa e média intensificação da produção. O diferimento da pastagem em uma fazenda deve iniciar entre 60 a 120 dias antes de se estabelecer na região o fator climático que determina a diminuição ou a paralisação do crescimento da pastagem. Na maioria das regiões pecuárias do Brasil, aquele fator é o déficit hídrico causado pela diminuição e posterior interrupção das chuvas. Outro parâmetro importante para determinar quando deve ser o início do diferimento das pastagens, é o balanço entre quantidade de forragem que se deseja acumular e o seu valor nutritivo. Quanto mais cedo em relação ao término das chuvas for feito o diferimento, maior será a quantidade de forragem acumulada, mas menor será o seu valor nutritivo, e vice-versa. Pensando nas diferentes categorias animais de um rebanho, o diferimento entre 60 a 90 dias antes do seu pastejo pelos animais, seria mais indicado para animais jovens em crescimento, que exigem forragem com maior concentração de nutrientes e digestibilidade mais alta, enquanto o diferimento entre 90 a 120 dias antes do seu uso seria mais para animais adultos que entrarem na seca com boa condição corporal, que precisam de maior quantidade de forragem, mas conseguem aproveitar melhor forragem de menor valor nutritivo. Além da queda acentuada no valor nutritivo da forragem proveniente de pastagem diferida, as perdas de forragem por tombamento de plantas também são altas já que a altura da planta fica maior e a estrutura desta muda para uma maior relação caule/folha, com maior peso, condição que aumenta ainda mais as perdas de forragem. As melhores espécies forrageiras para o diferimento da pastagem, já pesquisadas, em ordem decrescente, são: a Brachiaria decumbens, os cultivares de Brachiaria brizantha, as gramas do gênero Cynodon. Estas espécies forrageiras apresentam algumas características morfológicas e fisiológicas que favorece o seu uso em método de pastoreio diferido: maior proporção de folhas em relação a talos, talos finos (as Braquiárias e o Cynodon) e florescimento tardio (no caso do Braquiarão) ou não florescem (algumas variedades de Cynodon spp). Na segunda parte dessa sequência de artigos descreverei os procedimentos de manejo da pastagem para o seu diferimento – aguarde.
Estabelecimento da Pastagem nos Sistemas de Integração Lavoura-Pecuária (ILP) – Parte 02

Adilson de Paula Almeida Aguiar – Zootecnista, professor em cursos de pós-graduação na REHAGRO, na Faculdade de Gestão e Inovação (FGI) e nas Faculdades Associadas de Uberaba (FAZU); Consultor Associado da CONSUPEC – Consultoria e Planejamento Pecuário Ltda. Meados de janeiro de 2025, estou escrevendo para aqueles produtores que adotam sistemas de Integração Lavoura–Pecuária (ILP) e para consultores/técnicos que orientam produtores que adotam esse sistema de produção. Na maioria das regiões de agricultura do país, daqui a um mês, fevereiro de 2025, vai iniciar a colheita principalmente na cultura da soja. Na Parte 01 dessa série de artigos citei a sequência de procedimentos para o manejo da pastagem em sistemas de ILP e critérios/parâmetros para a escolha de espécies/cultivares forrageiros para o estabelecimento de pastagens nesse sistema de produção, Nesta Parte 02, descreverei algumas bases para o estabelecimento da pastagem em sistemas de ILP. Para o estabelecimento de uma pastagem que será perenizada são adotadas a semeadura a lanço manual, a lanço com bomba costal de fluxo de ar, a lanço tratorizado com distribuidores de adubos e com semeadoras elétricas; em linha com semeadoras e plantadoras; por avião e por drone. Estes métodos de semeadura são condicionados pelo tamanho da área, pelo relevo e drenagem do solo, pelos métodos que foram adotados para a limpeza do terreno e o método de preparo do solo. Ainda se estabelece pastagem perenizada por meio de mudas (por via vegetativa) com plantio manual em cova e em sulco, a lanço, e com plantadoras em linhas, mas este o estabelecimento de pastagens por meio de mudas não é comum em sistemas de ILP. E como semear pastagens em um sistema de ILP? Se adotam os seguintes métodos de semeaduras: O padrão das sementes deve ser de alta qualidade independente da pastagem ser perene ou ser componente de um sistema de ILP. No entanto, para este sistema, é fundamental semear sementes com alto porcentual de pureza (o ideal é ser acima de 90%) e tratadas com inseticidas e fungicidas para não levar para a área de agricultura as sementes de plantas daninhas, ovos de insetos-pragas e esporos de fungos, pois as culturas agrícolas são bem mais suscetíveis e sensíveis aos estresses bióticos. Por enquanto, é isso, a soja ainda precisa completar seu ciclo, ser colhida, a pastagem estabelecida… No mês de maio escreverei uma sequência de artigos sobre o manejo do pastoreio em pastagens no sistema de ILP. Aguarde!